Querida Nash

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Querida Nash. Esse era o jeito que costumava te chamar. Agora só falo de você como Natasha, mesmo. Não tinha como evitar, já que, já se passaram duzentos e setenta dias que estamos sozinhos e todos por aqui só te chamam assim.

Hoje é o nosso aniversário, ou costumava ser, você deve se lembrar.

O dia que eu te conheci foi maravilhoso. Você usava aquele vestido verde, que ainda está no guarda-roupa. Estávamos na biblioteca pública, na seção de romances policiais. Não vou negar que só fui parar lá por sua causa. Alguma coisa em você me chamou a atenção. Não sei se era o seu cabelo preso em um coque com o auxílio de uma caneta, ou o único brinco de bolinha em uma de suas orelhas, talvez fosse a pequena mancha de tinta nas costas do seu joelho.

A única coisa que eu conseguia pensar era: Como eu vou chegar nessa garota? Eu, um cara magro de cabelo raspado, calouro da faculdade, de poucos amigos e ainda por cima tímido, nunca ia te conquistar.

Enquanto pensava também te encarava descaradamente. Não estava nem aí, ninguém me notava mesmo e com certeza não te veria nunca mais. Foi aí que, para o meu espanto, você me olhou e ficamos assim por um tempo, sérios, com os olhares fixos nas órbitas um do outro. Eu sorri e você também, então começou a vir na minha direção e eu fiquei parado sem saber o que fazer, o que falar, como agir. Estava apavorado.

Estávamos muito próximos quando você me cumprimentou apenas com palavras. Respondi quase que imediatamente e você riu baixinho. Mais um momento de silêncio até você corta-lo, finalmente puxando um assunto. Foi aí que começou o nosso relacionamento. Inicialmente de amizade, mas que, aos poucos, foi evoluindo.

Duas semanas depois daquele dia já estávamos marcando a nossa primeira 'rolê'. Meu pai me fez deixar claro que se tratava de um encontro e minha mãe me aconselhou a ser cuidadoso e cavalheiro.

Conversamos muito naquele dia. Nem me preocupei em perguntar por que chegou atrasada, pois estava muito distraído com o fato de você ter segurado a minha mão.

Não consegui me concentrar um minuto no filme de terror que você escolheu, já que toda hora que você se assustava, vinha pra mais perto de mim, me abraçava forte e escondia seu lindo rosto no meu pescoço.

Sinceramente, fiquei desesperado quando eu te deixei em casa e você quase me beijou, raspando milímetros da minha boca.

Eu não te liguei no dia seguinte, mas queria, muito mesmo. Queria ouvir sua voz. A mesma que eu ouvia você falar de seus sonhos para o futuro, seus planos de viagens e a vontade de adotar um cachorro.

Continuamos saindo em encontros durante uns meses, mas eu não sabia se estava pronto pra tê-la todinha só pra mim. Foi quando você me surpreendeu e perguntou se eu não gostava de você o suficiente pra me declarar. Fiquei pasmo, afinal, nós nunca tínhamos sequer nos beijado e não tinha certeza se você gostava realmente de mim. Mas ali estava eu, ajoelhado, no meio do shopping, gaguejando. Você riu e eu pensei que iria recusar. Mas não, você se ajoelhou comigo e me beijou.

Eu sabia que você era rápida para as coisas, mas não imagina que em seis meses de namoro você me chamaria pra morar junto com você. Sempre fui um cara conservador. Tinha te apresentado os meus pais, enquanto você ainda nem se quer havia mencionado os seus. Tentei te enrolar para ver se dava tempo de te pedir em casamento, mas você notou e disse que não queria casar naquele momento, me convenceu que tínhamos que, primeiro, terminar a faculdade e que morar juntos já a satisfazia. Não tive como recusar, eu te amava.

Quando me mudei, tentei evitar dormir com você. Era a coisa que eu mais queria naquele momento, óbvio, mas eu tinha sido criado com essa filosofia: Transar só depois do casamento.

Dear NashOnde histórias criam vida. Descubra agora