//Capítulo 15//
Mesmo depois de ter falado com a minha irmã, eu continuava abalada. A minha mãe sabia que o Luke ia embora, mas não sabia nenhuma maneira de me acalmar. Já a Barbara, mal eu lhe contei a novidade, soube muito bem o que fazer. No entanto, era demasiada coisa a acontecer ao mesmo tempo para eu me acalmar.
Quando eu lhe perguntei o que ela sentia devido ao nosso antigo padrasto já estar solto, a resposta da minha irmã surpreendeu-me. Ela dizia que não a afetava minimamente e que ia continuar a viver como se nada tivesse acontecido. Verdade seja dita, ele muito mais como um pai para mim do que era para ela, mas depois do que ele lhe fez (que foi muito pior ao que me fez a mim) como podia ela estar tão calma?
Era isso e não só que me estava a causar imenso stress e ia para a escola nas condições em que eu estava, não era nada adequado. Durante o dia todo eu tinha estado com a cabeça na Lua e não quis saber de nada. Nas aulas, não ouvia o que o professor dizia, ao almoço, deixei o Calum com os seus amigos e fui desenhar a ouvir música, e, quando voltei a casa, vim sem o Calum e sem me preocupar se vinha alguém que me pudesse tocar. Eu não queria saber, mesmo.
Assim que cheguei a casa, deixei cair a mala no chão que estava bastante leve, pois eu tinha deixado os livros no meu cacifo. Segui caminho até ao meu quarto onde, mal cheguei, me deixei cair em cima da minha cama, ainda sem vontade de fazer nada. Virei-me, de maneira a ficar deitada de barriga para cima, e olhei para o teto, fazendo desenhos imaginários no mesmo.
Tirando-me da minha linha de pensamento, a campainha toca. Como eu não queria fazer nada, deixei-me ficar deitada. Também não era como se fosse a minha mãe, ela tinha a chave e nunca chegava tão cedo.
Como eu não fui abrir a porta, esperava que, eventualmente, a pessoa desistisse. Mas, à medida que o tempo passava, os toques eram cada vez mais longos, como se pessoa não largasse o botão. E isso irritava-me tanto. Eu só queria uma tarde de descanso, e nem isso podia ter.
Contra a minha vontade, levantei-me e calcei as minhas pantufas, andando muito lentamente até à porta de entrada. Nem querendo saber, quem era, abri a porta do prédio, quando chegassem ao meu andar eu veria quem era.
Fui-me sentar no sofá, que era bastante perto do hall de entrada, e fiquei à espera. Mas não tive de esperar muito pois, quase tão rápido como me sentei no sofá, também ouvi a campainha. Quando vi que era Calum que se encontrava do outro lado, abri a porta.
"Que queres?" Perguntei, não querendo ser rude, apenas estava genuinamente curiosa.
"Vem comigo." Ele entrou e ia para me agarrar o pulso, mas eu desviei-me mais rápido. O moreno olhou para mim com os olhos arregalados e disse, "Desculpa."
Ignorando, fui direita à sala e sentei-me no sofá, tendo Calum a seguir-me e a fazer os mesmo movimentos que eu. Peguei no comando e liguei a televisão, não dando grande atenção ao rapaz que se encontrava no outro lado do sofá, bem afastado de mim.
"Ouve-me." Ele pediu, e eu assenti, não fazendo caso do que ele dizia. "Tu hoje estás tão estranha. Não tivemos tempo nenhum junto e não nos divertimos como antes. O que é que se passa?"
"Nada." Eu respondi, olhando-o nos olhos, para ele ter a certeza de que eu não o queria enganar. Mas eu queria.
Não é que não confiasse nele, apenas me custava falar de tudo o que se passava a alguém que não fosse a minha irmã ou o Luke. Custava. E se ele me fosse achar fraca por me deixar afetar por uma coisa mínima? Eu não queria isso e, se era para esse tipo de coisas acontecer, mais valia ficar calada.
"Vê lá se percebes." O rapaz começou, mesmo reparando que eu não estava com vontade para aquele tipo de coisas. "Se eu estou a perguntar é porque quero saber. Se eu quero saber é porque me importo. E se eu me importo é porque me preocupo. Ou seja, eu não vou descansar enquanto não me disseres o que se passa e parares de me dar respostas secas." Ao se aperceber que eu não ia responder, Calum continuou. "Eu estou a falar a sério, eu quero mesmo saber o que se passa. Tu estás-me a preocupar e eu não gosto nada disso."

VOCÊ ESTÁ LENDO
Dark Past || Hood [PARADA]
Teen FictionTodos temos um passado. Podemos deixar que esse passado nos afete ou ultrapassá-lo. Ela deixou o passado afetá-la, mas ele tenciona ajudá-la porque também ele sofreu com o passado. Copyright © 1-800-STFU (Carolina) All Rights Reserved