O tribunal caiu em um silêncio apreensivo, aguardando a decisão do juiz. Com uma batida de martelo, o caso foi encerrado. Youngjae apertou a mão de seu advogado com entusiasmo e praticamente saiu dançando de felicidade. Daehyun, sentado em um banco próximo a saída, acenou e comemorou também. Todos que haviam provado o quanto sofreram com os abusos de Hyunjae, seriam indenizados e protegidos pela lei (ela teria que se manter 30 metros longe de qualquer um deles). A mulher, que mesmo sendo condenada a cinco anos de serviços comunitários e teria a ficha criminal marcada até o fim da vida, mantinha o nariz empinado e não dirigia o olhar a ninguém.
Um toque suave no ombro do economista o fez retesar o corpo e conter a animação, virando-se lentamente para encarar um senhor de meia idade sorridente.
— Yoo Youngjae! O melhor economista que a Report teve o prazer de acolher. — O estranho fez uma reverência exagerada, encarando o moreno em expectativa ao ajeitar o terno. — Teria alguns minutos livre para conversarmos?
— Eu... — Olhou ao redor acuado, desanimando aos poucos. O senhor segurou um de seus ombros com força, tentando chamar-lhe a atenção novamente. — Claro, claro.
Sentaram no banco escuro, lado a lado. Youngjae ajeitou a gravata incomodado, sorrindo sem jeito; não sabia quem era aquele homem, mas tudo indicava que era muito importante. Uma pessoa de peso na sociedade. O fato de saber seu nome e em qual setor trabalhava na antiga empresa enchia-o de curiosidade, ao mesmo tempo em que deixava-o ainda mais apreensivo porque não fazia ideia de quem o estranho era.
— Fico constrangido sabendo das... — Pareceu ponderar por alguns segundos se deveria continuar a frase ou não. — Atrocidades que a Senhora Hyunjae cometeu ainda no comando da empresa. Devo desculpas em nome de toda a corporação.
— Eu não sofri danos tão agravantes. No fim, pedir a minha demissão foi a melhor opção para acabar com a amargura de todos.
— Nossa conversa está fluindo melhor do que imaginei! Sobre a sua demissão, tenho uma proposta.
— Recebi muitas propostas nesses últimos meses. — Admitiu, lembrando, principalmente, das propostas de Daehyun. — E nenhuma terminou de um jeito agradável.
— Tenho certeza de que esta não lhe fará mal nenhum. Você, sem saber, impediu que a Report perecesse sob o poder daquela mulher. Salvou a empresa. As fraudes foram descobertas a tempo, um pouco depois da sua saída.
— Ela... Ela desviava dinheiro? Como? Não constava nada nas planilhas, tudo batia com os recibos.
— Hyunjae é experiente no que faz. Por que acha que "seduzia" os funcionários de setores importantes? Sendo, você, o CEO do setor da economia e controlador das finanças, tê-lo nas mãos dela o impediria de delatá-la para a polícia.
— Isso me pegou de surpresa. — Soltou o ar pelos lábios secos e viu, pelo canto dos olhos, Daehyun se aproximar e esperá-lo em pé, encostado na parede. — Mas fico feliz sabendo que ajudei em algo.
— Você salvou a empresa! — Repetiu mais enfático, apertando os olhos escuros e redondos ao sorrir. — Por isso vim pessoalmente fazer-lhe esta proposta. Quero você, Yoo Youngjae, como o CEO do setor de economia de novo.
O rapaz ficou estático e sem fala, apenas remexia a boca sem produzir sons compreensíveis. Piscou, fungou e suspirou. Era tudo o que mais queria: ter o emprego de volta.
— Eu fico lisonjeado! Com certeza aceito de bom grado essa proposta. — Apertaram as mãos selando o contrato. Daehyun piscou para o moreno discretamente, contente. Sem conter o bichinho da curiosidade que o atiçava, deixou a dúvida transparecer: — Me desculpe. Isso pode parecer indelicado, mas quem é o senhor exatamente?
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Cobertor
FanficYoo Youngjae, um rapaz religioso e centrado, procura por uma moça com os mesmos princípios que os seus. Deixa a Ilha de Ulleung, onde vivia com seus pais, para tentar realizar seu sonho em Seul. Nunca tivera muito contato com o mundo exterior e será...