Capitulo 3

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Capitulo 3

Estevão chegou na entrada de sua casa, em um bairro exclusivo em uma zona residencial fora da cidade. Olhou para a Maria de canto de olho, algo que levava fazendo todo o caminho apesar da sua ordem de dirigir e deixar a conversa para depois.
O rastro das lágrimas - mais que as do restaurante, significava que tinha estado chorando todo o caminho de casa - molhava seu bonito rosto. Era como um soco no estômago e não sabia como responder a agressão.
Se sentia impotente quando Maria chorava. Odiava vê la infeliz. O que iria fazer? Estava profundamente desconcertado pela surpresa. Não suportava a ideia de estar sem ela.
-- Entra para que possamos conversar, carinho - disse em voz baixa quase como uma súplica, merda estava suplicando. Sim, estava implorando praticamente.
Ela olhava pra frente com as vistas no pára-brisas e nem se mexeu. Era como observar uma escultura de gelo.
--Maria - começou -- Por favor, entra comigo. Agora mesmo tem muita coisa que não entendo. Quero que minha menina me explique para poder concertar.
Maria virou a cabeça devagar. Seus olhos estavam cheios de dor que foi como uma mão o agarra-se pela garganta e aperta-se até que não pudesse mais respirar. Em até que ponto as coisas haviam ido? Como que não tinha percebido nada?
Sim, tinha percebido que levava um ano meio diferente, mas nunca tinha visto nenhum sinal de que fosse infeliz ou que não estivesse a satisfazendo. Sempre levava um grande sorriso nos lábios, um sorriso carinhoso. Sempre se mostrava compreensiva quando o reclamavam no trabalho enquanto estava com ela. Sei descontentamento se mostrava em um breve desconcerto que rapidamente dava lugar a um grande sorriso.
Era tudo mentira ou não soube ver a insatisfação de sua esposa ?
-- Quer concertar ? - perguntou ela com um tom desafiante -- Sério, Estevão, te importa mesmo que seja um pouco ? Quer concertar o que vai mau ou quer que as coisas sigam como sempre ? Ir embora antes de mim nos encontros com nossos amigos, receber chamadas pela tarde, ao sair do trabalho, me refiro. Nem sequer podemos fazer amor sem que toque o seu celular. Esta tão pendente que qualquer um diria que te custa a vida soltá-lo durante uma hora.
Estevão ficou sem respiração ao perceber a amargura de sua voz, a dor se mostrava em seu rosto e lhe impregnava essas palavras tão veementes. Mais que palavras, eram perguntas. Queria concertar ? Pois claro que sim, mas antes tinha que saber o que exatamente deveria concertar.
Esticou a mão para pegar a sua, algo temeroso - muito, melhor dito - de que ela o rejeitará, que não quisesse que ele a tocasse. Se colocou tensa, mas não tirou sua mão.
Separou os dedos com o polegar e os entrelaçou com os seus, e levou a mão aos lábios ao mesmo tempo que chegava mais perto dela.
-- Me escute carinho, te amo. Para mim você é o meu mundo. Sempre foi. Se eu quero concertar as coisas ? Evidentemente, mas antes tenho que saber a que eu me enfrento. É isso significa que temos que entrar em casa e que você me conte tudo. Fará isso, por favor ?
O que acaba de dizer resultava estranho. Seu comportamento desde que se armara de Deus no restaurante não era próprio dele nem da sua relação com Maria. Era sua de todas as maneiras. Ela tinha lhe presenteado com sua submissão absoluta, como dominante - e o homem que a amava com toda sua alma-, sua responsabilidade era cuidá-la, protegê-la e se assegurar que que fora feliz.
Se sentia um completo fracassado. Essa noite não tinha sido dominante. Maria tinha tocado a mando de tudo, dando a ele ordens quando sempre era ele que dava. Era assim que funcionava sua relação. Sempre tinha sido assim.
Mas essa noite ... Com uma retrospectiva sabia que isso vinha de antes. Quando dois última vez que exerceu como dominante ? Tratava de controlar até o último aspecto da vida de Maria. Poderia parecer algo extremo para alguém que não conhecia esse mundo, mas assim viviam eles. Ele queria a submisso e ela desejava sua dominação. Nunca tinha recusado o seu controle. Nunca tinha protestado. Nunca tinha dado nenhum sinal de que lhe incomodava esse acordo.
Mas quando foi a última vez que tinha demostrado sua dominação ?
Era muito triste, mas não se lembrava. Não sabia dizer em que momento do último ano tinha atuado como dominante.
Em sua cabeça, as peças iam se encaixando pouco a pouco e não gostava nada do que estava vendo. Lhe enchia de raiva pensar na ideia de ter falhado a Maria. De ter metido a pata. Não era feliz, quando ela sempre era. Iluminava qualquer lugar como milhões de raios de sol. Tinha um coração terno e bondoso e repartia amor por todos lugares.
Todas pessoas estavam sempre muito à vontade com ela, por isso a havia levado a jantares com clientes atuais e potenciais, porque conseguia que todos os demais se relaxassem e se abrissem mais. Era como um imã que atraia as pessoas com sua personalidade efervescente. Depois teve medo de que o ritmo fosse demais pra ela. Não queria submetê-la a pressões do seu trabalho. Isso era coisa sua, não dela. Assim, que no final lhe disse que se mantivesse a margem, que passasse mas tempo com suas amigas no lugar de planejar reuniões sociais.
E agora tinha se apagado as luz dos seus lindos olhos. Tudo por sua culpa e por sua incapacidade de dar o que ela precisava.
Lhe apertou a mão, aguardando sua resposta. Estava demorando responder e tinha a testa franzida como se lutasse alguma batalha interior. Fosse o que fosse, Tamara que saísse vitorioso desta e que ela aceitasse falar com ele.
-- Conversemos - disse ele no final.
Entretanto, usou um tom muito fatalista, como se já tivesse o resultado antes mesmo de fale de sua relação e o porquê da sua infelicidade. Havia perdido tanto a fé nele ? Só a ideia o destroçava.
-- Mas tem que ser em um terreno neutro - completou. -- E nada de sexo com este muro entre nós dois. Não quero que nossa retração física se entremeta na conversa. - abaixou os olhos, o pesar lhe contraia o rosto e torcia os cantos dos lábios. -- Isso supondo que ainda me deseje. - completou com um tom cheio de dor. -- Faz tanto tempo que não procura manter relações sexuais comigo que a conclusão mais lógica é que já não me encontra atrativa.
Estevão esteve a ponto de engolir a língua para não replicar com a reposta que já tinha nos lábios. Merda, estava tão errada que não sabia por onde começar.
Nunca usavam a palavra "sexo" quando falavam de fazer amor. Nunca. O sexo era para pessoas que não incluam as emoções da mesma forma que eles dois. Pelo menos era isso que opinava ele.
Que não a desejava ? O tinha deixado boquiaberto. Como tinha metido essa ideia tão ridícula na cabeça ? Para ele era a mulher mais bonita do mundo. As outras mulheres não existiam. Como poderia querer mais quando tinha uma esposa submissa, carinhosa, linda e bondosa em casa?
De acordo, não tinham feito amor em muito tempo. Muitíssimo tempo. Fez uma careta ao tentar lembrar a última vez que realmente tinham feito amor.
Tinha havido sessões com presa, sem preliminares nem jogos. Algo completamente egoísta de sua parte porque tinha transado com ela e logo tinha saindo correndo para trabalhar ou para se reunir com algum cliente.
Sim, acabava de usar a palavra "sexo" para descrever suas relações íntimas porque, bom, inquéritos tinham feito ultimamente era isso. Era sexo egoísta. Não procurava satisfazer nenhuma necessidade dela. Não tinha exercido a dominação de sempre, algo que a ela não só gostava, senão que também necessitava. Um péssimo exemplo mais a sua enorme lista de fracassos.
-- Conversemos quando quiser - disse ele apesar do nó na garganta. Dava o poder a ela. Era uma mudança total de papéis ao qual ele não gostava nada e a julgar pelo seu rosto, tampouco a ela.
Mas, o que poderia fazer nessa situação ? Seria como um cafajeste integral se de repente começava a ser dominante e aproveitasse da sua dominação para manipulá-la.
É uma merda. Queria que Maria estivesse no controle dessa situação. Não queria que se sentisse amassada por nada. Se abriria por completo e se colocaria aos seus pés de isso era o que fizesse falta para que ela tirasse tudo de dentro. Era óbvio que sua relação corria perigo e que ela era infeliz desde muito tempo, e isso o consumia por dentro.
-- Entremos - disse em tom neutro mesmo que tinha o coração feito traça e se sentia embargado pelo medo, uma sensação longe até hoje. Lhe entrou o pânico no mesmo instante que que Maria e ele se olharam no restaurante e reparou na grande dor que tinha nos olhos. Soube então que tinha ido muito longe.
Que mulher poderia culpá-la ? À noite a qual deveria se concentrar nela e só nela, na qual celebravam um ano mais de casamento, ele havia deixada plantada para cortejar uma possível cliente.
Agora se dava conta de como tinha sido a situação, vê-lo sorrindo e contemplando a uma bonita mulher a uns metros de onde sua esposa o esperava para seu jantar de aniversário. A comida fria e ela desolada porque não soube controlar bem o tempo e a urgência de fechar o trato com a cliente se havia imposto sua lista de prioridades. Sim, tinha cagado tudo e agora tinha que tentar solucionar porque não se tratava só desta noite, mesmo que sabia que para ela essa tinha sido a gota que transbordou o vaso. Sua infelicidade vinha de longe e ele tinha sido incapaz de ver. Ou talvez em parte sim tinha percebido, mas não quis reconhecer porque isso seria igual admitir que teria falhado.
Ela não esperou que ele lhe abrisse a porta do carro. A empurrou e saiu sem mais, direto pra casa. Cuja porta abriu com a chave sem nem se quer olhar para trás. Não foi rápida o bastante para que Estevão não reparasse nas lágrimas que escorriam pelas bochechas.
Merda.
Foi correndo atrás dela, ele temeroso que ela já não quisesse falar com ele e que se fechasse. Aterrorizava só a ideia que ela começasse a arrumar suas malas ... Ou as dele. Não pensava deixar que fosse embora. Era sua casa, sua segurança. Se alguém tivesse que ir dali teria que que ser ele e só Deus sabia que não queria pensar se quer nessa possibilidade.
O que fosse que estivesse mal entre Maria e ele, tinha que ser resolvido a toda custa. Ela era seu mundo. Como ela poderia não saber ?
"Pois porque você não a demostrado ultimamente, imbecil"
Deixou a autoflagelação e entrou na sala, uma sala espaçosa de teto alto, e para seu alívio encontrou Maria junto ao móvel do bar, dura como uma estátua enquanto se servia um copo de ... Que leite é esse ? Não costumava beber. Só tomava vinho com suas amigas ou quando ficavam todos juntos. Era algo que dividia com Kelly, nenhuma das duas se passava bebendo. Kelly tinha sofrido maus tratos das mãos de um pai alcóolico, mas Maria vinha de uma família muito diferente. Sua situação foi mais se abandono. Nunca a maltrataram fisicamente, mas sua infância a tinha moldado, tinha lhe dado uma grande insegurança ao qual era seu lugar no mundo. Ele quis se assegurar que nunca voltasse a se sentir como a fizeram se sentir seus pais. Agora tinha que se enfrentar a cruel realidade : tinha fracassado totalmente.
Mara bebeu o copo de um gole só é começou a tossir. Estevão chegou perto por trás no mesmo momento. Seu perfume voava delicadamente no ar ao seu redor.
O vestido que tinha escolhido para a ocasião era pra seduzir. Ela sabia que, se tivesse chegado pontual no jantar, não teria sido capaz de tirar os olhos de cima. Que teria dado pressa comendo para poder levá-la para casa, tirar esse precioso vestido para logo poder assumir o seu papel de dominante.
Parecia que tinha feito muitos planos para o aniversário. Tinha visto de canto de olho o dormitório em caminho para a sala, ela tinha colocado sobre a cama todo o material que sempre usava para que ele escolhesse o que mais queria para aquela noite. Até que ele tinha fodido tudo e estragado o que ia ser uma noite muito especial para ela. Como diabos ele ia concertar ?
Voltou a tossir e a respirar pesadamente. Os olhos lhe encheram de lágrimas enquanto tentava se recompor. A bebida tinha passado pelo buraco errado.
Estevão deu uns golpezinhos nas costas que logo acariciou com movimentos circulares, com cuidado, como se tivesse dando uma massagem.
-- Está bem ? E o que era isso que bebia?
Ela encolheu os ombros
-- Peguei a primeira garrafa que vi e pronto.
Estevão foi até a garrafa, que ela tinha colocado de qualquer jeito.
-- Porra, Maria, não faz falta fazer isso para falar comigo, sabia ? Sou seu marido e, mais que isso, seu melhor amigo. Quando você teve que se embebedar para falar comigo ? Tão ruim estão as coisas?
Arrotou e se tapou a boca. Ele sentiu graça. Maria era a educação e discrição em pessoa. Se tivesse arrotado em público teria lhe dado um enfarto, mas a ele pareceu familiar. Estevão os chamava de "arrotinhos" porque eram discretos e não dos que faziam vibras as janelas.
-- Porque o que tenho pra te dizer não é bom - disse em um tom que indicava que a pequena quantidade de álcool que bebeu começasse a fazer efeito e a soltar a língua. Pelo menos isso esperava, entretanto, ao mesmo tempo, o que acabou de dizer o deixou gelado, paralisado. Se notava a boca seca e a língua inchada, incapaz de falar.
"O que eu tenho pra dizer não é bom"
As suas palavras se repetiam em seus ouvidos como se fosse um vídeo se reproduzindo sem cessar até que quase teve que sacudir a cabeça para deixar de ouvi-lo.
-- Vem senta aqui comigo, Maria. Não precisa ficar em pé depois de ter bebido tudo isso. Podemos resolver, carinho. Você sabe que amo a minha menina mais que tudo nesse mundo. Seja o que for, estou convencido que podemos resolver.
Ao que parecia essas palavras tão veementes a havia tocado e ficou pensativa. Quase dava pra ver como se moviam as engrenagem em sua cabeça. Reconhecia sua incerteza em seus olhos e ainda pior, a dúvida. A dúvida distorcida em seu olhar e isso doía porque antes ela depositava toda sua confiança nele. Em seu casamento e em sua relação.
Isso era algo novo para ele e não gostava nem um pouco. Em todos os outros aspectos de sua vida era acertivo, assumia o mando das coisas e não tremia as mãos na hora de cortar cabeças. E ate essa noite, havia acreditado que seguia sendo seu dominante é que se ocupava de todas as suas necessidades.
-- Maria ? - falou em voz baixa enquanto esticava a mão pra poder tocar seu braço.
Ela se estremeceu e se separou. Estevao xingou entre os dentes. Quando havia chegado ao ponto de não suportar sequer que a tocasse? Tanto mal a estava fazendo para que não suportasse ficar no mesmo cômodo que ele ?
Maria se virou tropeçando um pouco e se foi ao sofá. Não se sentiu aliviado por essa pequena vitória porque sabia que ainda tinha um bom trecho, quando se sentaram no sofá e ela contasse a ele tudo. Se é que contasse.
Se sentou com o corpo encolhido e com um olhar cansado. Parecia derrotada.
Ele se sentou ao seu lado. Tinha muita raiva em ter que manter as distâncias, mas tinha medo de que o rejeitasse se ele resolvesse tocá-la .
-- Me diz o que se passa, carinho - a animou ele com cuidado. -- Por favor, me dê a oportunidade de concertar.
Quando finalmente o olhou, tinham voltado às lágrimas aos olhos.
-- Não estou segura de que tenha concerto. - respondeu com a voz afogada em emoção. -- Antes pensava que sim. Estava convencida de que tudo se ajeitaria. Me dizia a mim mesma que devia ter paciência. Que tinha que aguentar é que tudo voltaria à normalidade quando conseguisse mais estabilidade em seu trabalho. Mas estou cansada de esperar, Estevao. Cansada de fingir um sorriso e dizer "não acontece nada" cada vez que me deixa plantada por um cliente quando em realidade estou mal. Não posso.
O profundo desespero em sua voz o partia em dois. Tinha a respiração acelerada. Não sabia o que responder. Isso não teria mais concerto. Não podia solucionar isso em dois dias. Sua relação estava na corda bamba e se acabava de dar conta da magnitude do que a tinha feito durante esses dois últimos anos.
-- A minhas amigas dou pena. - prosseguiu separando o olhar do seu.
Olhou para a frente. Suas feições diziam a dor que sentia e isso acabava com ele.
-- Sabem que finjo mal quando digo que estou contente. Me conhecem e sabem que sou infeliz. Sabem que não vamos bem. Se até Dani e Jonny tentam me animar, pelo amor de Deus ! É humilhante. E não sei como resolver. Agora já não sei se posso.
-- Maria, carinho, não diga isso. Tudo tem solução. Podemos superar isso juntos, te juro.
Virou a cabeça depressa e o olhou nos olhos.
-- Você me deixou plantada por uma cliente na noite do nosso aniversário. Fiquei uma hora te esperando com a comida fria no nariz depois de ter me prometido que chegaria em 20 minutos ... E você me mentiu. - disse com um tom acusador.
Ele encostou no sofá e franziu a testa.
-- Em que te menti ?
Ressentida, sua esposa o fulminava com o olhar. Cada vez está mais na defensiva.
-- Não entende, né verdade ? - espetou. -- Me liga do trabalho e me diz que se atrasará que que chegara dentro de 20 minutos. Não me disse nem seu nome nem que tinha um compromisso com uma bonita cliente, no mesmo restaurante ao qual sua esposa te esperava sozinha, esperando seu marido. Me mentiu. Omitir é o mesmo que mentir. Você tentou esconder que iria cortejar a uma cliente no nosso feliz aniversário e ai estava você, no bar, acabando-se em risos, enquanto a uns poucos metros eu estava pensando que meu marido tinha esquecido de mim em uma ocasião tão especial. Em um que dia que antigamente era importante também para você. Mas agora ... Agora já nem sei em que pontos estamos Estevao.
-- Quanto tempo faz que você se sente assim? - perguntou ele com tato indo direto no c da questão.
Tinha que ir no fundo de tudo, antes do desastre dessa noite, e averiguar onde tinha errado.
Ela suspirou. Um sinal de cansaço e abatimento.
-- Desde sempre. Essa é a sensação que tenho, nossa. Lembro me dê como era antes e ainda me dói mais. Sei do que somos capazes, mas nesses últimos anos você foi se distanciando mais e mais de mim. Antes era a primeira das suas prioridades e agora duvido que esteja entre as cinco primeiras. A verdade é que não parece que seja uma de suas prioridades agora mesmo.
Voltou a olhá-lo dessa vez com medo. Temor. Melhor dito, como se se prepara-se para o que ia a dizer na continuação.
Suspirou. Se sentiu reta e levantou a cabeça para olhá-lo nos olhos.
-- Você está me enganando Estevao? Por isso tantas "ligações de trabalho"? Em que passa tanto tempo no lugar de passá-lo comigo?
Ficou tão atônito por sua pergunta que durante um tempo ficou olhando-a com a boca aberta. Logo sentiu que tinha escutado o suficiente. Não podia seguir assim, ao seu lado, enquanto ela se torturava. A situação se superava. Morria por dentro ao ver sua dor. Não permitiria que sofresse mais pensando algo que não era.
Mas então suas palavras frearam em seco e o pânico o atropelou como se fosse um trem de carga. Maria levantou a cabeça; seus olhos sem vida. Estavam apagados e tinham um ar abatido, como se acabasse de lutar uma batalha surpresa. Notou o calor e a força de suas lágrimas em seus olhos e apertava a mandíbula com força ao mesmo tempo que ela dizia as palavras que perfuraram o seu coração.
-- Quero terminar com isso, Estevão. Não aguento mais.

... Continua, e ai Maria vai pedir o divórcio ?
O que acontecera com a relação dominador / submissa a partir de agora ?
Aguardem 😘😘😘

Fique com tudo - MaryTebOnde histórias criam vida. Descubra agora