Começo, meio e fim

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Tenho dirigido durante dias e noites, tenho tentado pensar em coisas boas, tenho tentado me manter sã, longe da escuridão. Mas ele estava lá, ele estava em tudo que eu via, tocava, olhava. Ele tinha ficado em mim como uma cicatriz que eu teria que levar pra sempre, eu teria que conviver com a dor de um amor mal resolvido.
Eu só queria fugir, achar um refúgio onde eu nem que seja por um minuto pudesse esquecer do mal que ele tinha me causado.
Ele era tão lindo, eu não sabia se eram os olhos negros, os lábios rosados ou o corpo extremamente definido que se movimentou durante muito tempo em cima de mim. Não vou negar, no início eu queria, eu precisava dele, eu gostava dos mais doces aos mais brutus movimentos daquele homem. Durante algum tempo, ele foi como uma das piores drogas que eu já experimentei, como as piores bebidas que eu já bebi.

****

- Anda Maggie, não tenho o tempo todo pra te esperar, aliás já cansei de te esperar, tu é um puto atraso de vida se quer saber.

-Sinto muito por não corresponder as expectativas.

-Não seja falsa criatura, onde está aquela Maggie doce e amável que eu conheci?

-Foi embora junto com o Scott doce e amável que eu também conheci, ou melhor achei que conhecia.

-Não seja estúpida criança, apenas você não quis ver a verdade, estava de baixo desse lindo narizinho o tempo todo. Não tenho culpa de ter uma namorada tão burra como você.

- Eu sei Scott, eu sei. A culpa é toda minha. -Depois de responder com um sussurro, mais uma lágrima escorreu pelo rosto pálido de Maggie. Seria mais uma noite de tortura, com sorrisos forçados, acenos desnecessários, conversas falsas. E se ela tivesse só um pouquinho de sorte, mas só um pouquinho, ela dormiria tranquila naquela noite, sem ter que fingir estar com tesão e sentir prazer por um homem que pra ela agora, era bonito só por fora.

**

A noite estava passando razoavelmente bem, Scott não derá muita atenção a sua namorada, que por sinal em muitos meses nunca se sentirá mais feliz do que naquele momento, estava na varanda, com os cabelos soltos, um vestido Preto de veludo que valorizava cada parte daquele pequeno e frágil corpo. De uma vez à pequena Maggie virou mais uma taça de champanhe, o vento batia em seus cabelos e aquela sensação era a mais libertadora que ela poderia ter no momento. Durante dois meses ela foi enganada, observada, manipulada, e agora ali estava ela, sofrendo nas mãos de um cafajeste.
Entre um devaneio e outro Maggie sentiu duas mãos grandes e fortes em sua cintura, mãos que ela sabia muito bem a quem pertenciam, nem se deu o trabalho de olhar ou falar algo, continuo intacta olhando para o horizonte e sentindo uma respiração quente em seu pescoço, que não lhe causavão mais aqueles arrepios bobos ou aquela breve sensação de prazer. Aquilo, agora lhe causava nojo, e não só dos toques que recebia dele, ela também tinha nosso de si própria, por deixar ser tocada por alguém como ele.

-Sozinha aqui porque Maggie? - Ele usava aquele tom de arrogância que ela não suportava.

-Como se você se importasse Scott. -A menina despejou sem dar muita importância.

-Não faça a menina revoltada agora meu anjo, a festa está quase no fim, acho melhor entrarmos e nos despedirmos dos convidados, e eu acho que você já sabe oque fazer depois, não sabe?! -Maggie nao sabia se eram aqueles malditos olhos negros a olhando com desejo, aquelas mãos caminhando entra a cintura e a bunda ou volume que já se mostrava presente na calça de Scott roçando em sua virilha que a deixava mais encomodada. Seria mais uma noite de desespero, horror e nojo. As drogas que consumirá durante sua vida não se compraram com aquilo, ela não sabia se agradecia por sobreviver a cada noite que era forçada a dormir com ele ou se pedia pra morrer de uma vez e não sentir mais a maldita sensação de ser uma mostro igual a ele.
Sem contestar Maggie fez oque ele tinha mandado, se despediu dos convidados com abraços e sorrisos forçados, esperou seu namorado, se é que ela poderia o chamar assim, e subiu para o quarto onde teria mais uma das piores noites de sua vida. Delicadamente tirou os saltos pretos que usava, logo em seguida o vestido que ela tanto gostou de usar, revelando uma lingerie de rendas vermelhas, uma das favoritas de Scott. Maggie sabia que iria apanhar por motivos desconhecidos, que naquela noite, ganharia mais algumas marcas no seu pequeno corpo. Que teria o pouco de alto-estima que lhe tinha sobrado arrancado no momento em que ele entrasse no quarto e a tocasse da pior maneira possivel.
Com esses pensamentos Maggie só ouviu o barulho da porta se fechando, ela só teve tempo de fechar os olhos e se virar, esperando para ser castigada sem motivo. Para sofrer sem motivo, se perguntando o real motivo dela ainda estar sujeita àquele tipo de vida que Não a pertencia. Seria mais uma noite cruel, em que ela rezava para acorder bem na medida do possível no outro dia. Sem esperar muito Scott tirou a sinta, logo em seguida às calças e com gestos que infelizmente Maggie já conhecia tão bem, deu um pequeno passo em direção a Scott e tirou sua camisa distribuindo pequenoa beijos molhados pelo peitoral do rapaz. Sem perceber Maggie já estava na cama lendo tapas e mordidas, alguns roxos já estão começando a ficar visíveis, as lágrimas escorriam involuntariamente, essa seria mais uma noite de horror.

***
- Maggie acorda, vamos Maggie, está tudo bem, eu estou aqui com você. - Steven me abraçava forte como eu nunca havia sido abraçada na minha vida.

- Só foi outro pesadelo meu amor, já passou. -Tentei convence-lo.

-Maggie, acabou, agora você é livre, nós somos, lembra? Ele morreu Maggie.

-Eu sei, eu sei. -atordoada por mais um pesadelo, Maggei coloca a primeira coisa que vê pela frente e vai para a varanda o único lugar que acalma o coraçãozinho machucado que ela tem. Debruçada sobre a grade olhando o parque abaixo, ela sente as mãos Grandes e genties de Steven, sente aquela respiração que agora a agrada e a faz ter arrepios bobos e aquela breve sensação de prazer que ela tanto sentiu falta durante o tempo que estivera com Scott.

- A culpa não é nossa Maggie, foi um acidente de avião, quem poderia prever uma coisa dessas?! - Ele disse calmo.

- Eu sei Steven. -Soltou um longo suspiro - Mas É inevitável não pensar nele, não ter pesadelos com ele, Scott me fez muito mal. É dificil de esquecer.

- Eu sei meu amor, eu sei, e eu estou aqui com você, não estou?! -Maggei prevemente fez que sim com a cabeça e ele continuou. - Então, vamos tentar pensar menos no passado e nas coisas que nos faziam mal.

-Por você eu posso tentar, mas... tenha paciência comigo, é tudo muito recente. E ele sempre vai ser a minha sombra do passado, sempre vai ser aquela cicatriz que não curou direito, é como se a qualquer momento ele fosse entrar pela porta e me tirar de você, e voltar fazer todas as maldades que ele fazia tanto pra mim como pra você.

- Ele não vai meu pequeno anjo, ele não vai nunca mais.
Por fim, Steven a beijou, com amor, carinho, vontade, desejo, e tudo que um poderia sentir pelo outro no momento, fazia apenas alguns meses que Scott tinha sofrido um terrível acidente em um avião, ninguém achou alguma prova que desse certeza que ele estava vivo ou morto. Mas para Steven ele estava morto e em terrado e era nisso que ele tentava fazer Maggie acreditar. Que agora, Scott era apenas mais uma sombra do passado.

Nas sombras do passadoOnde histórias criam vida. Descubra agora