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Ficaram todos a olhar para mim enquanto tomava o meu pequeno almoço. Não sei porque. Será que queriam uma fotografia? Bastava pedir. Acabei o meu pequeno almoço, levantei-me e fui deitar o lixo fora. Apetecia-me mesmo tocar guitarra. Só não queria ter de me cruzar com Kayla de novo. Mas tinha de ser. Entrei na tenda e reparei que o pequeno almoço dela, tal como ela ainda estavam no mesmo sítio. Peguei na minha guitarra e sai. Fui até perto rio. Sentei me e tirei a guitarra do saco. Pus me a tocar a " What Do I Have To Do ", já não a tocava á muito. Pensei que fosse adequada para o momento, afinal, " o que é que tenho de fazer ". Senti uma mão tocar no meu ombro.

Rocky: que foi?
Ana: só viemos falar contigo.
Isa: que se passa Rocky?
Rocky: os outros?
Isa: estão no acampamento a conversar.
Ana: não mudes de assunto.
Rocky: não sei porque é que estás a dizer isso.
Ana: porque estás a mudar de assunto.
Rocky: não estou.
Isa: então diz nos o que é que se passa com a Kayla!
Rocky: está-se a sentir mal, e quer estar sozinha.
Ana: e tu deixaste-a ficar sozinha, mesmo estando se a sentir mal.
Rocky: foi assim que ela quis.
Ana: não acredito muito nessa história.
Isa: mesmo. Se isso fosse verdade, tenho a certeza que tu ficarias lá com ela.
Rocky: ela não quer.
Isa: pudemos ir lá perguntar-lhe.
Rocky: só a vão estar a chatear mas façam o que quiserem.

Narra Kayla
Limpei as lágrimas que me corriam pela face. E eliminei qualquer vestígio de que eu tinha estado a chorar. Abri a minha mochila e tirei de lá o telemóvel. Carreguei nas fotografias e pus-me a ver as fotos que já houvera tirado com Rocky. Não sei porque mas ao vê-las transmitiam-me paz. Faziam me crer que tudo isto ia ficar resolvido. Que era apenas um desentendimento precoce. Fui interrompida com o som do fecho da tenda a ouvir. Apareceram lá Isa e Ana que entraram de imediato.

Isa: o Rocky disse que te estavas a sentir mal. É verdade?
Kayla: sim.
Ana: é verdade que querias ficar sozinha?
Kayla: sim. Mas porque essas perguntas?
Isa: de manhã estava tudo bem e agora quando fomos tomar o pequeno almoço já não estava.
Kayla: pois. Estou um pouco enjoada. O Rocky trouxe-me o pequeno almoço mas eu não tive fome, por isso não o comi.
Ana: porque é que não estás lá fora com ele?
Isa: ia te fazer melhor.
Kayla: acho que não.
Ana: sim sim.

Isa e Ana obrigaram-me a sair dali. Agarraram-me, cada uma por um braço, e puxaram-me pela tenda fora. Tentei resistir mas eram duas contra uma. Estavam a levar-me em direção ao rio. Estava lá Rocky. Conseguia vê-lo sentado com a guitarra no seu colo.
Obrigaram-me a sentar-me e a ficar ali ao lado dele e depois foram se embora.

Kayla: eu sei que não em queres aqui. Mas fui obrigada a vir. - não obtive nenhuma resposta - Não te quero forçar a ter a minha companhia neste momento. - levanto-me - Vou voltar para a tenda.
Rocky: espera Kayla.
Kayla: diz.
Rocky: sabes porque é que estamos assim, não sabes?
Kayla: sei. E tenho pena. - dou meia volta e retomo o meu caminho

A culpa foi minha. Era o que ele queria dizer com aquela pergunta. Sai de perto dele. Naquele momento deveria de ser a última pessoa no mundo que ele quereria ter a fazer-lhe companhia.
Por vezes não dou importância suficiente ás pequenas coisas que eles faz por nós. Eram esses pequenos detalhes, aquelas pequenas atitudes, e os pequenos gestos que o tornavam diferente de todos. Tudo o que ele tem, todos podiam ter. Mas o que ele é, ninguém o poderia ser. Sentei-me de novo no canto da tenda e retomei as fotografias.

Narra Isa
Reparei que Kayla houvera voltado para a tenda. Não quis insistir mais com ela. Se não se estava a sentir bem, era melhor estar ali.
Vi Rocky a aproximar-se de nós com a guitarra já guardada na mão direita.
Sentou-se ali e ficou a ouvir a conversa.

Rydel: e se começássemos a arrumar as coisas para irmos?
Riker: parece-me bem. Temos muito que fazer.
Ross: também acho. Vamos a isso.

Levantei-me do chão com a ajuda de Riker que me dera a mão para me levantar. Enquanto que eu guardava as nossas coisas nas mochilas, Riker ia desmontando a tenda, visto que, eu não sou muito virada para isso. Arrumamos as nossas coisas num instante. Também não tínhamos desarrumado muito. Fomos os primeiros a acabar de arrumar tudo. No final, quando estávamos todos prontos, dirigimo-nos para os nossos carros, guardamos tudo nas malas e seguimos viagem em direção a casa.

Narra Kayla
Eu e Rocky íamos no mesmo carro. A única coisa que se ouvia era a música que de vez em quando passava na radio. Entre nós não havia qualquer tipo de interação. Ele ia a conduzir e eu ia no telemóvel ainda a ver as nossas fotos.
Eu sou sempre assim. Gosto de ver as fotos devagar porque me lembro do dia em que as tiramos. Quando ainda conversávamos. No princípio Rocky era um pouco tímido, mas com o passar do tempo, e com tantos sms que trocamos ele lá se foi abrindo para mim.
Lembro-me sempre de como nos conhecemos, mas não foi o dia mais importante para mim. O mais importante foi quando ele passou a existir dentro de mim. Esse não me vou esquecer. Quando reparei já tínhamos chegado a casa. Rocky já se encontrava a descarregar as coisas e eu ainda nem sequer tinha saído do carro. Por isso Fiz-lo. Sai e fui ajudar com o que faltava. Entramos dentro de casa e subimos todos para os quartos para arrumarmos as coisas. Rocky continuava sem me dirigir a palavra. Já não aguentava mais. Preciso de o ouvir.

Kayla: Rocky. Nós temos de falar. Não pudemos continuar assim. - não obtive resposta mas mesmo assim continuei - Eu sei que não me deves nem sequer querer ver á frente, nem ouvir o que tenho para te dizer. Mas eu quero que saibas que continuo a teu lado. Não sabes o quanto dói não poder ouvir a voz de alguém que tanto gostamos. - fiz uma pausa - Eu hoje vou te deixar sozinho e vou dormir a casa.

Peguei numa mochila, e meti algumas roupas dentro da mesma. Procurei pelas chaves de minha casa, e meti-as no bolso das calças. Olhei uma última vez para Rocky antes de sair pela porta. Ele não me disse nada, então eu fui.

Afinal, não foi uma simples viagemOnde histórias criam vida. Descubra agora