Inexplicable | L.T

Capítulo 1

Flashback On:

— Você não acha que devemos voltar? Podemos sair ferrados dessa. — Liam disse com um olhar preocupado.

— Acha mesmo que eles vão notar que estamos matando aula? – Ri sarcástica — Eles nem sequer sabem da nossa existência, Liam.

— Sei que a gente sempre faz isso, mas nunca em Biologia – Ele riu — Talvez você esteja certa e eles nem percebam.

Ah, com certeza eles não perceberam. Éramos invisíveis naquele colégio, assim como muitos outros alunos por ali. Eu tinha sorte de ter Liam por perto, ele era a única pessoa em que eu podia confiar e que se importava comigo.

— Ei. — Ele pegou meu braço e o virou, examinando meus pulsos. — O que foi isso aqui?

— Spike me arranhou. — Puxei rapidamente o braço enfaixado das suas mãos e encarei o chão.

— Eu tenho certeza que não foi o Spike quem fez isso. — Ele segurou meu queixo me fazendo olhar em seus olhos. — Você voltou à se cortar? — Tentei responder mas sabia que minha voz iria falhar e apenas fiquei em silêncio. Liam passou as mãos pelos cabelos e pareceu nervoso.

— Droga, Lucy! — Agora ele berrava com raiva. — Eu já te disse que não vale a pena. Por que você simplesmente não me escuta?

— Por que você simplesmente não me entende? — Agora eu é que soava irritada. — Aquelas pessoas falam coisas horríveis sobre mim, aquelas palavras são... são como um soco no estômago.

— Por que liga tanto pro que elas dizem? Elas não sabem sobre você, elas não te conhecem. — Ele gritava alto o suficiente para o pátio todo escutar, mas ninguém estava ali.

— Me desculpa.. — Algumas lágrimas teimosas rolavam pelo meu rosto e eu sentia minhas bochechas corarem. — Eu não... Desculpa. — Disse entre soluços.

Liam suspirou e me abraçou forte. Aquele abraço reconfortante que eu tanto precisava. Não aguentei e chorei ainda mais, fazendo uma pequena mancha em sua t-shirt. Ele me afastou o mínimo possível e me encarou. Suas mãos pararam em minha cintura e logo ele me puxou para um beijo, um beijo intenso e cheio de precisão. Nos separamos já sem fôlego, ambos sorrindo.

— Promete que nunca mais vai fazer isso? — Ele disse quase em um sussurro, suspirei.

— Prometo.

Flashback Off.

Já era quase 2 da manhã quando chegamos em Doncaster. Meus olhos estavam inchados e meu quarto estava uma bagunça. As memórias da noite passada voltavam aos poucos e as lágrimas não cessavam. Começou quando meu pai passou mal durante à madrugada, e bom... quando acordei minha mãe já estava encaixotando as coisas. Passei todo esse tempo pensando em Liam, não queria deixa-lo em Wolverhampton, foi tudo tão rápido e imprevisto que nem tinha percebido que não tinha dito nada à ele. Peguei meu celular e disquei seu número o mais rápido possível, eu só queria ouvi-lo.

"Lucy?" Sua voz estava rouca, acabara de acordar.

"Liam" As lágrimas vieram ao ouvir sua voz e eu soluçava.

"O que aconteceu? Está chorando?" A preocupação na sua voz era evidente, era tão bom saber que ao menos ele se preocupava comigo.

"Meu pai, Liam, ele.." Minha voz falhava e eu não conseguia parar de chorar.

"Oh, não!" Berrou espantado. "Fica calma, tô indo ai.." Ele disse mas eu interrompi.

"Não!" Gritei "Esse é o problema... Eu voltei pra Doncaster."

"O que você está dizendo Lucy?"

"Me desculpa" Disse e desliguei o celular, não queria mais ouvir sua voz, não conseguia, não podia. Eu já tinha o decepcionado demais. Revirei algumas coisas e apenas deitei no chão frio. Meu rosto ardia e lágrimas rolavam pelo meu rosto formando uma pequena poça no chão. Depois de passar muito tempo ali, acabei adormecendo.

[...]

Acordei com o barulho de vidros sendo estilhaçados no chão, abri meus olhos que estavam doloridos e encarei o espelho do meu velho quarto, não devia ter feito isso, minha aparência estava deplorável. Eu amava esse quarto, Doncaster sempre foi meu lugar favorito... Bom, até ir pra Wolverhampton  e conhecer Liam, que me fez gostar de lá apenas por sua causa. como doía pensar nele.

Corri até a cozinha e minha mãe juntava os pedaços de uma xícara velha, Seus olhos estavam inchados e ela apenas sorriu ao me ver.

— Lucy, eu... — Ela tentou explicar, mas eu corri e a abracei.

— Eu sei mãe. — Disse e ela chorava baixinho em meus braços.

— Eu sei que sente falta de Liam. — Ela encarou o chão — Você nem teve tempo de se despedir...

— Odeio despedidas. — Disse sincera, mas ainda assim queria ter visto Liam uma última vez.

— Olaf está lá fora brincando com alguns velhos amigos. — Sorriu amarelo. — Não pode contar pra ele sobre o que aconteceu, não quero que saiba que perdeu o pai tão novo. O melhor a fazer é dizer que ele viajou à trabalho. — Podia sentir a dor na voz dela.

— Tudo bem, não contarei. — Suspirei, não acho certo esconder dele o que aconteceu. — Vou tomar um banho e tentar colocar minha cabeça no lugar, também não está sendo fácil pra mim.

Ela assentiu e eu corri de volta pro quarto, não aguentava mais segurar as lágrimas que estavam acumuladas, entrei no banheiro e bati a porta com força, liguei o chuveiro e deixei que a água quente relaxasse meus músculos. Encarei uma pequena lâmina em cima da pia, queria tanto... Mas tinha que lembrar do que Liam me disse da última vez que se vimos, eu tinha prometido parar, e eu ia.

Sai do banho, que foi demorado, e abri o closet. Ainda estava tudo aqui, todas as minhas roupas... Minha avó havia guardado tudo, sorri levemente e peguei uma das minhas preferidas, uma calça preta rasgada e uma blusa do htcp. Apesar de não ter tido tempo pra arrastar muita coisa de casa, consegui pegar as mais importantes. Abri a pequena bolsa em cima da cama e tirei de lá meu vans preto. Meu rosto caiu quando vi uma foto minha e de Liam dentro da bolsa, peguei o retrato nas mãos e me esforcei pra não chorar. Um sorriso largo se abriu em meu rosto e eu a coloquei em cima do pequeno criado-mudo ao lado da minha cama.

Sai e encontrei Olaf brincando com uns amigos, e minha avó do seu lado, sua expressão era preocupada e eu então corri até ela e a abracei.

— Vovó Olivia — Disse enquanto sorria.

— Lucy! Como você cresceu. — Soltei um "infelizmente" e sorri falso. — Sinto tanto pelo que aconteceu.

— É, eu também — Encarei o chão e mudei de assunto rapidamente. — Como andam as coisas por aqui?

— Bem, como sempre. — Ela sorriu e continuou. — Daqui a pouco o carro da mudança vem deixar algumas coisas que restaram da sua casa.

Assenti e olhei para Olaf brincando, estava tão feliz em ter encontrado os velhos amigos.. Era uma pena que não soubesse Nada do que aconteceu. Suspirei e fiquei lá parada algum tempo, quando escutei uma voz familiar.

— Lucy? — Era Louis. Me virei e vi ele saindo da casa ao lado, a mesma casa. Um sorriso largo se abriu em seu rosto e ele veio até mim. — Não sabia que tinha voltado.

— Não finja que somos amigos. — Revirei os olhos e cruzei os braços. Ele continuava com um sorriso no rosto. Aquele sorriso filho da mãe.

— Quem sabe a gente pode ser. — Sorriu malicioso e me encarou. — Te vejo depois. — Disse e saiu em seu skate.

Eu, Lucy Fontana, amiga de Louis Tomlinson? Jamais.