Depois do beijo roubado, Sérgio separou-se dos amigos e começou a caminhar na direção de onde deixara sua caminhonete quando foi interpelado por uma moça loira.
"- Sergio, aonde você vai? Esqueceu-se do baile?"
"- Não, Adriana. Não esqueci. Só não estou a fim de ir."
"- Como não está a fim de ir?" - Adriana Soares balançou os cabelos de forma arrogante. - "Nós somos as estrelas desse baile"
"- Então vá até lá e brilhe. Eu cansei disso."
A loira o olhou como se não o conhecesse. Depois ela achegou-se a ele.
"- Mas se nós não estivermos juntos, todos vão pensar que nós terminamos..."
Ele a olhou intensamente. Como se ela estivesse perdendo alguma coisa.
"- Você está me dispensando, Sergio Campos?! - ela exclamou como se não acreditasse. Depois ela riu - Isso é resultado do efeito "Reginerd"?"
"- Do que você está falando?"
"- Ora meu querido... Todo mundo sabe que você tentou beijá-la e que a Reginerd fugiu como o diabo foge da cruz. Isso que dá ser caridoso."
"- Isso não foi caridade, Adriana. Eu realmente amo a Regina."
"- Ah tá. Descobriu isso agora? Por que até ontem você foi meu namorado, esqueceu? Então como todo mundo tá comentando esse arremedo de beijo, acho melhor você entrar comigo naquele salão de baile e isso tudo será esquecido."
"- Mas eu não quero esquecer Adriana. Eu não vou aquele baile com você. Já passei muito tempo negando meus sentimentos."
"- Então vá para o inferno, Sergio Campos! - a loira esbravejou. - Tenho certeza que muitos rapazes ficarão felizes em me acompanhar."
"- Tenho certeza que sim, Adriana." - ele virou as costas e continuou a ir em direção a caminhonete.
Quando ele chegou a casa, sua mãe assistia a um documentário. Medica pediatra, Marina Campos chegara a Alvorada há cinco anos vinda de Jundiaí depois de ficar viúva. Trazia o filho Sérgio, um adolescente de quatorze anos que ficara revoltado com a morte do pai ocorrida durante um assalto numa loja de conveniência. Eles haviam se estabelecido na cidade e logo ela arrumara emprego como médica pediatra. Em cinco anos, a Dra Campos havia conseguido conquistar um lugar na sociedade de Alvorada. Mas seu filho agia de forma diferente. Colocava-se contra qualquer tipo de autoridade, se tornando o terror da cidade. Por muitas vezes, a Dra. Campos o tirava da delegacia quando ele era detido por brigas e confusões. A pressão sobre ela foi tanta, que ela acabou sendo hospitalizada por um pico de pressão alta. O fato pareceu afetar o rapaz de forma positiva, deixando de agir como um delinqüente. Começou há passar mais tempo com a mãe e os dois começaram a ter um relacionamento mais próximo.
"- Oi filho. Já de volta? Quer pipoca?" - ela estendeu a tigela para ele.
Sergio serviu-se um pouco e respondeu.
"- É. Não tava muito a fim de ir para o baile."
Algo na voz dele fez Marina olhar o filho mais atentamente.
"- E?"
"- E o que mãe?" - ele recostou-se no sofá
"- E o que mais aconteceu?" - Marina depositou a tigela sobre a mesinha e virou-se para Sergio.
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A Festa
RomanceVocê está convidado para a Comemoração dos quinze anos da formatura dos estudantes do Ensino Médio do Colégio Alvorada. Uma festa onde amores antigos ressurgirão com força total, novas experiências que vão acontecer e o passado baterá em cada porta...