Despertei com o clássico e nada original ruído caústico produzido por aquele conhecido objeto que destroía qualquer tipo de tranquilidade denominado também como despertador que já não tocara à aproximadamente 2 meses. Ergui o meu alto e sensível corpo daquela ampla cama que me envolve a maior parte das noites em sonos profundos e agradáveis. Tudo parece igual, a rotina cumprira-se até a porta do meu quarto ser aberta e eu abandonar o local onde estivera.
Encontrei o rebento da minha família sentado no topo na comprida escadaria com uma das suas pequenas pernas junto ao peito, apertando dessa mesma forma os cordões das suas novas sapatilhas brancas."Mana!" - Ouvi altivamente a alcunha designada e dirigida ao meu ser movendo tanto as minhas pálpebras como toda a composição da minha vista para onde os meus ouvidos detetaram o ruído.
"Bom dia Jonnhy" - Repliquei não com tanto entusiasmo mas o necessário para satisfazer o meu pequeno irmão.
Encaminhei o meu olhar para bem junto dos meus pés vendo-os em movimento até à casa de banho.
Sentia a rotina a invadir-me as entranhas, e uma grande e rouca voz questionava-me sobre como me sairia eu no primeiro dia no 10° ano. De seguida um sopro incomodativo e recioso inundara o meu organismo. Tive apenas a oportunidade que libertar o dióxido de carbono presente no profundo dos meus puros pulmões. Estava algo a pressionar-me contra mim mesma.
Realmente uma pessoa tão simples, tão transparente, visto aos olhos de muitos, tão desinteressante e que para pouco servia, se poderia
relacionar com pessoas que nunca tivera visto e dar-se satisfatóriamente bem. Ninguém deseja trabalhar com uma pessoa como eu.
Despertei os meus pensamentos jogando-me água através das palmas das minhas mãos para a minha face fazendo pressão nas minhas pálpebras fechando assim o olhar, barafustei interiormente devido ao quão fria estaria essa mesma água.Deslizei as minhas confortáveis calças de pijama e de tom escuro pelas minhas finas pernas, sentando-me na sanita.
Escutei o som melodico da minha úrina e após limpar-me, despi-me de todo o vestuario utilizado para dormir. Baixei o meu rosto não encarando o espelho pois, este mostrava-me algo nada positivo e agradável ao meu olhar. Entrei na banheira e por 10 minutos entreguei-me a mim mesma, ao meu interior.
Todos nós pensamos que haverá um dia em que possamos dizer que nos conhecemos totalmente a nós mesmos. Todos os defeitos das nossas pernas, todas as cicatrizes dos nossos joelhos, todas as peles amuntuadas nas nossas coxas denominadas como estrias devido a um passado mais doloroso, estão tal como gravadas na nossa mente e posso afirmar que exteriomente sim, podemos conhecer-nos totalmente. Mas desconhecido é o nosso interior e ninguém poderá dizer-me o contrário.Realizei o meu pequeno almoço, pressionei contra o meu peito o dossier preto que não coubera na mala também ela preta que trazia pendurada às costas dando-me um ar juvenil.
O meu cabelo de cor castanha, interagira com as conhecidas barbas do meu pai ao fazer as despedidas e votos de confiançaQuestiono-me se toda aquela preocupação era verdadeira ou se por acaso os meus expressivos e claros olhos, transmitiam o enfadonho receio e o meu pai tivera necessidade de me oferecer uma palavrinha de conforto.
Tive a oportunidade de soltar um sorriso e abandonar a minha casa com a companhia dos meus fones e a música por eles transmitida, movi os meus pés hesitando a abrir o portão disposta a abandonar totalmente o conforto familiar que tivera por 2 longos meses.Tal como o Diabo foge da Cruz, eu estaria a fugir ao meu grande receio chamado Escola. Não era exatamente o edifício mas sim as pessoas que lá poderia encontrar ou até mesmo o que essas pessoas me poderiam dizer.
Há exatamente 10 anos atrás, estaria eu a entrar no Primeiro ano, tal como o pequeno Jonnhy, decentemente informada que iria aprender bastante, conhecer novas pessoas e fazer novos amigos. Tudo não bastou de pequenas ilusões ao qual tive de aprender como não ser influenciada.
"Elizabeth, chamo-me Elizabeth" - pronunciei o meu nome quando a professora de Filosofia o perguntou.
Seguidamente, aquela mulher pousou os seus negros olhos nos meus, tentando manipular-me.
"Tenho 15 anos e desejo ser Psicóloga" - Interrompi aceitando o constante silêncio daquela séria mulher produzindo um pouco mais de saliva, engoli a mesma escutando o ruído ao sentir desliza-la pela minha garganta.
Estava presentemente a contribuir para um trágico e desconfortável momento.
"O seu colega da Direita é?" - Questionou-me e deslizou a sua vista para a minha direita. Todas as atenções foram dispostas até ao pobre rapaz que iria enfrentar a imensa Rudez da professora de Filosofia.
Desliguei. Naveguei nos meus intensos pensamentos. Revirei o olhar e Voltei a Ligar-me.
A sala encontrava-se vazia, na minha frente estaria a professora a olhar-me de certo modo interessado nos meus lábios deliniados, nas minhas pestanas confusas e certamente nos sinais provocados por intensa exposição ao sol.
"Morte. Desejo. Aflição e Ajuda" - Escutei estas 4 palavras ditas pela mulher na minha frente. Os seus pestanudos olhos transmitiam Medo, os seus carnudos lábios transmitiam Panico, o deliniar das suas sobrancelhas transmitiam Certeza. Sem demora alguma, agarrei nos meus pertences e abandonei, assustada, a sala de aula.
A velocidade dos meus pés que quase corriam, a velocidade dos meus pensamentos que quase entravam em colapso, as minhas questões que quase se atropelavam, os meus fios de cabelo que quase esvoassavam, transmitiam o efeito das 4 palavras que aquela professora me oferecera.
'O que me queria ela transmitir?'.
Era a questão que mais prevalecia na minha mente.
O dia estava quase nomeado por terminado. Agarrei a chávena com água escaldante com sabor a Frutos Silvestres ingerindo-a totalmente voltando a pousa-la na mesa a meu lado na varanda.
O olhar intimidante, as quatro palavras que sairam da boca da professora de Filosofia estavam tal como gravadas na minha mente e, por isso mesmo, gravei-as no meu decorado bloco onde se situavam alguns dos meus pensamentos importantes.
"Beth" - Escutei.
"Bebé da mãe" - Revirei o olhar.
"Vim saber das novidades do primeiro dia de aulas" - Observei finalmente o rosto da minha mãe que espreitava entre os cortinados da comprida e larga janela que ligava o meu quarto à varanda e pude ouvir o seu tom de voz mais alto.
"Obrigada por me teres interrompido os pensamentos" - Resmunguei
"Pensamentos de Senhora Dona Menina Elizabeth, agora sou eu que tenho a palavra" - Exclamou minha mãe.
"Não ocorreu nada demais, obrigada" - Despachei observando o seu corpo a sentar-se na cadeira em minha frente.
"Sabes quem vi hoje?" - Questionou respondendo seguidamente - "A Charlotte".
"Sinceramente nem me interessa" - Conclui honestamente, descaindo ambas as minhas pálpebras e abri a minha boca fazendo uns sons estranhamente indomáveis, também nomeados como Bocejo.
"Vais dormir e trazer-me amanha novidades" - Retoricamente, questionou-me erguendo o seu curvado corpo da cadeira, aproximou os seus lábios da minha testa e beijou-a.
"Até amanha" - Pronunciei entregando-lhe a chávena de chá já vazia.
"Dorme bem" - Desejou-me.
Esperei, ainda sentada numa das cadeiras da varanda, que a minha mãe se retirasse do meu quarto para me ir despachar e dormir.
O primeiro dia de aulas foi inesperado, recioso e sem dúvida alguma, deixou-me de coração cheio de curiosidade. Eu não vou desistir até saber o significado daquelas quatro palavras, prometo.
Ola queridas leitoras, voltei e desta vez é para permanecer.
Numa primeira fase, gostaria que me dissessem o que acharam deste primeiro capítulo e da personagem Elizabeth.
Se for para dar criticas construtivas eu aqui estou para recebe-las.Não tenho datas de atualização pois é difícil para mim escrever sobre pressão, mas posso tentar!
Alguma dúvida/questão é apenas questionarem-me.
PS: Algum erro de escrita que detetem, Avisem!
Com amor e saudades, J.
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M.D.A.A.
Teen Fiction"A minha vida está por um fio" ... "Eu tenho a certeza que esta noite irá ser a última" ... "Larga-me" ... "Não entendo o que me queres dizer quando me avisas para ter cuidado" ... "Continue, o seu caso interessa-me" ... Oposições, contrastes, medos...