BELO HORIZONTE - 11 ANOS DEPOIS
Foi inevitável a Rafael abrir um sorriso imenso quando viu Maurício acenar de longe com sua bagagem para o fim de semana. Percebeu que seu amigo parecia bem mais jovem agora que não usava roupa social e gravata. Mas era ele mesmo, Gomes, o único!
Maurício era um rapaz alto e bonito, com um sorriso de dentes perfeitos. A pele morena era herança dos ancestrais dos quais sentia orgulho. Vestia uma camisa de malha verde escura, com listras finas e horizontais, que evidenciavam um porte robusto. Usava calça jeans e sapatênis, num look cuidadoso, denunciando sua vaidade. Nem parecia aquela criatura suada que caminhava pelas ruas de Araçatuba, mas tão feliz quanto! Rafael sempre se perguntava como Maurício recarregava as baterias, porque era animado o dia inteiro. Achava piada para qualquer situação e tinha um testemunho tão forte do evangelho que era emocionante ouvi-lo ensinar as pessoas. Aquele amigo era tão querido, que cinco meses sem sua presença diária, fizeram Rafael se emocionar ao abraçá-lo.
– Ê Soares... Chore não, pra gente não estragar a maquiagem – disse Maurício sorrindo com os olhos marejados também.
– Quanto tempo... – Rafael enxugava uma lágrima teimosa.
– Tu tá parecendo gente, Soares! Olha isso! Todo arrumado... Cadê o lenço? – e ambos deram uma gargalhada, se lembrando dos lenços que usavam na missão, para secarem a testa do suor.
– Nem me fale daquele lenço! – Rafael protestou enquanto caminhavam em direção ao estacionamento do aeroporto. E continuaram numa conversa animada até que, tempos depois, chegaram ao carro.
Depois de relembrarem inúmeras situações da missão; relembrarem pessoas que batizaram e que, hoje, tinham sido chamadas como líderes na igreja; e lembrarem dos dias bons e dos não tão bons; resolveram comer um mexido num barzinho cool da cidade.
– Rapaz, eu espero que esse mexido de vocês seja caprichado, porque eu tô "matando cachorro a grito" de tanta fome! – disse Maurício olhando o cardápio.
– É caprichado – garantiu Danilo enquanto chamava o garçom.
– E aí, tá animado? – perguntou Rafael enquanto Danilo fazia o pedido.
– Soares, eu viajei de Salvador pra cá só pra ir nesse baile! Tô animadaço! Vocês tão animados?
– Tá namorando ou tá de boa? – perguntou Danilo entrando na conversa.
– Tô de boa na lagoa – Maurício falou rindo.
– Eu acho que vai ser da hora! Tá todo mundo comentando. É só o que se fala nas redes sociais. Criaram até grupos de discussão e tudo mais. É... o negócio tá bombando! – Danilo se empolgava.
– Só presta assim – sentenciou Rafael.
– Vai levar alguém, Rafa? – Danilo perguntou e Maurício começou a rir.
– Não. Eu ia, mas o negócio não andou... Sei lá, complicado – olhou para Maurício. – Do que você está rindo, cidadão, posso saber?
– Ai, ai... – Maurício balançou a cabeça. – Danilo, vá por mim... Pense num cabra mole! Pensou? Agora multiplique por 10! A única coisa que Soares tinha que fazer nessa vida mortal e terrena era levar uma moça pra esse baile e pedir que essa moça levasse uma amiga. Aí Soares não leva moça nenhuma, captasse? Eu venho de Salvador pra cá e quem esse pré-histórico vai levar pro baile? EU! Tu tá vendo o amigo bom que eu tenho?
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Quando o Amor Acontece: A Procura
RomanceFlávia acha um celular perdido e decide devolvê-lo, mas não imaginava que o dono do telefone fosse despertar tanto o seu interesse. Rafael era encantador e, pelo que ela percebeu, também se interessou por ela. Para completar, o melhor amigo dele se...