Capítulo 1

661 31 5
                                    

"O que você tá fazendo aqui?", acordei assustada olhando pro Felipe no fundo do meu quarto.

"O que eu estou fazendo aqui, Clara?", Felipe suspirou se aproximando da minha cama.

Eu não fazia ideia do que pensar, do que fazer. O que Felipe estava fazendo no meu quarto no meio da noite? Nós não éramos nem amigos. Na verdade, eu odiava o fato de ter que morar na mesma casa com ele. Eu só queria a minha vida antiga de volta.

"Eu não faço a mínima ideia! Você pode sair? Tenho que acordar cedo amanhã.", respondi me cobrindo para voltar a dormir.

Foi aí que senti uma mão em mim. Meus olhos abriram rapidamente como um raio. No mesmo momento tentei tirar a mão nojenta que começava a subir pela minha coxa, mas ele foi mais rápido. Fechou a minha boca com a mão me impedindo de falar, aproximou seu rosto do meu e sussurrou "Eu não consigo entender como uma menina linda e gostosa como você é gay..."

Tentei responder mas todo esforço resultava em nada. O que esse babaca vai tentar? É inegável que ele é mais forte que eu, ele tem 21 anos e eu 15. Resolvi morder a mão que estava na minha boca e chutar o órgão que esse escroto nunca mais deveria usar na vida.

"Filha da puta!", disse ele saindo rapidamente de mim.

Eu acordei num estalo. Olhei para os lados e vi a Fê, minha melhor amiga dormindo tranquila.

"Desgraçado", sussurrei. Foi só um pesadelo.

Acendi o abajur para beber água e o copo estava vazio. Levantei, desci as escadas e percebi que a luz da cozinha estava acesa. Continuei andando até que vi Dinha, a mulher que foi minha babá a vida inteira e que agora é minha governanta. Dinha é a mulher que eu considero mãe, já que a minha resolveu não acreditar em mim quando eu mais precisei.

"Ô Dinha, tá com insônia hoje?", perguntei abrindo a geladeira procurando uma garrafinha de água.

Ela me olhou rindo e voltou a comer salada de frutas. Olhei e pensei melhor, "Ou você estava se divertindo com Seu Paulo? Porque apetite às...", chequei a hora no relógio e fiz cara de impressionada, "2:15 da manhã!! Meu Deuus, arrasou!"

Dinha me olhou incrédula com as bochechas vermelhas e respondeu, "Clarinha, olha o respeito!"

"Então quer dizer que minha suspeita estava certa?", perguntei rindo bebendo minha água.

"Cala a boca e vai dormir, menina. Amanhã você viaja cedo. Aliás, por quê a senhorita ainda está acordada?"

"Eu não estava. Acordei com um pesadelo e desci para pegar uma água. Queria que minha noite estivesse animada com a sua, mas óbvio que com outra pessoa sem ser a Fê.", respondi piscando.

Dinha sabia que eu era gay desde pequena e sempre me apoiou. Só não gostava de como eu não namorava nenhuma das meninas com quem eu ficava. Ahhhh, também que eu sempre saio para beber, a minha falta de interesse na escola e a minha reputação de badass lá. O que eu posso fazer? As aulas são muito entediantes! Não tem como prestar atenção.

Ela sempre reclama que as meninas ficam ligando aqui pra casa chorando e eu não dou a mínima. Mas gente, eu nunca disse a elas que queria namorar ou algo do tipo. Muito drama.

Dinha me olhou preocupada, "Aqueles pesadelos de novo?"

"Aham.. Mas tá tudo bem, eu juro"

Dinha se aproximou e me deu um abraço. "Meu amor, qualquer coisa pode me chamar se precisar de mim, tá?"

"Para interromper o rala e rola de vocês? Não, obrigada", me afastei rindo e pegando minha garrafa de água.

Apenas Três Palavras (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora