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Estava sentado em meu sofá em meu apartamento em São Paulo, havia um tempo que havia saído de Carazinho. Minha mãe sempre me ligava reclamando de saudades mas ela sabia que aqui a oportunidade estava melhor e poderia me sair bem na faculdade, afinal, já estava quase a terminando. Havia se passado 5 anos desde que parei de postar meus vídeos no youtube. Confesso, foi bem pior para mim do que para quem estava me acompanhando desde o início.

Quando postei no twitter o comunicado, milhares de langers correram atrás de descobrir qual o motivo para aquilo acontecer. Acho que nem eu sei ao certo porque parei de fazer o que mais amava, mas senti que era a hora de fazer uma faculdade e procurar um emprego, afinal, meus vídeos não seriam eternos, uma hora aquilo iria acabar. Mas sabe o que me deixou mais feliz? O fato das meninas que acompanhavam meu trabalho não terem desistido das amizades feitas através do twitter e também não terem desistido de mim.

Meu celular começou a tocar e pude ver que era minha mãe dizendo que estava chegando no aeroporto. Ela tinha vindo para cá para me entregar uma caixa que eu havia esquecido e estava aproveitando para ver onde eu estava morando. Fui até meu quarto e troquei de roupa, não queria ir para o aeroporto parecendo um desleixado. Peguei a chave do apartamento e do carro enquanto conferia se eu não havia esquecido nada. Quando tudo estava pronto, fui em direção ao aeroporto buscar minha mãe.

Chegando lá, tive que esperar pelo menos uns 45 minutos porque o voo dela havia atrasado. Resolvi então sentar num café que havia por ali e pedi uma coxinha com café forte, meu vício por café nunca acabaria. Estava quase pegando no sono quando sinto alguém me cutucar. Era uma mulher que aparentava ter seus 21 anos, por ai. Estranhei, porque nunca havia visto aquela moça na minha vida.

- Com licença?

- Sim? - disse ainda meio duvidoso

- Você que é o Rafael Lange?

- Porque a pergunta? - disse meio rude - Quer dizer, me desculpe. Sim, sou eu.

- Ai meu deus! - a mulher parecia ter um surto. - Cellbit!! Eu pensava nunca te conhecer na minha vida

- Olha só, vejo que encontrei uma langer - sorri largamente. Me sentia feliz ao ver que as pessoas ainda me reconheciam após tanto tempo.

- Sim e nossa, você não tem noção do quanto chorei quando você parou de postar seus vídeos. Era como se uma parte de mim tivesse ido. Seria pedir muito um abraço e uma foto? - ela disse com uma cara esperançosa. Apenas sorri e a puxei para um abraço. Pude sentir a menina respirar fundo durante o abraço e achei graça ao perceber que mesmo de salto, ela ainda era menor que eu. Tiramos algumas fotos e ela se afastou de mim. Ao mesmo tempo, pude ver minha mãe me encarando.

- Oi meu filho, que saudades que estava de você - ela dizia enquanto me abraçava - Garoto, como você cresceu! Tem comido direito né? Você está meio magro - disse enquanto me afastava um pouco e avalia meu porte físico.

-Mãe, eu estou bem sim - disse dando risada. Peguei a caixa e ela pegou sua pequena mala, já que ficaria pouco tempo lá em casa. Fomos em direção ao carro e ela me obrigou a contar como estava a faculdade e coisas do tipo, se eu estava saindo com alguém ou se eu ainda estava encalhado. A única coisa ruim da distância é a saudade que fico da minha mãe, saudades de quando eu terminava de gravar e ela me olhava engraçado por conta de meus berros e coisas do tipo.

Chegamos no apartamento e pedi para que ela abrisse a porta, já que eu carregava a caixa que estava pesada. Ela entrou e ficou admirando o apartamento, mesmo eu achando exagero, já que era simples demais. Nos dias que ela ficou lá, saímos e pude mostrar para ela vários lugares que ela sempre sonhou em conhecer. Também fomos a praia e aos shoppings para ela fazer algumas compras. No último dia, depois que a deixei no aeroporto e a vi embarcar, voltei morto para casa.

Little Do You KnowOnde histórias criam vida. Descubra agora