"Sai do carro, subi as escadas, entrei e fui em direção da sala. Liguei a tv, nada me agradava. Resolvi ir para meu quarto, deitar na minha cama e ficar com as luzes apagadas e claro, com minha velha música e a velha solidão que sempre está comigo. Fecho meus olhos, ergo meu braço em direção ao travesseiro do lado, abraço-o forte, como se fosse ela. Ele ainda tem o cheiro de seu cabelo e sinto um pouco do suspiro que ele sentia, seu conforto parece estar bem melhor a cada vez que lembro de você.
Abri meus olhos, voltei a realidade, voltei a essa solidão que me rodeia e está dentro de mim.
São 02:27 da manhã, continuo deitado, com os fones no ouvido, aquela música que ouvíamos ainda está tocando repetidamente, o som está baixo, da até para ouvir o tic tac do relógio. Meus pensamentos são frios, não vem nada de bom, já se passaram mil maneiras de se matar em minha mente.
Todas as pessoas vem a minha mente, tudo que já passei está me perturbando, dores, mágoas, decepções, angústia, que vivi e fiz pessoas viver. Está tudo ficando mais escuro, sinto meus olhos abertos, mas não consigo enxergar nada.
Algumas horas atrás eu parecia estar feliz, rindo, bebendo cerveja com o pessoal. Espero que eu tenha disfarçado bem...
Finalmente eu consigo abrir meus olhos, vejo o pouco do meu quarto que a luz de fora clareia, não é uma luz tão forte, mas da pra ver perfeitamente os quadros que estão enfileirados em cima da minha mesa. Tentei levantar para vê-los de perto, mas meu corpo não respondia. Minha cama estava molhada, enquanto meu corpo suava em meus braços escorriam sangue. Sentia meu corpo ficar dormente, meus olhos se fechando aos poucos, tento deixá-los abertos, mas não consigo.
02:40 da manhã, dou meu último suspiro, finalmente fecho meus olhos e, quando abro, tenho uma visão de cima da minha vida."