Capitulo 14: A batalha!

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Agora, eu era oficialmente órfã. Só quem é sabe que sensação ruim é ser órfã. Hoje entendo porque os órfãos de nascença buscam tanto os seus pais ou suas histórias. É muito ruim você não ter um passado vivo.
Agora, era tentar voltar a vida real. Amadurecer não só espiritualmente, mas na minha vida cotidiana, em minha mente enquanto pessoa. Voltamos de vez pra Minha cidade. Logo arranjamos emprego e novos amigos. Procuramos logo uma igreja.
A partir de agora começa a minha batalha espiritual. Porque é muito fácil quando não tem que lidar com as coisas do passado. Você consegue voar como águia na fé.
Mas a partir de agora, além da perda dos meus pais, teria que lidar com o meu passado, o meu presente e futuro. Não havia construído nada, não tinhamos nada. Mais uma vez, apenas a vontade de trabalhar e fé em Deus. E lógico o apoio de Deus em nossas vidas.
Não vou dizer que não é aprendizado. É quando o crente passa pelo estreito que ele mais aprende a dar valor as coisas de Deus. E quando mais você tem conhecimento na palavra de Deus, é quando mais cuidado em vigiar o que fala e faz, você tem que ter. Até então não sabia do que o inimigo era capaz para nos separar do amor de Cristo. Nunca! Digo NUNCA, subestimem o inimigo de nossas almas. NUNCA!!
Não nos adaptamos as igrejas da minha cidade. A igreja em que nos batizamos era longe e muito impessoal por ser muito grande. Normal! Era uma igreja sede, fica difícil de ter um acompanhamento de algum líder. E as igrejas pequenas, bem as que fomos, não conseguíamos nos adequar. Mas sabia que era mais um problema conosco, do que problema com as pessoas da igreja.
É muito ruim você quebrar uma rotina. Quebramos a nossa quando voltamos para cá. E a igreja que deixamos no Rio, era maravilhosa. E tentávamos comparar com as daqui. Difícil!
Nosso alvo deve ser sempre Cristo, e não a igreja. E mesmo sabendo disso, nós acabamos nos distanciando da obra.
Começaram as batalhas espirituais. Estagnamos em todas as áreas de nossa vida. Um período negro de nossas vidas. E a presença do Espírito Santo não era tão constante como antes.
Não conseguia ficar muito tempo em um emprego, meu marido não crescia no emprego em que estava. Até que em janeiro de 2013, resolvi voltar a igreja sede em que fomos batizados. Fazendo uma campanha.
Queria muito engravidar e me manter em um emprego.
Em fevereiro meu marido precisou fazer uma viagem a negócios por 15 dias. Sempre quando nos separamos é muito duro pra nós, pois somos muito unidos.
No dia 20 de fevereiro descobri que estava grávida. Foi muita felicidade! Mas minha gravidez era de risco, além de descobrir um problema hormonal na tireóide, eu sangrava por causa do descolamento de placenta. Então tive que ficar de licença para não perder o neném. Tomei remédios pra prosseguir a gravidez sem nenhum problema. Meu marido estava a felicidade em forma de gente. Sempre nos falávamos por telefone, todos os dias. Ele retornaria a nossa cidade no dia 2 de março, e já não aguentava mais de saudades.
Os dias foram passando e o sangramento era insistente, no dia dois eles tardaram em sair de lá. Só chegariam à noite.
Até hoje não entendi muito bem o que aconteceu. Só sei que o sangramento aumentou e a cor era de um vermelho vivo. Percebi que algo não estava bem. Não sei se com a ansiedade da chegada do meu marido tudo piorou, só sei que percebi que estava perdendo o nosso filho. Sabia que era um menininho.
Quando cheguei no hospital meu marido já havia chegado na cidade e estava lá na porta do hospital me aguardando.
Jamais vou esquecer aquele dia. Fiz a Ultrason e quando vimos a cara de tristeza da médica ultrassonografista, foi constatado, eu havia perdido nosso bebe.
Uma tristeza tomou conta de mim. E de todo o meu ser. Só quem passou por algo parecido sabe que dor é perder um filho. O meu ainda estava na barriga, mas já tinha criado toda uma expectativa, muitos sonhos e muitos planos. Tudo acabou em um instante.
Fazia muito tempo que não me sentia só. Desta vez era uma solidão completa: por mais que tivesse meu marido do lado, não me sentia acompanhada. Procurei por meu amigo, mas a tanto tempo que não o procurava, que Ele se distanciou de mim. Era um vazio e uma tristeza sem tamanho. Só queria chorar. Fora que não pude voltar logo a trabalhar. Tive que fazer duas curetagens, e fiquei mais de 3 dias internada no hospital, mais uma vez sozinha, pois era enfermaria feminina. Chorava dia e noite. Não tinha minha mãe pra me acompanhar, e nem a ajuda do Espírito Santo, pois eu tinha abandonado Ele.
Fiquei três meses de licença. Graças a Deus voltei a trabalhar. Mas ainda não tinha voltado a procurar pelo meu melhor amigo. Ainda estava muito machucada por dentro, na época queria culpar a todos. Mas hoje sei, a culpa foi minha.
Infelizmente este emprego não durou muito também. Em agosto estava desempregada, então fui fazer curso para corretagem de imóveis. Comecei a trabalhar e ao mesmo tempo comecei a procurar de novo pelo meu amigo Espírito Santo, comecei a fazer jejum de Daniel**** por 15 dias, pois tinha que quebrar alguma "coisa" que me impedia de voltar pros caminhos do Senhor. Toda a vez que chegava a hora de ir a igreja, algo me impedia.
No fim desses 15 dias, consegui concluir com sucesso o Jejum de Daniel. Mas temos que nos manter 24 horas do dia vigilantes. Já havia algum tempo que tinha quebrado um dente, e no fim desses 15 dias ele começou a doer de uma tal forma que só Jesus. Uma dor horrenda. Não conseguia fazer passar, então como era domingo à noite, tive que esperar a segunda de manhã para tirar.
Mas tudo é pra honra e gloria de Deus, consegui voltar a ir a igreja. Começamos a ceiar, dar dízimo e a ir às células. Tudo estava voltando ao normal.
Em novembro descobri que estava grávida de novo. Mas infelizmente não durou muito, no dia 5 de Dezembro perdi outro bebê, desta vez era uma menina. E desta vez tive a companhia do meu melhor amigo a enfrentar essa perda lastimável. Mais uma vez fiquei 40 dias sem trabalhar. Mas, desta vez foi com um olhar de esperança que passei por tudo isso. Chorei mas com fé de que Deus logo logo iria me abençoar.
Fui a um médico. Desta vez não seria necessário uma intervenção cirúrgica (Graças ao meu bom Deus), somente os medicamentos seriam necessários para que saísse tudo.
Esse mesmo médico me falou:"Filha, dê um tempo de tentar outro neném, você está vendo que seu corpo não está aceitando os seus bebês, então tome cuidado de não engravidar tão cedo." Escutei o médico, mas mais uma vez não era o que Deus tinha traçado em seus planos para nós.

Um Amigo FielOnde histórias criam vida. Descubra agora