testemunho textual

3 0 0
                                    

E então, recentemente a minha escola, na região de goias. Criou um evento sobre Preconceito as pessoas negras. Foi bem pequena a quantidade de pessoas que apareceram para ouvir o debate. Uma das crianças foram convidas pelos palestrantes, para testemunhar e contar sobre uma experiência de racismo. Ele contou que em sua infancia o seu pai morreu de overdose e a mãe se prostituia para colocar comida na mesa. Sua mãe teve um relacionamento com um cara e o levou para sua casa. Ele foi varias vezes machucado e abatido pelo padastro. Eu decidi ter uma conversa mais profunda com a criança. Vou contar o que ele me disse e falou aos olhos cheios de lagrimas.

" O que o seu pai fazia com você, quando sua mãe não estava presente?"
R= Meu pai ele sofria de depressão, varias vezes ousou-se a tomar remedios controlados de tarja preta por se dizer louco. Eu sinceramente, tinha muita vergonha dele, e minha mãe principalmente. Quando completei 10 anos meu pai morreu de overdose, caiu na pia do banheiro perdendo a respiração enquanto minha mãe ligava para a ambulância. mas infelizmente, foi tarde. Fiquei triste no início, mas minha mãe ausente e vendendo seu corpo para me alimentar, me deixa mais triste ainda. Sentia nojo da comida, por saber que aquilo vinha de uma prática suja. Ela arrumou um namorado depois de uns 5 a 6 meses, a presença dele me mantia isolado na casa. Ele me batia, tio. Sabe, a sensação de ouvir xingamentos, a mim, e a minha mãe, principalmente a ela, era horrível. Queria ver ele em uma cama morrendo de uma forma pior que a que o meu pai sofreu. Queria o matar, o sufocar.

"Por que você não fez isso, já que estava de saco cheio?"
R= Sinceramente, eu tentei. Corri chorando com a faca, depois de uma oração, que aprendi com meu pai. Mas que nunca me aliviou, me deixava bem mais tenso. Corri com aquilo na mão quando ele estava de costas à mim. Mas com a faca quase pronta para acertar em seu corpo, eu desisti. Acho que a culpa é bem maior do que a vontade e a coragem de matar uma pessoa que me fez mal. Hoje eu tenho 12 anos e se eu crescer com essa culpa na cabeça? Passando dia após dia sem dormir por causa desta culpa? Vai ser horrivel.

"Você sofre racismo somente do padastro, ou na escola e em outros lugares?"
R= Na escola, foram poucas vezes. Já me bateram, mas eu devolvia. Não entro em uma briga pra apanhar. Os amigos brancos da escola me julgavam, diziam "Olha lá o preto" "Ladrão, filho da mãe" isso fazia com que todos se afastassem de mim, por medo de serem roubados, pela minha cor. Mas tudo acabou em um dia, na aula de historia. Onde o professor falando da lei áurea, que era a aula daquele dia. Um engraçadinho disse: "Lei áurea é o caralho, esses pretos tem que ir tudo pro inferno, igual aquele ladraozinho ali" - e apontou para mim. Eu com a cabeça cheia, e de saco cheio com os pensamentos ardendo, e cheio de raiva, pulei em cima dele e o enchi de socos, e todos os outros alunos gritando " Briga! Briga!" Quando parei seu rosto estava ensanguentado, o nariz saindo sangue, e a boca toda cortada e machucada. Fiquei arrependido e chorei por um tempo no banheiro.

"Tem alguma uma outra coisa ou pessoa que te fez mal? "
R= Não que eu me lembre, mas os professores também cometiam racismo, não era da mesma forma. mas, eles eram preconceituosos. Os alunos de pele clara recebiam mais atenção. Enquanto eu não recebia o mesmo. Nas aulas de história eu pedia para a professora me ajudar com a tarefa, e ela ignorava, talvez seja por ter muita gente na classe. Mas eu sempre estava na sua frente. E ela não ouvia? Ou era surda, ou não gostava de mim (Risos). Mas assim, sempre me perguntavam o por que das notas baixas, eu não gostava da escola. Sabia das aulas, mas não gostava dos alunos e professores, e isso tirava toda minha atenção. Só quero a liberdade disso, de fazer tudo que quero sem sofrer, sem machucar as pessoas e sem as pessoas me machucarem.

" Obrigado por responder até aqui"

Essa criança é um exemplo para todos nós. Que mesmo sofrendo, apanhando, ela não queria mal à ninguém. A nossa vida tá sendo tão fragil, que protetores são os opressores. Vamos ter a alma infantil. Para que possamos aprender esse objetivo da vida, que é amar ao próximo. Que essa campanha contra o racismo, contra os favelados serem ditos como ladrões e os brancos como advogados e de bem com a vida possa acabar. Mas, vamos aprender isso. "Ainda há tempo"



Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Dec 15, 2015 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

a8a8a8a8aoOnde histórias criam vida. Descubra agora