Capítulo 11

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Horas mais tarde

"3 de novembro de 2000,

vai cerca de um mês desde que não escrevo. Isto tem andado uma confusão que não passa pela cabeça. Pessoas a correr para um lado, outras para o outro, gritos aqui, gritos acolá. À noite mal consigo dormir. Os dias parece que estão a passar cada vez mais depressa e não consigo esconder a minha angústia, o meu medo, o meu receio, tudo está mais à tona. Todos os que me rodeiam começam a ficar cada vez mais preocupados. Mal durmo, noites que passo em claro a pensar nisto tudo, no dia a seguir estou cheio de sono e a beber chávenas e chávenas de café. Depois, a Maisie refila que o café faz mal ao fígado e que, a esta velocidade, o tenho péssimo. Nem ligo. De momento, esse é o menor dos meus problemas. Na cabeça, tenho a ideia de que isto é errado e que haverá pessoas a morrer, pessoas a perder o pai, o filho, o namorado e todos os graus de parentesco que existem. Isso arrepia-me e deixa-me cada vez mais stressado e com menos sono. As coisas estão a ser preparadas muito tempo- que até lhe perdi a conta- e, dentro de duas semanas, vou embarcar para a Austrália. Vou deixar a minha família e os meus amigos todos aqui, à espera, durante não sei quanto tempo, para saber se estou morto ou vivo. Arrepia-me o facto de deixar dois filhos pequenos. Tenho medo de morrer sem a Eveline ter muitas memórias minhas. Ela é tão pequena e indefesa! Pelo menos, se tal acontecer, ela terá sempre o irmão mais velho com ela para a proteger. Nem eles, nem ninguém que eu amo, incluindo a Maisie, merece sofrer com a minha morte. Vou fazer de tudo para voltar para casa vivo. Se tal acontecer, vou levar comigo as mortes que acontecerem naquele campo. Se não sobreviver, levá-las-ei com a minha morte."

Quando eu e Luke acabámos de ler isto, lágrimas escorriam compulsivamente pela minha cara.

-O meu pai só queria sobreviver e, no final, morre. É injusto!- falei, revoltada, ao mesmo tempo que chorava. Encostei a cabeça ao peito dele e respirei fundo.-Como é que, agora, vou lidar com isto?- provavelmente é uma pergunta retórica!

-Há pessoas que não conseguem.- atirou logo.

-Bela ajuda!- ripustei.- Não era preciso seres tão direto! Às vezes isso dói!

-Desculpa! Não foi com intenção, mas como perguntaste! És uma pessoa forte e lutadora. Vais ver que vais conseguir ultrapassar isto, demore o tempo que demorar e leve o tempo que levar. Sei que perder alguém que amamos muito custa. Contudo, não sei quanto é que custa quando se é demasiado pequeno.- disse, enquanto me afagava o cabelo. Sento-me tão segura quando estou com ele. Parece que nada de mal me vai acontecer. Senti-me sempre assim ao pé do meu irmão. E ainda me sinto. São os meus portos de abrigo, assim como a minha mãe. Quando me ia abaixo, aqueles momentos de fraqueza quando eu chorava e chorava, eles estavam sempre lá, a consolar-me. Agora, tenho mai um e agradeço por isso. 

-Bolas!- a sua voz soou alarmada.

-O que é que se passa?- questionei-o, enquanto levanta a cabeça e o olhava nos olhos. Aquele tom alarmado não é, de certeza, coisa boa.

-Acho que me esqueci de ligar à minha mãe devido ao pedido do diário.- revelou-me.

-Pressa e urgência é o que necessitamos, mas não assim tanta. Liga já à tua mãe. Vê se está no Skype ou coisa assim e pede-lhe. Se ela fizer muitas perguntas, vai enrolando. Não podemos dar muita cana. Os nossos pais não podem nem sonhar o que se está a passar. Aí é que seria um caso complicado.

-E se o meu pai descobrir? Sabes muito bem como ele é, Eveline! Se ele sonhar ou souber, vai virar meio mundo ao contrário.

-Eu trato-lhe da saúde nessa altura. Não te preocupes.- Não o posso ouvir falar sobre o pai. Tudo bem que é o pai dele, sangue do seu sangue, contudo, dá-me dores de cabeça. Preciso de muito tempo até digerir bem isto tudo e me relacionar minimamente bem com o dito cujo senhor.

-Vê lá o que é que vais fazer! Mesmo depois do que ele me fez e do que eu lhe disse, ele continua a ser meu pai! Precisamos do máximo cuidado possível. A minha mãe é muito cuidadosa nestas coisas e nunca diz nada. Ela também sabe muito bem com que tipo de homem se casou e sabe muito bem como ele reage às coisas que não lhe agradam.

-Eu também sei. Não tanto como vocês, mas já presenciei uma cena. Não fiquei nada com uma boa imagem dele. Quer dizer...Nunca tive!- admiti-o. Não tenho vergonha nenhuma de dizer isso. Se tivesse uma boa imagem dele, nunca teria feito o que fiz. Antes, mesmo sem saber como eles eram, não tinha uma grande admiração por eles! Quando conheci Luke, e depois de uns bons dias, a minha opinião sobre ele mudou totalmente. Ele super diferente do pai, nem se assemelham. O pai é arrogante, frio, prepotente, egoísta, enfim, já nem sei como descrevê-lo. Ao invés, Luke é querido, amável, amigo, amoroso, tudo de bom. Por vezes, o seu mau feitio estraga as coisas, mas compreendo-o perfeitamente! O meu feitio, em certas situações, não é do melhor! Contaram-me que o meu pai tinha esse feitio. Ora, herdei algo dele, mas não do melhor. Enquanto ele falava com a mãe e ela perguntava se estava tudo bem, o que se tinha passado e isso tudo, eu tratava das coisas do Andy. Estava tão concentrada nas minhas coisas, que nem ouvia Luke a chamar-me, até ele mandar um berro que me fez saltar devido ao susto que apanhei.

-O que foi?- questionei-o. A minha respiração ficou um pouco alterada e o meu coração a bater muito rápido.

-A minha mãe quer falar contigo.- respondeu-me. Aproximei-me dele, que se encontrava à frente do computador a falar com a mãe dele por Skype. Cumprimentámo-nos e estivemos a falar durante algum tempo. No final, e antes de desligarmos a chamada, ela disse para não nos preocuparmos que nos enviaria, o quanto antes, o diário. Disse ter suspeitas de alguns lugares onde ele pudesse estar. Um deles era o cofre do escritório. Por sorte, o Luke sabe o código e ela também. Alguma coisa de bom nisto tudo. A mãe dele é super querida, simpática, amorosa e linda também. Já sei de quem é que o Luke herdou tantas coisas boas. Pelo menos isso.

N/A: Bem! O diário já está garantido! Vamos lá ver é o que pode acontecer a seguir. Bom ou mau? Só a fic vos pode dizer! Keep reading!! :D


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