Excursão

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• Steve's POV

Olá, meu nome é Steve Sanchez, tenho 18 anos e se você está lendo isso é porque talvez muitos anos já tenham se passado e a vida na terra já não é mais hostil como tem sido nos últimos meses.
Irei começar pelo início de tudo, o dia em que o curso não só da minha vida, mas de toda vida humana no planeta terra mudou, a fatídica excursão.
Era um dia nublado em Presleytown, minha cidade natal, lugar onde vivi desde o dia em que nasci. Tinha esse nome devido ao sobrenome do prefeito da cidade, August Presley, primogênito de seu pai, Celsius Presley, integrantes da linhagem familiar mais famosa da região, eram conhecidos pela sua grande empresa farmacêutica, a Presley Life, que já existia antes mesmo dos meus avós nascerem.
Mas voltando ao assunto, era só mais um dia normal como qualquer outro no último ano do ensino médio, tirando o fato de que estávamos fazendo uma excursão para um museu de preservação de artefatos indígenas numa cidade das redondezas. Ao meu lado no ônibus estava meu melhor amigo, Archie, ele era negro e alto, jogava basquete e apesar da aparência hostil, era um cara legal e entusiasmado com a vida.
—Puxa vida Steve, viajar do lado da janela é tão empolgante! – disse ele de seu jeito alvoroçado.
— Com certeza é melhor do que a vista para o corredor, mano.
Minha visão era do casal mais insuportável que já havia visto na vida: Lydia e Jason. Ela era líder de torcida, e ele jogador de futebol. Sim, bem genérico.
Quando não estavam brigando entre si, podiam ser vistos aos amassos nos corredores e em sala de aula, ou na diretoria, onde costumavam acabar por conta disso.
Eu e Archie os observamos quase transar nos assentos ao nosso lado por alguns segundos e quando percebemos que estamos encarando com cara de nojo por muito tempo, paramos e voltamos a ficar entediados juntos.
— Arch, não acha que essa porcaria de viagem está demorando demais? – nós temos o costume de falar de tudo com um tom de reclamação, é uma piada interna nossa.
— Concordo Stevy, está desgraça de ônibus podia empacar de uma vez, anda na velocidade de uma lesma. – Stevy era o nome do meu hamster, Archie sempre me chamava assim.
Lentamente sentimos o ônibus parar, nos encaramos e eu digo:
— Será que fomos longe demais com o lance de reclamar?
— Deus pode estar nos punindo! – ele fala com tom assustado.
— Não fale besteiras Archie. Deve ser alguma parada para ir ao banheiro ou algo do tipo.
— Mas nós temos banheiro no ônibus! – ele rebate.
– E já passou por essa cabeça de bola de basquete que o motorista também pode querer mijar? – explico um tanto impaciente.
Um barulho da cabine chama a atenção de todos. O inspetor responsável pela excursão, Dimitri, um homem russo de uns cinquenta e poucos anos, baixo e roliço, sai de lá e nos comunica que devido a complicações à frente na estrada, voltaríamos para a escola.
— Viu só, Steve! Não deveríamos ter brincado com coisas sérias, se minha mãe soubesse que ando falando esse tipo de besteiras com você, nos faria comer pimenta!
A família de Archie é muito religiosa, do tipo que vai à igreja todo domingo e não fala palavrões na frente dos avós. Então sei que se a mãe dele nos pegasse brincando de reclamar da vida não hesitaria em nos fazer mastigar uma pimenta cada um, como na segunda série quando chamamos a tia de Archie de vadia.
O inspetor acalmava os alunos e tentava responder às perguntas de todos porém acabava se estressando e devo admitir, era engraçado ver um homem daquele tamanho xingar em russo.
Nos assentos ao lado ouço Lydia falando sobre algo roxo e perigoso que estava bombando na internet. Não me dou o trabalho de prestar atenção no resto porque sei que tudo que sai da boca de Lydia tem a ver com maquiagem e reality shows. Coloco meus fones de ouvido devido a gritaria no ônibus.
Olho para janela e tento aproveitar a música, mas um clarão me chama atenção. Algo... arroxeado? Esfrego os olhos para me certificar de que não é minha visão mas de fato o céu estava ficando com um tom roxo escuro e raios de cor roxa (sim! Roxa!) se formam a uma distância que é suficiente para me fazer entrar em choque.
Archie olha para a janela e apenas diz:
— Puta merda.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, o ônibus é atingido por um dos raios e desmaio.

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