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Capítulo 6

[ daisy's pov ]

Chegámos a uma parte da floresta e instalámo-nos. Quero dizer, eu instalei-nos. Ele ficou tipo parvo a olhar para mim.

Estendi roupas no chão de modo a que formasse uma espécie de colchão super fino.

Ele deitou-se e eu hesitei em deitar-me ao pé dele. Mas qual seria a minha melhor opção? Deitar-me no chão cheio de terra e folhas? Não me parece.

Deitei-me ao pé dele, mantendo a maior distância possível.

Eu estava virada para ele e ele de costas para mim.

De repente, ele vira-se.

"Não tens frio? Quero dizer... Estamos no inverno." ele disse.

Ele tinha razão, eu estava tapada apenas com um casaco enorme dele que cheirava demasiado bem e ele com outro. Eu estava a tremer de frio.

"Chega-te aqui."

Ugh, não, não não não Daisy! Não te vais encostar a um criminoso porque tens frio!

Cheguei-me para a beira dele.

"Estás muito quente." ele pôs-me a mão na testa. "Céus Daisy, estás a arder em febre!"

Boa.

"Ah... Já... Já passa." suspirei.

Ele puxou-me para mais perto de modo a que ficassemos a fazer conchinha.

"Não. Larga-me." afastei-me.

"Oh, vá lá, Daisy." ele suspirou "É a tua  melhor hipótese. Estás a arder em febre e estamos no inverno a dormir no meio da floresta. Podias ter um pouco de calor humano."

"De ti não." cuspi.

"Boa, então. Se estiveres morta amanhã de manhã também não me importa, é um favor que me fazes." disse com arrogância.

Arrogante de merda.

Mas talvez ele tivesse razão.
Mesmo que eu saísse daqui, mesmo que eu escapasse, para o quê que eu iria voltar? Não tenho família nem amigos. E trabalhar num café é cansativo e desinteressante. Mas estar com ele não era melhor que a minha vida miserável. Isto era pior.
Melhor que isto seria mesmo a morte.

Afastei os meus pensamentos.

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Acordei de manhã e o Harry ainda dormia ao meu lado, longe.
Cheguei-me para ao pé dele e abanei-o de modo a que ele acordasse.
Este homem parecia um anjo a dormir. Um anjo disfarçado de diabo.

Ele acordou repentinamente, o que me assustou.

"Meu deus Harry, assustaste-me." levei as mãos ao peito.

"Desculpa."

Levantei-me e ele seguiu-me. "E agora, para onde vamos? Eu não nos posso guiar porque-" ele interrompeu-me quando levou a sua mão à minha testa.

"Ainda tens febre." ele disse como se estivesse muito preocupado.

Tossi. "Continuando... Não nos posso guiar porque não sei para onde nos levavas."

"Eu sei."

Arrumámos as roupas de volta dentro da mala do Harry e seguimos caminho.

O homem que andava ao meu lado ia silencioso, sangrento, e misterioso.

Pus-me a imaginar como seria se o sangue que está na sua cara, não fosse dele.

"Harry?"

"Sim."