Enquanto eu encarava o escrivão que estava sentado de frente para minha cela, eu me perguntava algumas coisas, como o que eu havia feito para merecer tudo isso que acontecia comigo, se havia alguém lá no céu que realmente me odiava e por que eu tendo sido criada por pessoas tão sensatas e serenas como meus pais adotivos, insistia em ser tão impulsiva. Se isso fosse genético, meus pais biológicos deveriam ser pessoas terríveis.
O guarda que eu havia socado, me algemou e me pôs na viatura mesmo depois de eu ter começado a pedir desculpas desesperadamente. Ele me trouxe para uma delegacia da cidade ao lado, que parecia inacreditavelmente menor do que Baia. Mesmo com raiva – e com razão – de mim, ele foi boa pessoa o suficiente para ler meus direitos e tirar minhas algemas ao me por na cela, além de lembrar que eu tinha direito a uma ligação. Eu me neguei e entrei sem saber de verdade para quem eu ligaria. Sidney provavelmente já teria voltado à cidade, Rose estaria resolvendo seus problemas com Viktoria, meus pais... bem, eles achavam que eu estava na casa de Yeva, tendo uma noite de pijama como uma garota normal e por ultimo havia a ultima pessoa para quem eu queria ligar: Abe.
Já haviam se passado duas horas desde que eu havia chegado aqui e o escrivão tinha sido substituído por um guarda noturno – não aquele que eu soquei. Eu me sentia exausta e a dor de cabeça "pós-escuridão" estava começando, mesmo assim eu me mantive analisando todas as minhas opções de para quem eu deveria ligar, até entender que realmente não haveria ninguém.
Por volta das três horas eu acordei o guarda, dizendo que eu precisava fazer minha ligação agora e o vi resmungar algo como "delinquente" antes de se levantar e ir buscar meus pertences em um saco plástico. Ele me deu o celular e eu digitei os números que já estavam na discagem rápida, me odiando por isso.
- Sei que está chateada, mas vou precisar que devolva o carro. Com o dinheiro que lhe dei, você pode até mesmo comprar um igual quando... tiver idade. – ele tinha que atender com uma piadinha.
- Pode pegar o carro, mas vai ter que vir busca-lo na delegacia. E se puder, eu também gostaria que você viesse me buscar... papai. – eu disse respondendo no mesmo tom de escarnio.
Para saber onde eu estava, tive que entregar o celular para o guarda que com impaciência disse minha localização para Abe e dentro de trinta minutos, ele já havia chegado. Eu me perguntava como exatamente ele não havia sido preso por andar em alta velocidade, mas bem... ele era Abe.
- Tão nova e já presa por agressão a um oficial, posse de verba sem identificação e roubo de carro. Parece que você aprendeu tudo o que sabe com seu pai aqui – ele disse se aproximando da grade – quem sai aos seus, não degenera, Anastacia.
Eu engoli calada enquanto ele saiu para conversar com o xerife – sim, xerife! – e o guarda, agradecendo por ter uma grade no meu caminho que me impedia de tentar soca-lo também.
Em pouco tempo o guarda voltou, pegou as chaves e abriu minha cela, me deixando sair. Abe apareceu, segurando minhas coisas e pondo a mão nos meus ombros, como em um abraço lateral e agradeceu ao guarda e ao xerife.
Quando já estávamos no carro ele me entregou o saco com meus pertences e eu comecei a organiza-los novamente.
- Um "obrigada" não faria mal algum. – ele disse enquanto ajeitava suas abotoaduras exageradas.
Eu fiquei em silencio.
- Posso saber por que não cumpriu as ordens que estavam escritas no bilhete? Poderia ter poupado a nós dois muitos aborrecimentos.
- Então da próxima vez me dê apenas as coordenadas necessárias para que eu faça o que você me pediu – eu disse azeda.
- É disso que se trata? Tudo isso porque eu lhe sugeri que não entrasse no clube e fosse dormir em um hotel?
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Shadows of the past - VAMPIRE ACADEMY FANFICTION
VampiriEssa é uma história que começa em Promessa de Sangue (Blood Promise). Ela não altera nada significante da história original criada por Richelle Mead e tem como objetivo apenas fechar alguns assuntos que ficaram abertos nos livros.