Corro feito um louco até o fim da rua, onde minha "namorada" que não é minha namorada, me espera. A noite estava um pouco fria. Olho pra cima tentando enxergar a lua mas não a vejo. Então me apreço um pouco mais, porque uma tremenda tempestade vem por aí. O fim da rua está próximo. Todas as casas estão com as luzes apagadas, e a rua parecia que estava sobre um silêncio insuportável. Comecei a tremer. Não por estar com um pouco de medo, e sim por estar congelando de frio. Alguns chuviscos começam a cair repentinamente sobre Nova Jersey, e em questão de segundos, me torno refém da tempestade.
E lá estava ela no fim da rua. A pessoa que eu não imaginava que poderia fazer isso. Com seu guarda-chuva amarelo e seu casaco quentinho, toda protegida da tempestade. E eu aqui... Parecendo um pinto molhado. Ela sorri pra mim. Sorri como se o que ela acabou de fazer não fosse grave o suficiente pra me deixar furioso.
- você é louca por acaso? - começo, tentando gritar mas sem ter resultado - quer me explicar essa história de você ser minha namorada?
- calma Isaac.
- como posso ter calma se você me meteu ne uma furada sem saída? Como?
- também não é pra tanto. Apenas estou te ajudando com o que você está passando. Você não consegue se assumir para sua família, então esse plano pode dar certo.
- não vai dar certo July. Não vai. Você sabe que não vou conseguir ter uma nomorada, muito menos ter você como uma. Minha mãe é esperta, vai descobrir rapidinho.
- não vai não - afirma ela, enquanto a rua é iluminada em segundos por um relâmpago assustador - sabemos que tem alguém que está tentando te dedurar pra sua mãe, e sua mãe não sabe que você é gay mesmo tendo um amigo que é gay. E metade do High School Newt nem imagina que você seja um. Seja meu namorado de mentira até descobrimos quem é essa pessoa que quer te ver frito.
- você é louca mesmo. Disso não tenho dúvidas. Está na cara que essa "pessoa que quer me ver frito" é o Cody Lee. Ele ligou pra minha mãe hoje depois da confusão na cafeteria, inventando uma grande mentira sobre Nick.
- não ligou não. Cody Lee estava no treino de futebol americano na hora da confusão e na hora em que sua mãe recebeu a ligação. Por acaso ela não te disse com todas a letras que tinha sido Cody Lee que ligou. Disse?
- bom, não. Mas se não foi ele... Quem foi?
- é o que vamos descobrir fofinho.Ao lado de July Cross, debaixo daquele guarda-chuva que quase saiu voando das mãos dela por conta do vento super forte, fomos até minha casa. Que não era nada pertinho. Na verdade era. Eu que estava morto de preguiça. Ainda não entendi o porquê de me esperar no fim da rua. Talvez o motivo fosse a vizinha mais fofoqueira da rua, a senhora Mary Stony. Uma velha muito, muito, muito chata. Chata pra caralho. E quando chegamos em frente a minha casa, ela estava nos observando pela janela. Com aqueles óculos fundo de garrafa, e seus brincos extremamente gigantescos.
Entramos. Mamãe estava assistindo TV, e nos notou chegar. Olhou para mim e depois para July. Sorriu enquanto ficava de pé vindo em nossa direção.
- boa noite July.
- boa noite.
- a tempestade acabou pegando vocês, não? Quer um pouco de chocolate quente? Fiz agora pouco.
- não, muito obrigada, já estou de saída.
- ahh! Deixa pra uma próxima então.
- OK! Mas antes de ir, posso perguntar uma coisa? - July olha pra mim com um olhar que dizia "agora você terá certeza de que não foi o Cody Lee que fez a ligação".
- claro que pode. O que é?
- quem ligou hoje a tarde contando sobre o que houve na cafeteria, foi o Cody Lee?
- não. Não reconheci a voz, mas não foi o Cody. Mas por que você quis saber?
- nada não. Curiosidade. Tenha uma ótima noite senhora.
- você também minha filha.Não foi o Cody quem fez a ligação. Não foi o Cody quem inventou tudo. Apostava toda a minha mesada de que tinha sido ele. Mas não foi. Quem da High School Newt quer me espor? Quem? Fico deitado na cama sem saber o que fazer. Apenas fico alí, ouvindo o som da tempestade.
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Isaac
RomanceVivemos em mundo, onde o preconceito vem à tona, onde a dor precisa ser suportada, para que nos momentos de fraqueza, possamos nos permitir agir de uma forma extremamente agressiva, acorrentado a sensibilidade.