Sol brilhando, luzes incomodando os olhos, zumbis grunhindo a procura de qualquer coisa que tivesse coração... Ah, mais um dia comum. A menina pensava todos os dias em morrer ou em apenas entregar-se aos zumbis e ser resumida em tripas espalhadas. Pra quê continuaria vivendo naquele inferno? Mas aí, virou-se para o outro lado da cama e viu Ector - um menino de apenas 2 anos, que ela achara perdido em prantos após seus pais terem sido transformados - agora, com 5 anos e meio, a criança dormia, e além da motivação de Ector, ela sonhava em achar os seus pais, é claro, se os mesmos ainda estivessem vivos.
Graças a Deus, ou qualquer divindade, Cassie não acreditava em nada a àquela altura. Em que mundo alguém os condenaria tanto e os faria sofrer e lutar por sua vida? Enfim, graças a Cassie, e somente a ela, eles encontraram um ex-bairro nobre, e escolheram uma das casas que por um milagre não estava tão destruída, quase intacta. Na mesma, tinha até uma cama a qual Cassie e Ector dividiam agora, algo que eles não viam a muito tempo, algo quase irreal que ela pensou ter delirado ao encontrá-la, um verdadeiro luxo.
Já era hora de acordar, eles tinham que achar um lugar seguro para passar a noite, não poderiam ficar mais ali, tudo em Beytown era como um raio, nada acontecia da mesma maneira. Cassie levou sua mão a barriga do menino em uma tentativa de despertá-lo fazendo cócegas, o que a dava pena, seus cabelos loiros agora ficavam cada vez mais brilhantes a luz do sol, o menino murmurava provavelmente inconsciente de si mesmo "Só mais cinco minutos, mãe!", e Cassie quase riu com isso, mas logo seu rosto se empalideceu por pena. Ector perdera seus pais muito pequeno, e devia recordar poucos deles, mas diferente dele, ela teve uma figura de "mãe", algo que ela também tentava fazer.
Ao deixar escapar algumas lágrimas, vestiu sua máscara de durona e sua "vestimenta" de mulher forte e corajosa, deu um beijo na testa da criança e pronunciou:
- Se você não se levantar em 2 segundos, algum zumbi sortudo lá fora terá um menininho como refeição.
O menino logo se levantou assustado, mas sabia que Cassie estava apenas brincando, apesar da situação ser seria, ela era tudo que ele tinha e por isso fazia o que ela queria a maior parte do tempo. Eles pegaram seus poucos pertences, e Cassie o deu seu canivete, sussurrando baixo ao entregá-lo:
- Caso precise, não pense duas vezes, use-o. - alertou, se armou basicamente por todos os lugares possíveis do corpo, abriu a porta da casa onde estava e avistou meio mundo de zumbis a poucos metros dali.