Dizem que o nosso destino é previsto ou escolhido por nós mesmos. Outros dizem que o destino é a consequência das coisas boas ou dos erros do passado. Posso dizer que eu não escolhi meu destino, eu gostaria de estar agora numa festa de Rock In rol, junto com minha turma e não aqui me batizando obrigatoriamente numa igreja evangélica.
Esse é o momento de prestígio dos meus pais. Ontem tivemos uma certa discussão a respeito de minhas escolhas, meus sonhos, minha fé, mas eles não se importam com meus sentimentos. Eu era mais um prêmio que eles faziam questão de mostrar a todos, inclusive os amigos distantes.
_Irmã Francisca, olha só nosso filho. Com certeza Jesus está muito feliz com a escolha dele- dizia meu pai a uma mulher que eu nunca tivera visto antes.
_como é seu nome jovem?- perguntava ela a mim. Eu parei por um instante e pensei se iria responder ou não, mas decidir mostrar o quanto eu sou educado.
_Meu nome é sem escolha, meu pai decidiu por sim me colocar essa honra- saio da frente deles, onde meu pai, me lança um olhar severo e de vergonha ao mesmo tempo.
Eu não queria estar ali, eu encarava tudo aquilo como uma objecção quase louca. Tudo que eu queria era poder esquecer por um minuto tudo aquilo.
Eu passei um grande tempo conversando sozinho e pensando alto, quando percebo uma mão no meu ombro._tudo bem?- reconheceria essa voz em qualquer lugar, era Renato, meu amigo de sempre.
Eu me viro, olho bem em seus olhos escondidos de trás daqueles óculos redondos e digo:
_você poderia me levar para casa? Eu não estou me sentindo bem! Não estou a fim de comemorações!
_ mas hoje é um dia especial, você deveria estar alegre. Realmente não é uma decisão fácil, mas se entregar nas mãos de Deus é...
_Renato, eu não me importo com tudo isso, eu quero mais e estar em casa e apagar esse dia.-interrompo ele com os olhos úmidos, onde ele por si demonstra estar triste com minhas palavras- desculpa Renato, mas, esquece...- saio da frente dele sem olhar para trás e paro quando ouço uma voz.
_Eduardo, eu te levo para casa!- dizia Renato coma chave do carro na mão.
Eu lanço um sorriso discreto e vou até ele com um abraço e saímos daquele prédio amarelo enorme em rumo a garagem que se encontrava ao lado do tabernáculo construído por meu pai.
_Eu posso dirigir?- pergunto a Renato, já sabendo a resposta.
_Eduardo, você tem apenas 14 anos, você não tem carteira de habilitação. -dizia ele com seriedade em suas palavras.
_mas para dirigir o necessário é saber dirigir e não ter apenas um pedaço de papel!
_mas você sabe que nos cristão- eu acompanhava repetindo junto com ele suas palavras- temos de obedecer as leis humanas.
_mas Renato, só hoje... vai...- eu estava quase implorando para ele, quando ele me lançou um sorriso positivo eu sabia que hoje eu iria dirigir seu carro.
_ninguém vai saber disso, né verdade?- ele me joga as chaves e entra pela porta e se senta do meu lado quando eu entro.
Eu me posiciono no Banco do carro e procuro o lugar onde irei encaixar as chaves.
_sabe mesmo dirigir?- perguntava Renato com os olhos arregalados quando percebeu que eu teria tentado colocar a chave propositalmente na entrada USB do rádio.
_É claro que eu sei, já dirigi o carro escondido do papai.- eu disse a ele já encaixando a chave e ligando os motores.
_você realmente é um rapaz bem rebelde.
_rebelde não, inteligente sim!- solto a embreagem e saio rapidamente do local, passando por uns Outros transportes estacionados e desviando de alguns gatos que pareciam por ali.
Eu me sentia bastante a vontade com o Renato, afinal eu considerava ele como meu melhor amigo. Desde quando eu conheci ele, que foi numa tarde, dia da inauguração da igreja, uns 4 anos atrás, ele tem se mostrado confiante e preocupador. Eu admirava isso nele. Seus cabelos longos pretos e o contorno do seu rosto, com os mais belos olhos castanhos escondidos atrás dos seus óculos de grau, fazia dele um homem bem bonito.
Demoremos alguns minutos no carro, depois de termos chegado na minha residência nas ruas das flores.
_posso observar que você não está feliz. Talvez por que você...deixa pra lá.
Eu pensei em questionar, mais eu não me importava. Tudo que estava incluindo minha infelicidade era assunto meu, não gostaria de questionar algo tão doloroso.
_valeu pela carona, eu te ligo depois. Pode ser?- digo ele já saindo do carro, lhe entregando o volante e lhe dando um aperto de mão.
Ele me falará que sempre que precisar de mim,dele estará do meu lado para me ajudar, é eu direi a ele como me sinto agradecido pela determinação e pela sua disposição de me ajudar de qualquer forma.
Entro em casa, deixo pela sala algumas das minhas roupas. A gravata que me apertará joguei no chão e o resto da roupa deixarei no sofá da sala. Me dirigi ao banheiro que se encontrava no cômodo de cima, demorei dez minutos no banho e sai nu até meu quarto, eu já era acostumando andar sem roupa quando ninguém estava em casa, apenas a faxineira que já me vira nu pelos corredores, mas eu não me importava. Entrei no meu quarto, comecei a me vestir. Coloquei uma calça jeans preta, meu tênis Preto com Branco e minha camisa da banda Nirvana, que meu pai odeia desde o dia em que foi comprada. Coloquei meus acessórios, meus fones de ouvido e comecei a ouvir no meu mp3 que ganharei ano passado, um álbum antigo da banda Metálica, e me joguei na cama olhando para o gesso do teto e pensei que ficaria mais bonito se eu apontasse de Preto. Mais essa ideia maluca acabou sendo esquecida, quando vi lá de cima que meus pais acabariam de chegar.
Onde eu pensei: mais uma briga. Principalmente com meu pai, pois minha mãe me entendia as vezes, só não entendia o fato de eu estar abandonado a Deus para pertencer ao mundo governado pelo diabo. Eu me deitei e esperei até que meu pai subisse no meu quarto completamente irado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
As Quatro Estações
RomanceEduardo é um garoto como os outros. deixara de ser evangélico para fazer coisas que sua doutrina religiosa não permitia. ele acabará descobrindo que é filho adotado. ele sai de casa e passa a morar com seu amigo de sempre:Renato. onde ele terá de li...