Capítulo 5 - Zachary

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Não me condenem. Vocês durante o ócio fazem o que? Eu simplesmente cansei de ficar no apartamento. Cheguei a verificar no celular os números que eu mantinha para horas como essas, mas por mais gostosas que fossem as donas dos telefones, eu não queria trazer ninguém no meu apartamento em plena luz do dia. Se vocês acham que não tem diferença, não reclamem quando uma delas aparecer sem avisar. Quando se leva a garota à noite para casa, ela entende imediatamente qual a proposta de encontro. Chamar uma mulher para a sua casa durante o dia é abrir um leque gigantesco para que elas enlouqueçam. Não se espantem se ela chegar com uma comédia romântica para assistirem juntos. Logo, não cometam tal erro.

O importante disso tudo é que deixei de lado o meu celular e me senti sufocado em meu próprio apartamento. A incerteza estava acabando comigo, precisava voltar o quanto antes para o hospital. Chris havia amenizado a situação e tentado me convencer que era uma espécie de medida preventiva, um sacrifício para acalmar os ânimos da mãe do garoto. Contudo, não foi o suficiente para acabar com a minha inquietude.

Sou um cara noturno, quando não estou no plantão, e nem na academia, estou em algum lugar badalado. Será que não posso pensar em lugar badalado, sem que me recorde dela? Meu corpo se lembra a todo o momento, isso é extremamente irritante, pois não sei nem ao menos o seu nome.

Entretanto o assunto não é a garota da calça de couro, pelo menos, não agora. Queria dizer que após ter me reunido com o diretor ontem, fui mandado para a casa e após uma noite e agora uma manhã inteira, esse lugar nunca me pareceu tão sem sentido.

Estou longe de morar mal. O apartamento é bem confortável e embora eu o divida com o Chris, quase não nos esbarramos. Aliás, um dos pontos principais para alugarmos o apartamento foi o fato de os quartos ficarem bem distantes um do outro. É claro que estávamos pensando nas possíveis companhias. Parecia-nos constrangedor, ainda que um pouco excitante, ouvir o que se passava nos quartos, quando não estivéssemos sozinhos. O ponto agora é que o apartamento estava vazio, não sentia a menor vontade de convidar nenhuma mulher para me fazer companhia, ao mesmo tempo em que não suportava mais ficar ali dentro, esperando um telefonema que não acontecia da direção do hospital. Só me restava sair.

Talvez tenha sido a proximidade, ou o acaso, que fizeram com que eu acabasse no Central Park. Não vou mentir, dizendo que sou adepto da meditação. Pude pensar um pouco no fato que me afastara do hospital, enquanto eu caminhava para lá. Fui chamado de o pior ser humano que se possa conhecer por uma médica superior. Não que isso tenha me abalado, ou eu esteja arrependido, só conseguia enxergar a injustiça desse rótulo.

Se eu disser que a reflexão parou no exato momento em que pisei no parque, não estarei mentindo. Não me julguem, quando descobrirem o motivo. Sim: mulheres! Eu garanto que não foi planejado, porém, o parque estava repleto de mulheres, o que me espantou, já que não era um fim de semana. Talvez eu deva frequentar mais aqui durante a semana. Estava procurando um lugar para me sentar na grama, antes de ser abordado.

Você pode nos ajudar? – uma voz suave fez com que eu me virasse para ter a certeza de que era realmente o alvo do pedido. Deparei-me com uma loira maravilhosa, digna de figurar em uma edição da Playboy. Sem conseguir me conter, eu a avaliei dos pés à cabeça, antes de responder.

Se for possível, será um prazer – exibi o meu melhor sorriso, olhando dentro dos olhos azuis-claros dela. Estava repensando a questão de levar alguém para casa durante o dia.

Estamos precisando de alguém para completar o time – ela apontou para o outro lado de onde estava e vi um grupo de garotas e três rapazes. Mesmo de longe, pude perceber que a ala masculina não estava muito feliz com aquela conversa – Sou a Ginger – estendeu-me a mão.

ELA (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora