18 [Niam]

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Liam olhou o sorridente Niall pela primeira vez quando estava na esquina da rua onde morava em Wolverhampton, Inglaterra. Era lá, na sombra de um enorme carvalho, que o garoto de treze anos e cabelos encaracolados sempre esperava pelo ônibus da escola, ônibus este que era sempre pontual e estava parado no lugar marcado ás 7:30 de todas as manhãs de segunda a sexta. Mas nesse dia, uma segunda-feira de outono em que Liam viu o moreno de sorriso com dentes tortos e enormes olhos azuis celestes pela primeira vez, o ônibus da escola atrasou. Foi nesses 15 minutos de atraso que a amizade dos dois garotos começou.

Liam logo soube que Niall estava prestes a completar treze anos, então o novo amigo era menos de um mês mais novo que ele, o que significava que estavam na mesma turma da escola. Niall também contou a seu amigo que acabara de se mudar de Mulligar, um pequeno município na Irlanda, para a casa 42, recebendo olhos arregalados como resposta, seguido de um "Então você é meu vizinho da frente!". Os garotos não se desgrudaram mais desde então, descobriram gostos semelhantes – como o de torcerem pro mesmo time de futebol, assim como seu amor pelo esporte –, fatos que fortaleciam cada vez mais seus laços de amizade.

Niall mostrou-se extremamente comunicativo e antes mesmo do final de setembro o garoto já havia cativado o carinho de colegas, professores e funcionários da escola. Sempre com seu violão a postos para dar um pequeno show a quem pedisse, o jovem irlandês não demorou a passar de "garoto novato" pra "Niall, o menino que todos adoram". Era comum encontrar o menino mais novo no meio de uma roda de amigos, sempre sendo o centro das atenções, apesar de esse nunca ser o seu objetivo. O rapaz irlandês era apenas alguém feliz e brilhante demais que naturalmente atraía atenção para si. Porém, apesar de toda a popularidade conquistada, Liam ainda era o melhor amigo de Niall, mantendo a amizade e cumplicidade firmes em todas as ocasiões. As pessoas costumam dizer que os garotos completavam um ao outro e era exatamente o que acontecia, quando Niall acabava por extrapolar os limites na diversão, era Liam quem o dava puxões de orelha, assim como quando Liam levava tudo a sério demais, Niall era como uma constante lembrança de que a vida podia ser divertida e prazerosa, mesmo nos momentos difíceis.

Quando os garotos estavam com quinze anos – e Niall agora usava aparelhos nos dentes – começaram a despertar para a sua sexualidade. Liam foi o primeiro a mostrar interesse em alguém, o nome dela era Sophia e ela e Liam começaram a namorar em novembro do ano de dois mil e oito; em fevereiro do ano seguinte, enquanto jogavam uma partida de vídeo game no quarto de Liam, Niall contou ao seu melhor amigo que era gay e havia beijado Scott, o enorme cara do time de natação, perto do vestiário masculino na semana passada. A conversa não deixou de ser estranha, mas Liam já suspeitava que seu melhor amigo fosse gay, principalmente, desde que notou como o irlandês ficava vermelho quando um dos amigos de Liam, Harry Styles, almoçava com eles. Harry era um garoto muito charmoso do ultimo ano que parecia adorar ver como Niall reagia a ele, então sempre fazia comentários lisonjeiros ao mais novo.

-Eu achei que você gostasse do Harry. – disse Liam, tentando soar o mais casual possível.

-Ah, o Harry é muito legal e tudo, mas vamos ser realistas aqui, ele nunca me deu bola de verdade. Ele só falava aquelas coisas porque gostava de me ver envergonhado. Não era real, Liam. – Niall deu de ombros enquanto marcava um gol contra o time de Liam no videogame.

-E com o Scott é?

-Obvio! Ele me beijou, váááárias vezes, e me pediu em namoro. Ele é bem fofo na verdade, quer saber como foi?

-Não, obrigado, me poupe dos detalhes. É só que eu nem sabia que o Scott era gay!

-Você não sabia que eu era gay também, faz alguma diferença? - perguntou irritado.

-Claro que não, Ni. – Liam falou enquanto apertava o botão pause do seu controle e virava para encarar o amigo que agora mantinha uma sobrancelha levantada e braços cruzados sobre o peito enquanto esperava a resposta do outro. –Não muda nada, ok? Você é meu melhor amigo e vai ser pra sempre, eu só estou preocupado por que não conheço esse Scott direito e... e eu não sei. Desculpe, eu só estou sendo eu, um chato.

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