epilogo

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Depois que parei de beber sangue humano, tornei-me ainda melhor na audição de um coração batendo, sabendo em um instante, pela velocidade da pulsação, se um humano estava triste, irritado ou apaixonado. Mas eu não ficava muito na companhia de humanos. Depois de partir de Nova Orleans, eu era verdadeiramente uma criatuira da noite, dormindo durante o dia e aventurando-se no mundo apenas quando os humanos estavam seguros na suas camas, em sono profundo.

Mas dessa vez em quando ouvia um coração acelerar-se e sabia que alguém estava subindo por uma janela ou escapulindo por uma porta para encontrar um amante, roubando alguns momentos de intimidade.

Este era o som mais difícil de ouvir. Sempre que eu estava, lembrava de Callie, de seu coração palpitante e do sorriso natural.

Da Callie cheia de vida, sem medo de se apaixonar pro mim, apesar de minha verdadeira natureza. Agora, quando penso em nosso plano de fuga, não consigo deixar de rir amargamente comigo mesmo por ter até pensado que haveria uma possibilidade. Cometi o mesmo erro tolo de quando me apaixonei pela Katherine, acreditando que humanos e vampiros podiam se amar, que nossas diferenças eram apenas um pequeno detalhe facilmente solucionável. Mas não cairia nessa armadilha uma terceira vez. Sempre que vampiros e humanos atreviam-se a se apaixonar, a morte e a destruição eram certas. E eu já possuia em minhas mãos sangue suficiente para uma eternidade.

Eu jamais saberia a extensão dos danos que Damon causava no mundo. Ás vezes via um artigo de jornal ou ouvia trechos de conversas sobre uma morte misteriosa e minha mente de imediato saltava para ele. Eu também tentava escutá-lo, sempre esperando ouvi-lo chamar "mano" com seu exagerado sotaque arrastado.

Mas eu ouvia principalmente a mim mesmo. Quando mais subsistia de sangue animal, matando um ou outro esquilo ou raposa numa floresta, mas meu Poder declinava, até que era simplesmente um bater longinquo no fundo de meu ser. Sem o Poder, perdi a sensação eletrizante de me sentir vivo, mas a culpa que carregava pelo resto da minha existência não era mais afiada. Era uma concessão, das muitas que aprendi a fazer e de muitas outras que ainda faria pela eternidade que se estendia diante de mim.

Assim, jurei que sempre continuaria em movimento, jamais ficaria um lugar por muito tempo ou me aproximaria demais de alguém. Esta é a única maneira de não prejudicar ninguém. Porque Deus nos livre de eu me apaixonar por outra humana...


sede de sangue -diarios de Stefan -vol.2Onde histórias criam vida. Descubra agora