Capítulo 1

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Despertei com o clássico e nada original ruído caústico produzido por aquele conhecido objeto que destroía qualquer tipo de tranquilidade denominado também como despertador que já não tocara à aproximadamente 2 meses. Ergui o meu alto e sensível corpo daquela ampla cama que me envolve a maior parte das noites em sonos profundos e agradáveis. Tudo parece igual, a rotina cumprira-se até a porta do meu quarto ser aberta e eu abandonar o local onde estivera.
Encontrei o rebento da minha família sentado no topo na comprida escadaria com uma das suas pequenas pernas junto ao peito, apertando dessa mesma forma os cordões das suas novas sapatilhas brancas.

"Mana!" - Ouvi altivamente a alcunha designada e dirigida ao meu ser movendo tanto as minhas pálpebras como toda a composição da minha vista para onde os meus ouvidos detetaram o ruído.

"Bom dia Jonnhy" - Repliquei não com tanto entusiasmo mas o necessário para satisfazer o meu pequeno irmão.

Encaminhei o meu olhar para bem junto dos meus pés vendo-os em movimento até à casa de banho.
Sentia a rotina a invadir-me as entranhas, e uma grande e rouca voz questionava-me sobre como me sairia eu no primeiro dia no 10° ano. De seguida um sopro incomodativo e recioso inundara o meu organismo. Tive apenas a oportunidade que libertar o dióxido de carbono presente no profundo dos meus puros pulmões. Estava algo a pressionar-me contra mim mesma.
Realmente uma pessoa tão simples, tão transparente, visto aos olhos de muitos, tão desinteressante e que para pouco servia, se poderia
relacionar com pessoas que nunca tivera visto e dar-se satisfatóriamente bem. Ninguém deseja trabalhar com uma pessoa como eu.
Despertei os meus pensamentos jogando-me água através das palmas das minhas mãos para a minha face fazendo pressão nas minhas pálpebras fechando assim o olhar, barafustei interiormente devido ao quão fria estaria essa mesma água.

Deslizei as minhas confortáveis calças de pijama e de tom escuro pelas minhas finas pernas, sentando-me na sanita.
Escutei o som melodico da minha úrina e após limpar-me, despi-me de todo o vestuario utilizado para dormir. Baixei o meu rosto não encarando o espelho pois, este mostrava-me algo nada positivo e agradável ao meu olhar. Entrei na banheira e por 10 minutos entreguei-me a mim mesma, ao meu interior.
Todos nós pensamos que haverá um dia em que possamos dizer que nos conhecemos totalmente a nós mesmos. Todos os defeitos das nossas pernas, todas as cicatrizes dos nossos joelhos, todas as peles amuntuadas nas nossas coxas denominadas como estrias devido a um passado mais doloroso, estão tal como gravadas na nossa mente e posso afirmar que exteriomente sim, podemos conhecer-nos totalmente. Mas desconhecido é o nosso interior e ninguém poderá dizer-me o contrário.

Realizei o meu pequeno almoço, pressionei contra o meu peito o dossier preto que não coubera na mala também ela preta que trazia pendurada às costas dando-me um ar juvenil.
O meu cabelo de cor castanha, interagira com as conhecidas barbas do meu pai ao fazer as despedidas e votos de confiança

Questiono-me se toda aquela preocupação era verdadeira ou se por acaso os meus expressivos e claros olhos, transmitiam o enfadonho receio e o meu pai tivera necessidade de me oferecer uma palavrinha de conforto.
Tive a oportunidade de soltar um sorriso e abandonar a minha casa com a companhia dos meus fones e a música por eles transmitida, movi os meus pés hesitando a abrir o portão disposta a abandonar totalmente o conforto familiar que tivera por 2 longos meses.

Tal como o Diabo foge da Cruz, eu estaria a fugir ao meu grande receio chamado Escola. Não era exatamente o edifício mas sim as pessoas que lá poderia encontrar ou até mesmo o que essas pessoas me poderiam dizer.

Há exatamente 10 anos atrás, estaria eu a entrar no Primeiro ano, tal como o pequeno Jonnhy, decentemente informada que iria aprender bastante, conhecer novas pessoas e fazer novos amigos. Tudo não bastou de pequenas ilusões ao qual tive de aprender como não ser influenciada.

"Elizabeth, chamo-me Elizabeth" - pronunciei o meu nome quando a professora de Filosofia o perguntou.

Seguidamente, aquela mulher pousou os seus negros olhos nos meus, tentando manipular-me.

"Tenho 15 anos e desejo ser Psicóloga" - Interrompi aceitando o constante silêncio daquela séria mulher produzindo um pouco mais de saliva, engoli a mesma escutando o ruído ao sentir desliza-la pela minha garganta.

Estava presentemente a contribuir para um trágico e desconfortável momento.

"O seu colega da Direita é?" - Questionou-me e deslizou a sua vista para a minha direita. Todas as atenções foram dispostas até ao pobre rapaz que iria enfrentar a imensa Rudez da professora de Filosofia.

Desliguei. Naveguei nos meus intensos pensamentos. Revirei o olhar e Voltei a Ligar-me.

A sala encontrava-se vazia, na minha frente estaria a professora a olhar-me de certo modo interessado nos meus lábios deliniados, nas minhas pestanas confusas e certamente nos sinais provocados por intensa exposição ao sol.

"Morte. Desejo. Aflição e Ajuda" - Escutei estas 4 palavras ditas pela mulher na minha frente. Os seus pestanudos olhos transmitiam Medo, os seus carnudos lábios transmitiam Panico, o deliniar das suas sobrancelhas transmitiam Certeza. Sem demora alguma, agarrei nos meus pertences e abandonei, assustada, a sala de aula.

A velocidade dos meus pés que quase corriam, a velocidade dos meus pensamentos que quase entravam em colapso, as minhas questões que quase se atropelavam, os meus fios de cabelo que quase esvoassavam, transmitiam o efeito das 4 palavras que aquela professora me oferecera.

'O que me queria ela transmitir?'.

Era a questão que mais prevalecia na minha mente.

O dia estava quase nomeado por terminado. Agarrei a chávena com água escaldante com sabor a Frutos Silvestres ingerindo-a totalmente voltando a pousa-la na mesa a meu lado na varanda.

O olhar intimidante, as quatro palavras que sairam da boca da professora de Filosofia estavam tal como gravadas na minha mente e, por isso mesmo, gravei-as no meu decorado bloco onde se situavam alguns dos meus pensamentos importantes.

"Beth" - Escutei.

"Bebé da mãe" - Revirei o olhar.

"Vim saber das novidades do primeiro dia de aulas" - Observei finalmente o rosto da minha mãe que espreitava entre os cortinados da comprida e larga janela que ligava o meu quarto à varanda e pude ouvir o seu tom de voz mais alto.

"Obrigada por me teres interrompido os pensamentos" - Resmunguei

"Pensamentos de Senhora Dona Menina Elizabeth, agora sou eu que tenho a palavra" - Exclamou minha mãe.

"Não ocorreu nada demais, obrigada" - Despachei observando o seu corpo a sentar-se na cadeira em minha frente.

"Sabes quem vi hoje?" - Questionou respondendo seguidamente - "A Charlotte".

"Sinceramente nem me interessa" - Conclui honestamente, descaindo ambas as minhas pálpebras e abri a minha boca fazendo uns sons estranhamente indomáveis, também nomeados como Bocejo.

"Vais dormir e trazer-me amanha novidades" - Retoricamente, questionou-me erguendo o seu curvado corpo da cadeira, aproximou os seus lábios da minha testa e beijou-a.

"Até amanha" - Pronunciei entregando-lhe a chávena de chá já vazia.

"Dorme bem" - Desejou-me.

Esperei, ainda sentada numa das cadeiras da varanda, que a minha mãe se retirasse do meu quarto para me ir despachar e dormir.

O primeiro dia de aulas foi inesperado, recioso e sem dúvida alguma, deixou-me de coração cheio de curiosidade. Eu não vou desistir até saber o significado daquelas quatro palavras, prometo.

Ola queridas leitoras, voltei e desta vez é para permanecer.

Numa primeira fase, gostaria que me dissessem o que acharam deste primeiro capítulo e da personagem Elizabeth.
Se for para dar criticas construtivas eu aqui estou para recebe-las.

Não tenho datas de atualização pois é difícil para mim escrever sobre pressão, mas posso tentar!

Alguma dúvida/questão é apenas questionarem-me.

PS: Algum erro de escrita que detetem, Avisem!

Com amor e saudades, J.

M.D.A.A.Onde histórias criam vida. Descubra agora