Além do Desejo

CAPÍTULO 3 - PARTE 2

- S-sim. – Minha voz falhou um pouco. – Sim, obrigada, estou bem. – Disse me recompondo. Eu estava vidrada naqueles olhos, e agora eu podia ver nitidamente a cor deles. Eram de um azul único, parecia dois mares olhando para mim. De perto, ele era ainda mais lindo, ainda mais quente. Percebi que ainda estávamos muito próximos, e suas mãos estavam em minha cintura.

- Tem certeza? Se não fosse por mim você estaria no chão. – Disse convencido.

- Foi apenas uma tontura. Mas eu estou bem, pode me soltar agora. – Disse firme, apesar de estar gostando daquelas mãos fortes me segurando.

- Não. – Disse simplesmente. – Não vou te soltar. – Olhei para ele abismada. – Venha, você precisa se sentar e beber um pouco de água.

- Não! Eu agradeço por ter me segurado, mas já disse que estou bem! Agora, se me dá licença, irei procurar minha amiga. – Tirei suas mãos de minha cintura, resignada a achar Lissandra. Porém quando suas mãos me deixaram, percebi que minhas pernas estavam moles, e eu estava em pé, apenas porque ele estava me segurando. Novamente minhas pernas falharam, e eu quase cai, mas ele foi rápido e me pegou novamente.

- É, estou vendo como você está bem. – Ele disse num tom de deboche.

Minha cabeça estava girando, minha visão estava turva. Deixei aquele homem me guiar, afinal, ele estava tentando me ajudar, e eu precisava de ajuda, por mais que não quisesse admitir. Ele não me faria nenhum mal, ali na frente de todos.

Quando dei por mim, estava numa área afastada da pista de dança e de todo aquele barulho, estava sentada em um puff macio, e a minha frente havia uma mesinha redonda. O tal cara me estendeu um copo com água, e eu aceitei, bebendo o conteúdo inteiro.

- Obrigada. – Agradeci.

- Se não está acostumada, não deveria beber tanto. – Disse me olhando com uma expressão de repreensão.

- Eu sei, me animei um pouco..- Disse, encostando minhas costas na parede atrás de mim. – Me empolguei com a sensação de liberdade, que não sentia há tanto tempo.. – Falei, mais para mim, do que para ele.

Nossos olhos se encontraram. Ele me olhava intensamente, como se quisesse me desvendar, e descobrir todos os meus segredos. Senti minha pele se arrepiar com aquela intensidade que emanava dele. Desviei meus olhos. Vai que ele realmente descobrisse meus segredos...

- Está se sentindo melhor? – Perguntou com sua voz rouca e grossa, me fazendo estremecer.

- Eu estou melhor sim, obrigada, mais uma vez..

- Posso te levar para casa.

- Não.. não precisa. Eu não estou sozinha. Vim com minha amiga.. só tenho que acha-la.

Me ajudar, e me dar um copo d'água, tudo bem. Mas me levar para casa? Nem morta que eu entraria no carro desde homem! Eu mal o conhecia! Até onde eu sei ele poderia muito bem ser um assassino em série que ajuda moças inocentes e bêbadas a irem para casa, para no caminho matá-las e comê-las. Bom.. comê-las com certeza. Elas mesmas devem implorar para isso.

- Eu posso levar vocês duas. – Se ofereceu.

- Porque quer tanto me ajudar? – Perguntei, encarando aqueles olhos azuis.

Ele pareceu pensar um pouco na resposta, e logo falou:

- Fácil. Eu quero te levar para minha cama. – Disse, e depois abriu um glorioso sorriso, como se isso fosse uma boa desculpa e eu fosse falar ''Ah claro! Porque não disse logo ?! Vamos então, sua cama ou a minha?!'' Que homem nojento! Grosso!