Luz

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Luz era seu nome... Uma garota de 19 anos que sempre fora muito tímida e reservada, menina de poucos amigos, poucos a entendiam e poucos gostavam dela de verdade. Desses poucos existiam os que se destacavam os que ela mais amava e faria qualquer coisa por eles, faria o impossível se fosse possível para vê-los felizes, ela não se importava com ela desde que seus poucos amigos estivessem felizes, pelo menos era isso que ela tentava se convencer todos os dias.

Quando pequena não tinha amigos, lembrava que as garotas da sala só gostavam dela quando lhes cedia às respostas das atividades, os garotos só se aproximavam para influenciarem-na a pedir coisas para eles e ela, apenas uma menina ingênua que queria amigos, companhias para brincar nos intervalos, o que só ocorria quando obedecia a ambos os lados, meninas e meninos.

Ao terminar a quarta série do fundamental mudou de escola, nessa nova escola os problemas aumentaram, se na outra só se aproximavam por interesse nessa nem se aproximavam, todos os alunos já se conheciam e ela era uma estranha, uma intrusa no meio de todos, era odiada por ambos os lados dessa vez e algumas vezes fora até humilhada, mas foi lá na quinta série que fez seu primeiro amigo e na sexta a primeira amiga, amigos que ela levou consigo todo o tempo, ao termino da oitava série eles se separam, cada um foi para um colégio diferente, mas mantinham contato.

No ensino médio conheceu mais pessoas, pessoas que dessa vez gostavam dela, uma parte não ia com sua cara e em sua presença bancavam falsos companheiros, eram simpáticos ou qualquer coisa desse tipo e por trás falavam muito mal, ela foi aprendendo com o tempo a se trancar, se já era tímida ficou ainda mais reservada, apenas aos amigos mostrava que era uma pessoa alegre, meiga e com muita vida, era super criativa e amava ajudar todos no que precisassem.

Ela começou a gostar de um garoto, mas acontecera de novo o que já havia acontecido antes, uma de suas colegas também gostava dele e mais uma vez ao invés de lutar pelo que queria ela cedeu à colega. Foi adquirindo a personalidade de durona, uma pessoa forte que escondia muitos segredos, seus amigos lhe confidenciavam muitas coisas, eles confiavam nela, mas ela aprendeu a não confiar em ninguém, tudo que era dela ficava com ela, muitas vezes seus segredos os dos outros a sufocavam, eles queriam sair e serem distribuídos ao vento, isso a fazia passar muito mal, mas como ela era orgulhosa demais para pedir ajuda guardava tudo para si, erguia a pose de durona e se aprisionava em sua armadura.

Há muito tempo ela criara um mundo dela, um mundo com personagens que apenas ela podia ver, um mundo em que apenas ela podia entrar, era o seu mundo secreto, o lugar onde conseguiu amigos de verdade, seus primeiros amigos, amigos que mesmo existindo apenas nela gostavam da garota do jeito que ela era, não a queriam mudar e estavam sempre lá, eles eram os únicos em quem ela confiava de verdade.

Muitas vezes ela mudava de humor repentinamente, estava na escola conversando com algumas pessoas rindo e se divertindo quando de repente o sorriso sumia e assumia uma aparência séria ou dura, se afastava ou ia embora deixando todos pra trás, outras vezes parecia querer bater em alguém... Acabou ganhando fama de valentona, ninguém mexia com ela, ninguém tinha coragem de fazer isso pela frente, enquanto para todos ela era a pessoa mais forte que eles já viram que nunca chorava por nada e que sempre estava disposta a ajudar e escutar quem precisasse, para si ela vivia uma mentira, era apenas um personagem criado para seus dias, era uma pessoa fraca que não aguentava os próprios problemas e achava que tinha o direito de julgar os outros mesmo com todos os erros que possuía...

A garota nunca perdera o contato com os amigos do fundamental, as pessoas que mais amava, se ela dizia que faria tudo que estivesse ao seu alcance para ver o sorriso dos amigos, esses dois em especial faria o impossível, se eles pedissem iria ao espaço e traria um fragmento de uma estrela para vê-los felizes. Esses dois eram os únicos da realidade que ela sabia que podia confiar e sabia que eles confiavam nela.

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