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//Capítulo 8//


 "Luke, eu preciso de ti!" 


   Eu e o Luke caminhávamos pelo parque lado a lado. Era hora de almoço num fim de semana e seria natural ver famílias a fazerem piqueniques. No entanto, o tempo não era o melhor, estando o céu nublado e com ar de que ia chover, por isso não havia muita gente no parque. Ou seja, eu não me precisava de preocupar com toques indesejados.

   Ele tinha-me convidado para irmos passear e eu, como é óbvio, não recusei. Por alguma razão, nos últimos dias não temos andado muito tempo juntos. Às vezes mandamos mensagens e falamos por chamada de telemóvel, mas são poucas as vezes em que estamos mesmo juntos. 

   Talvez seja apenas a pressão de estar no último ano. Apesar de eu não dar muita importância às notas, eu sei que Luke dá. Claro que não gosto de tirar negativas, mas não estou constantemente a estudar. Já o loiro estuda muito, visto querer tirar notas suficiente boas para ganhar uma bolsa de estudo. As capacidades financeiras dele e da família baixaram, e uma bolsa de estudo seria todo o que ele  precisava. 

   Exatamente por saber que ele quase que se matava a estudar, é que achei estranho ele querer ir passear quando deveria estar a estudar para os exames, que não estavam muito longe.

   Nós estávamos apenas a andar e a ter pequenas conversas sobre nada em concreto. Com frequência mudávamos de assunto, como se o antigo já não tivesse mais nada para ser falado. Havia muita coisa que nós podíamos discutir apenas sobre um assunto, mas parecíamos cansarmo-nos muita depressa de todos os temas.

   Parando de falar sobre o filme que tinha assistido no dia anterior a horas tardias, Luke questionou-me, "Como é que tu e o Calum vão, Alex?"

   Eu sabia que ele não dizia aquilo de uma maneira romântica. Porque haveria de o fazer? O Luke sabia bem que eu e o Calum tanto podíamos estar bem no momento e no outro estarmo-nos a ignorar completamente, e era sobre isso que ele falava.

   "Bem. Normais, aliás." Eu respondi, colocando as mãos nos bolsos traseiros das calças e dando pontapés ás pequenas pedras que estavam no meu caminho. "Acho que já o posso considerar amigo, sabes? Como eu te disse, ele quer ajudar-me, mas ainda nenhum de nós fez nada para que isso acontecesse."

   "Eu não quero que te sintas pressionada. Se não quiseres, não tens que aceitar a ajuda dele." O loiro avisou-me e eu consegui sentir o seu olhar posto em mim.

   "Eu preciso de ajuda, eu quero deixar de ter esta fobia. E não há ninguém melhor para me ajudar do que alguém cujo toque eu não suporto." Eu constatei e um sorriso ocupou o seu lugar nos meus lábios com o pensamento de voltar a tocar nas pessoas sem problemas. "Assim que eu conseguir que ele me toque  sem eu ter um ataque de pânico, significa que a minha fobia já desapareceu. Além do mais, eu não quero ter esta fobia para o resto da minha vida. Eu quero, pelo menos, superar parte dela."

   "Tu é que sabes." Ele encolheu os ombros e voltou a olhar para a sua frente. "Mas, por favor Alexandria, tem cuidado. Nem tu nem eu queremos que vás parar ao hospital porque o teu ataque de pânico te impediu de respirar."

   "Não sejas tão negativo." Eu dei-lhe um encontrão, fazendo-o balançar por não estar à espera. Depois de recuperar a postura, ele pôs o seu braço por cima dos meus ombros. Sempre que estava com o Luke ou a Barbara, aproveitava o máximo de contacto que podia ter. Por pequenos momentos, sentia-me normal. "Então, porquê este passeio?"

   "Já não posso dar um passeio com a minha linda Alex?" Ele fingiu-se de ofendido e eu revirei os olhos à sua atitude. "Eu precisava de falar contigo sobra algo importante, algo sério."

Dark Past || Hood [PARADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora