Sammy! Sammy! Sammy...Sam..Sa... a voz foi ficando cada vez mais longe e de repente
-filha, acorda, to te chamando faz tempo, hoje é o dia da nossa mudança, vamos empacotar suas coisas, anda, levanta!
Mamãe continuou falando e foi abrindo as cortinas e puxando meu lençol. Apenas ignorei e fui direto pro banheiro, liguei a torneira e molhe meu rosto com aquela água beeeem gelada, que parecia ter saído direto do congelador a minha torneira, então me peguei me encarando pelo espelho por mais ou menos 1 minuto, escovei meus dentes penteei meu cabelo e desci, lá em baixo estava uma bagunça indescritível e muitas caixas estavam espalhadas pela casa, olhei pra mamãe e ela estava desnorteada, vi Tony meu irmão mais novo correndo com sua capa de super mean. Logo em seguida mamãe me olhou e disse:
-filha? Você ta aqui? Oiiie terra chamando Sammy, filha, pode me ajudar? Pegue seu irmão e leve-o para passear, ele não me deixa arrumar as coisas...
-claro mãe, desculpa estar voando, é que a senhora sabe como eu fico quando acordo! Vem Tony, vamos passear na praça? Oque acha?
Tony parou oque estava fazendo e me olhou com um brilho enorme nos olhos, aqueles olhos, me lembravam o mar de tão azuis que eram, e então perguntou:
-maninha, você deixa eu levar o teddy? Ele vai se comportar eu prometo
.
-Claro, que pode, mas você vai cuida dele, certo?
Certo! Disse Tony que fez sinal de positivo com seu dedão.
Eu sabia que Tony nunca se separava de seu ursinho, nunca mesmo, nem quando precisava fazer suas necessidades, pobre tedy, sempre lá, não importava o momento.
Chegamos na praça. Ouço uma voz bem de longe falando de mim e de Tony, mas ignoro, então se aproxima e cada vez fica mais nítida.
-licença, Oi Sammy- disse uma vizinha de infância de uma de nossas antigas casas que eu não me recordo qual no momento.
-Aah Oi dona... dona...
Júlia...ela completa com um sorriso meio de lado e um olhar sem graça
-então... um clima de silêncio fica no ar até que Tony diz:
-maninhaaa olha, o tio do sorvete, compra um pra mim?
-oh Sammy, se você não se importar, posso levar Tony pra passear, meu filho está aqui, não sei se lembra dele.
Então aponta para um menininho sentado na grama com alguns brinquedos do lado.
-ah sim, pode sim, mas não pode demorar porque estamos de mudança mais uma vez, então tenho que ajudar a mamãe!
-sim, não vai demorar não, venha você também!
Então eu fui, meio sem graça porque eu não me lembrava muito quem era a dona Júlia, só lembrava que uma vez ela fez uma torta de maçã muito gostosa pra mim e pra uma amiguinha de infância, que se eu não me engano era filha dela.
Chegando lá, tinha muitos sabores pra escolher, fiquei em dúvida, Tony pediu de chocolate, e eu decidi que iria pedir de morango porque é muito bom.
Tony me olha com a boca toda suja e diz: ta gostoso, parece que foi a mamãe que fez!
Dona Júlia e eu sorrimos. Ela me olha e diz, -você ficou sabendo oque aconteceu com a minha filha?
Com um olhar espantado e triste digo -não, oque houve?
Júlia me retribui o olhar triste e diz-ela morreu...