Stefan está completamente louco. Está nervoso e suado de tanto tremer. Talvez ele não queira atirar. Talvez essa arma seja apenas para meter medo em mim. Essa história de que sou o culpado pela morte de seu irmão não faz sentido algum. William e eu já fomos amigos, por que eu seria o culpado? Lembro do atropelamento, lembro do sangue e de William gritar antes do carro o jogar no chão. Era um domingo quente, William foi na minha casa na parte da tarde, ele queria saber se eu ainda queria aprender a andar de bicicleta. Eu não queria, mas já que não tinha nada para fazer no momento, resolvi ir, para aprender um pouco. A rua estava vazia, só tinha a gente. Nenhum carro. Nenhum visinho. William queria me ensinar a andar de bicicleta porque prometi à ele que, se eu aprendesse a andar, as dez pratas que ganhei da vovó seriam dele. Eu tentava me equilibrar naquela coisa de duas rodas mas não conseguia andar nem um metro. Sempre caía. Saímos da calçada e fomos para o meio da estrada. William achava que eu aprenderia mais rápido se fosse em um piso sem buracos. Estrada sem movimentação. Dois garotos e uma bicicleta. Não imaginavamos que alguma coisa de ruim fosse acontecer. Mas aconteceu... Foi tudo muito rápido, não pude vê o que aconteceu. Eu estava na bicicleta enquanto William a empurrava para eu pegar impulso na velocidade. Um carro veio pela esquerda com toda velocidade, o motorista tentou freiar, mas já era tarde demais. William estava jogado no chão com feridas na testa e na perna esquerda. Desacordado. Todo aquele sangue; William não aguentou a batida. Acabou morrendo.
Foi o que aconteceu. Não fui o culpado de nada.
- Stefan? Por favor, abaixe essa arma, cara! Você não sabe o que está fazendo - disse Cody.
- meu irmão morreu por causa dessa bicha, não vou deixar isso ficar assim, não vou!
- Stefan? Não foi culpa minha, tente entender. Foi um acidente, você sabe disso. Seu irmão e eu éramos amigos.
- cale a boca, bicha maldita!Ele não parava de gritar. Estava sendo controlado pelo ódio que estava sentindo. Estava chorando de raiva.
- vou acabar com sua vidinha de chupão, Isaac - disse Stefan se aproximando da gente.
Cody tenta me proteger. Mas do quê iria adiantar? Stefan estava apontando uma arma para nós, enquanto fazíamos o que seria conveniente fazer. Tentar fazer com que Stefan não faça uma besteira. Usamos a verdade. Mas ele não nos ouvia. Ele atira em uma árvore, testando a arma. O barulho assusta alguns pássaros que saem voando na copa das árvores. Eu também fico assustado. Porque não ficaria? Eu era o alvo.
- ele era meu único irmão, você não poderia ter feito isso comigo, não poderia!
- Stefan? Stefan? por favor! Não... Não faça isso - pedia apavorado - não sou o culpado, não sou...
- mentira!Ele fica mais próximo de mim. Cody quer avançar em cima dele, mas não deixo. O seguro. Tenho medo de que Stefan faça algo de ruim contra Cody.
- o que está acontecendo aqui?
O professor Joseph surge com os outros alunos. Todos ficam apavorados. Notei que o grupo da professora Ágata também está com ele, e vejo July assustada com o que está vendo.
- parado! - grita Stefan, apontando a arma para o professor Joseph - parado se não eu atiro.
- abaixe essa arma Stefan. O que você está fazendo não é certo. Vamos, abaixe a arma - pedia o professor com calma.Cody percebeu que Stefan não estava atento e partiu com tudo pra cima dele, dando um soco no rosto de Stefan.
Corro.
Mas Stefan me vê. Ele ainda está segurando a arma. Quando chego perto do professor, ouço os tiros. Um, dois e três. Penso que os tiros foram em Cody, mas... Sinto uma dor em minhas costas que parecia que estava sendo perfurada e triturada. Vejo sangue. Minha visão fica embaçada. Vou ao chão. Ouço gritos e choros, ouço July chamar por mim enquanto Sangro pela boca. Sinto seus toques em minha face, sinto suas lágrimas caírem sobre minha testa enquanto começava a chorar junto a ela. As vozes vão ficando cada vez mais baixas. A escuridão começa a se aproximar. E simplesmente o que consigo enxergar são vultos, que aos poucos desaparecem, deixando-me dormir em um sono leve e profundo. Simplesmente deixo tudo para trás. Dor, raiva, passado, futuro, família, amigos... Cody.
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Isaac
RomanceVivemos em mundo, onde o preconceito vem à tona, onde a dor precisa ser suportada, para que nos momentos de fraqueza, possamos nos permitir agir de uma forma extremamente agressiva, acorrentado a sensibilidade.