Dylan Narrando - II Parte

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- E então, qual é o problema, Dylan? - Meu irmão me pergunta quando finalmente já estamos em seu escritório.

Estou nervoso nem sei exatamente porquê, andando de um lado a outro na sua frente. De repente, é como estivéssemos a três semanas atrás, quando me deu a noticia de que trabalharia com Scarlatti. Incrível que estivéssemos ali novamente falando sobre ela, não?

- Você vai falar logo, ou primeiro pretende abrir um buraco no meu piso? - Ele questiona.

Tomando coragem, eu paro diante dele e respiro fundo.

- Eu tô apaixonado - confesso.
Silêncio. Total e absoluto por cerca de cinco segundos.
- É por isso? É por isso que está tão nervoso? - Ele parece aliviado, e seu tom é indiferente - Estar apaixonado não é nenhum problema, Dylan...

- Pela Scarlatti - revelo - Estou perdidamente apaixonado pela Scarlatti.
Derik fica quieto por mais algum tempo, depois suspira.
- Bom, agora sim temos um problema - murmura.
- Eu não sei o que fazer - continuo, porque agora que abri a boca tenho que continuar. Estranho é que agora tudo parece mais sério, real e assustador. Como se eu me desse conta de verdade das consequências e dos riscos do que estar apaixonado por ela - Scarlatti é... Complicada.

- Eu sei - ouço-o murmurar. Derik ainda parece abismado - O pior é que sempre imaginei que fosse dar nisso...

- Eu não sei o que fazer - volto a repetir, passando ambas as mãos pelos cabelos - E ela... Scarlatti não é uma mulher normal!
- Eu sei.
- Ela... Cara, eu não sei mesmo o que fazer - contesto, jogando-me no sofá que ali tinha.
- Você já disse - Derik fala, a testa franzida enquanto fita o chão.

- Ela fica com quem quiser, e a hora que desejar. Ela tem poder pra isso, Derik.  - Eu fecho os olhos e passo a mão pelo rosto. Sinto-me dez anos mais velho e cansado. É uma sensação diferente. Como se amar Scarlatti fosse um fardo. Talvez seja, tendo em vista que a mulher parece problemática.

- E eu sou tão ciumento e possessivo... Que não consigo nem imaginar em vê-la com outro cara.  Deus! Eu tento me controlar, mas... Não dá. Eu não consigo, Derik - admito.
- Entendo - ele diz, e viro o rosto a tempo de vê-lo assentir - Você já se declarou pra ela?
Levanto-me na mesma  hora.
- Ficou louco!? Scarlatti acabaria com qualquer laço que há ou que poderia haver entre nós! - Surto - Ela não pode saber. Não ainda.

- Então, o que você pretende fazer? - Ele me pergunta.
Eu suspiro e novamente passo as mãos pela cabeça.
- Eu não sei, cara. Eu não sei - volto a repetir - Pensei em ir conquistando-a aos poucos, mas...
 
- Mas...? - Ele incita.
- Ela não facilita! - Sibilo, irritado - Parece atrair todo tipo de homem por onde passa! Pra completar, sabe o seu sócio?

Derik uni as sobrancelhas, confuso,
- Sócio? Que sócio?
- Jorge Lucas. Conhece? - Só em me lembrar dele e daquela pinta de galã de Hollywood me enfureço. Meu sangue ferve em minhas veias e meus músculos se contraem.

- Um dos primeiros sócios da agência - meu irmão maneia com a cabeça - É um homem bom. Batalhou muito pra chegar onde está hoje, como nós... - e então ele para, e posso ver a lampadazinha dos desenhos animados surgir acima da sua cabeça - Ah, não...

- Ah, sim - eu grunho, louco de raiva e ciúmes - Ele deve estar lá agora - eu aponto para lugar nenhum em direção a janela - Eles combinaram de jantar, você sabia? No restaurante dele!

- Mas... Já? - Ele verifica seu relógio de pulso - Tão cedo? - Estranha.

- Ele vai cozinhar pra ela. Alguma merda assim! - Explico, possesso de raiva. Volto a continuar com os passos de ida e volta sem rumo pelo escritório. Todo tipo de imagens deles juntos voltando a assombrar meus pensamentos.

Minha Tentação - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora