Harry Potter - Promessa Silenciosa

Capítulo Único

Rony estava muito ansioso, esgotado, tanto fisicamente quanto mentalmente. A guerra havia acabado na noite anterior, ele não dormira nada, pensando em tudo o que acontecera. Sua mente ia de Fred à Snape, passando por todas as perdas daquela noite. Sua mãe chorara a noite inteira, bem como seu pai e Gina, já George estava em estado de negação - ele não queria acreditar na morte do gêmeo - e isso destruía Rony por dentro.

Além de todo o sofrimento pela perda recente do irmão e de amigos, outra coisa afetava a mente de Rony. Coisa não, pessoa... Hermione! O que diria a ela quando a visse? "Será que ela gostou do beijo? Será que ela realmente gosta de mim? Ou foi só coisa de momento? Tipo vamos estar mortos amanhã então vou te beijar!" estes pensamentos não abandonaram Rony desde a última vez que vira Hermione na noite anterior. Assim que acabou a guerra, Hermione passou a ajudar os feridos e comunicar as famílias sobre mortos e feridos. Por isso ele não teve tempo de falar com ela, mas observando-a limpar um ferimento de um senhor bem pequeno, magro e velho, que sorria pra ela e lhe contava sobre as varias guerras que já lutou, Rony pensava "Ela fica linda enquanto cuida deles, tão carinhosa, cuidadosa e dedicada!". Hermione notou-se sendo observada e lhe sorriu "Eu gosto tanto desse sorriso, desses olhos castanhos, seus cachinhos - mesmo assim bagunçados - eu não sei o que faria sem ela... sem ela..." de repente uma enxurrada de pensamentos atingiu Rony com o peso de uma bigorna "SEM ELA... ela podia ter morrido... MORRIDO... M-O-R-R-I-D-O durante a guerra!" e uma vontade de chorar tomou conta do garoto, que tratava de se controlar, "mas como poderia existir um mundo sem ela? Sem seu sorriso? Ou seu cenho franzido por algum problema complexo? Ou sem seus olhos castanhos e seu jeito mandão e sabe-tudo?".

"E o que eu faria sem ela? Como eu viveria sem ela?" Rony tentou lembrar em todos esses anos ao menos uma vez em que ela não lhe ajudou a resolver um problema, "até quando estava petrificada ela tinha a resposta na palma da mão, literalmente!". Rony a observava e tentava imaginar um mundo sem ela, não conseguia. Olhou para Harry e Gina abraçados, Harry fazendo carinho nos cabelos de Gina, que tinha o rosto manchado de lágrimas, Harry a olhava e a cuidava como se Gina fosse a coisa mais frágil e valiosa do mundo, eles se encaixavam perfeitamente mesmo sendo diferentes, como se fossem um parte do outro, como um quebra-cabeças onde as peças diferentes se encaixam de maneira perfeita e não tem função ou sentido uma sem a outra. E nesse momento Rony teve um certeza "Se ela não existisse eu também não existiria. Ela é minha melhor parte e eu sou parte dela, porque somos peças diferentes que se encaixam! E sem ela não haveria razão pra mim!".

Pensando isso Rony se levantou, colocou seu café, agora frio, no banco em que estava sentado, e foi até Hermione. Em seu rosto algumas lágrimas escorriam, mas estas não de tristeza, essas de alivio. "Eu viveria sem nada, nem ninguém, mas sem ela não! Sem ela eu nada seria, por mais doloroso que seja perder um irmão, um amigo, um parente, alguém que eu ame, perdê-la seria fatal. Eu a amo tanto que dói só de pensar perdê-la.". Então Rony parou em frente a Hermione, que a essa altura acabara que cuidar do ferimento do senhorzinho e olha Rony com a testa franzida, em sinal de compaixão - provavelmente pensando que o ruivo chorava por seu irmão - mas foi surpreendida quando ele a abraçou, um abraço forte, aconchegante, que lhe transmitia segurança e ao mesmo tempo lhe dava a impressão que ele era só um garotinho precisando de colo.

Com o longo abraço e as lágrimas que escorriam dos olhos azuis do ruivo, Hermione se preocupou e perguntou:

- Ei... O que foi?

Mas ele não disse nada só afundou mais a cabeça em seu pescoço, aspirando seu cheiro.

- Ron, o que foi? Sei que é doloroso perder um...

Mas Rony a interrompeu dizendo:

- Obrigado!

- Pelo que, Ron? - perguntou a garota confusa.

- Por estar aqui! Por estar viva, por existir! - disse o ruivo com a cabeça ainda no pescoço da morena.

Então Rony olhou nos olhos cheios de lágrimas da garota, prometendo-lhe em pensamento:

"Eu serei o que quiser, seu amigo, seu amor, seu irmão, a hora que quiser, te amarei cada minuto e farei você feliz. Não ligarei nem mesmo se não me quiser como namorado, desde de que você seja feliz e eu possa ver seu sorriso todos os dias... Nunca mais te deixarei passar por isso, nunca mais correrei o risco de perder, ou te abandonarei! Porque você me completa, me faz querer ser melhor! E principalmente porque eu te amo!" depois Rony selou seus lábios com um beijo, doce e calmo, sem pressa, um beijo, mas não como os outros, esse beijo tem sabor de amor, o mais puro e sincero amor.

Afinal as promessas feitas no silêncio, sem palavras são as mais sinceras, mais bonitas e mais duradouras!