Solidão. Era tudo isso que Styles tinha naquele momento, além da imensidão interna, que estava mais para bagunça, como tudo na sua vida, ele também estava uma bagunça. Ele sumiu, mas continuava ali, tinha perdido o rumo, mas continuava andando, e não que ele ligasse pra isso, ele não dava a mínima, porém alguma coisa ainda o mantinha acesso, talvez seja o fogo do cigarro que carregava, ou a lembrança do brilho dos olhos de Tomlinson, ele não sabia o que era, mas queria apagar, apagar cada milímetro de faísca que restava dentro dele, parece ruim mas depois de tanto doer você se acostuma e apenas aprende a conviver com isso.
Harry POV
Chega a ser pesado abrir os olhos, mais um dia eu escuto o despertador, me levanto, e a primeira coisa é lembrar dele, ou melhor, de nós, virou rotina, a necessidade dele já não é mais minha escolha, não é como uma droga, ah, bem que eu queria que fosse, mas o efeito que isso me causa é apenas tristeza, diferente de drogas, afinal, quem não gosta de ficar chapado; mas é viciante, o cheiro dele é como cocaína, quando vão criar a reabilitação para amores?
Hoje fazem 5 meses que ele se foi, que ele disse tudo na minha cara sem dó e simplesmente saiu pela porta, mas eu já deveria imaginar, o que um estudante de medicina, de família rica e religiosa iria querer com alguém como.....eu? Orfão, sem nenhuma perspectiva de vida, que trabalha por um mísero salário para pagar o aluguel, a culpa não é dele, nossos caminhos simplesmente não são para se encontrar, ele merece algo melhor que isso, mas a culpa também não é minha, chega a ser inconsciente, seu olhar me imobiliza, sua voz me atinge como ondas em um dia de tempestade, um domínio avassalador, ele me ajudou a me encontrar, mas do que adiantou se agora eu estou perdido no meio do caminho?
O clima estava frio, as árvores secas, tudo perfeitamente adequado ao meu dia, me levantei da cama e fui direto para o banheiro, e assim começava mais um dia da minha vida interessante, provavelmente o banho é a melhor parte do meu dia, onde eu me sinto 1% mais leve, saio do banho e separo minha roupa, que assim como tudo na minha vida varia muito, botas gastas, calça skinny preta e uma blusa preta, e já é o suficiente, eu não me importo com coisas mais importantes, por que eu me importaria com o pano que eu vou vestir.
Saio de casa e vou andando até o trabalho, trabalho em uma pequena loja de doces no interior da Inglaterra, não recebo um salário milionário mas incrivelmente consigo me manter.
- Bom dia Harry! - disse Miranda, dona do estabelecimento, uma velhinha muito simpática inclusive
- Bom dia Miranda!
- Como vai a vida Edward? - falou rindo, ela sabe que odeio que me chamam de Edward
- A mesma de todos os dias, exatamente a mesma.... - disse entrando para os fundos da loja, onde coloquei meu uniforme.
Tenho que confessar que ficar atrás de um balcão por horas e horas não é a coisa mais interessante do mundo, principalmente quando eu sou forçado a interagir com pessoas estúpidas e desconhecidas, mas com certeza é melhor que dormir em um pedaço de papelão na esquina.
Ultimamente eu venho sentindo dores de cabeça estranhas, senhora Miranda disse que eu preciso de um médico, mas eu não tenho tempo muito menos dinheiro para isso, e eu não estou vomitando sangue, são apenas dores de cabeça, nada que uma aspirina não resolva; talvez todo o estresse sobre o Tomlinson seja a causa, isso mesmo, estresse e apenas isso.
De repente os níveis pioraram muito, uma dor agoniante martelava minha cabeça, sentia náuseas fortes como se eu estivesse em um navio dando a volta ao mundo, o meu corpo não era mais controlado por mim mesmo, equilíbrio era algo praticamente impossível.
-Ha-harry? Você está bem? - disse Miranda colocando a mão levemente na minha testa, com um ar de desespero
E meus olhos caíram, pesados, como âncoras, levando meu corpo junto, me senti um edifício desabando, literalmente desabando.
Meus olhos abriram pesados, novamente, mas dessa vez ainda mais pesados, como e eu tivesse dormido por dias seguidos, aliás, aonde eu estou?
Forcei um pouco a vista, e um hospital? Oi?
Esfreguei meus olhos pra ter certeza que não era mais um sonho estranho, e não, não era, e eu nunca estive tão perdido, em um lugar que eu não conheço, por um motivo que eu não sei qual é.
Minha cabeça doía, tento me levantar e tudo volta a rodar novamente
- Calma, você ainda está debilitado -ouvi uma voz familiar vindo da porta do quarto-
Caí na cama e abaixei a cabeça fechando os olhos com força, esperando a dor aguda passar, não passou....
Levantei a cabeça para olhar de quem era a tal voz familiar, mas, ele? ELE?