Capitulo 4: O passado tem meu telefone

15.1K 1K 64
                                    

"Encontrá-la é como uma bênção, uma oportunidade de desfazer as dores do passado... Ainda não vislumbra, mas ela é o farol que ilumina meu caminho na escuridão."

Capitulo 4

Erick:

Erick:

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


O dia amanheceu nublado, e o grande relógio de parede anunciava que eram seis e quinze da manhã. Olhei em volta e meus olhos pousaram na porta do quarto de visitas, onde Chloe ainda dormia. Ver ela ali me fazia pensar que, pela primeira vez na vida, eu havia acertado em algo. Não era apenas pelo jogo... Ela, sem dúvida, é uma das mulheres mais incríveis que já conheci.

Chloe nunca foi como as outras garotas. Nunca demonstrou ciúmes nem me pressionou por ser quem eu sou. Nossa relação é baseada em gestos e carinhos que sentimos um pelo outro. Sinto-me atraído por sua personalidade, seu jeito meigo de enfrentar e vencer as dificuldades. Para Chloe, tudo pode ser resolvido. Sempre há uma solução. Mesmo nos dias mais escuros e nublados, ela consegue sorrir, acreditando que o sol irá brilhar no final da tarde... E parte de mim se odiava por fazer isso com ela, mas outra parte era egoísta demais para mandá-la embora.

O telefone tocou, e eu nem precisei olhar no visor para saber quem estaria me ligando tão cedo. A voz irritante e bêbada denunciava uma longa noite de farra, e isso me incomodou:

- Stela... O que você quer? Poderia esperar o dia clarear primeiro antes de me ligar.

- Oi amor, estou com saudades também. Fico feliz que se importe comigo. - Ela conseguia ser terrivelmente sarcástica, e essa era a pior parte de tê-la como inimiga.

- Quer dinheiro? É claro que quer dinheiro. Você só pensa nisso.

- Não reclame. As coisas não estão acontecendo como eu esperava. Erick, precisamos comer. Alguma vez saiu do conforto do quarto para ir ao mercado? Os preços estão matando pobres condenados.

- Fale para o seu irmão fazer as coisas direito, Stela. Não quero ter que resolver as coisas de forma agressiva. Se ele estivesse fazendo a parte dele, você não precisaria ficar me ligando pedindo dinheiro a cada dois dias. Eu tenho uma vida, e você não está incluída nela. - Como essa situação era difícil.

- Não precisa ameaçar o Pablo. Quem tem uma reputação a zelar é você, amor! Basta um telefonema e eu estrago esse seu rostinho bonito das capas de revistas. Não quero ter que revelar sua sujeira ao mundo. É bem simples... Me dê dinheiro e está tudo resolvido. Você consegue ser tão cruel quando quer, meu amor.

- Vá dormir, Stela, você está bêbada. Vou fazer o cheque e dar um jeito de passar o dinheiro, mas você precisa cumprir a sua parte.

- Relaxe, tendo dinheiro em mãos, sua vida continuará tranquila. Você visitará o Rick? Ele está com saudades...

- Eu não posso assumir esse compromisso agora, e você sabe perfeitamente os meus motivos. – Digo, frustrado.

- Ainda está noivo? Sua mãe concorda com esse casamento, não é? Fico imaginando... O que aquela velha bruxa deve estar pensando! - Ela riu do outro lado da linha. - Éramos felizes, droga!

- Sim. Eu vou me casar. - Respondi, sentindo algo revirar dentro do meu peito ao escutar o que havia acabado de sair da minha boca.

- Você é feliz com ela, Erick? Eu sinceramente não entendo como alguém pode se apaixonar tão rápido por alguém e agir como se nós nunca tivéssemos existido. Eu sei que... - Ela engasgou para falar: - Não sou mulher para você, mas... Era verdade.

- Stela... Foi de verdade. Mas acabou. Chloe é uma boa pessoa, e estamos noivos agora. Sinto muito!

- Não se gabe tanto. Eu também já fui a mulher dos seus sonhos. Quando se trata de você, nada dura para sempre. Te espero aqui com o dinheiro.

Ela desligou, e aquele sentimento estranho me invadiu o peito... Se eu pensasse por um minuto, talvez conseguisse sair do personagem e voltar ao meu antigo "eu". Mas eu não podia.

John Walker tinha um jeito diferente de resolver qualquer problema. Afinal, ninguém estraga a reputação de ninguém morando em um caixão. E eu tinha medo, medo porque as coisas estavam cada vez mais fora de controle. Se Stela não parasse com essas ações, sua vida estaria em perigo e eu não poderia evitar. Meu pai era vingativo e jamais permitiria que uma mulher como ela colocasse em risco sua reputação política. Por outro lado, havia minha mãe, Izabel. Sua voz, dizendo o que eu precisava fazer, ainda martelava em minha mente toda vez que eu fechava os olhos e pensava em retroceder.

Stela era teimosa, uma mulher completamente impulsiva que não controlava seus próprios instintos. Ela me odiava por tudo o que eu tinha feito a ela, e eu sabia que, em algum momento, ela iria explodir.

A porta do quarto se abriu. Chloe conseguia ser esplêndida! O cabelo amarrado em rabo de cavalo, o vestido branco e aquele olhar puro. Aquela garota conseguia encher-me de alegria e corroer-me de culpa toda vez que eu a via. Meu coração sentia pelo passado, por tudo que havia feito, mas, infelizmente, não tinha como voltar atrás... Tudo o que eu podia fazer era aproveitar o hoje e oferecer minha melhor versão aos inocentes.

- Tudo bem, amor? Perdoe-me, eu ouvi você falando alto. – Ela disse, parada em frente à porta. Eu me levantei, puxei-a para perto de mim, encostando a porta atrás de nós, beijei seu rosto, acariciando sua face e dizendo baixinho no seu ouvido:

- Eram apenas alguns investidores, meu amor. - Seus olhos pareciam cansados. – Dormiu? - Perguntei, mudando de assunto.

- Não, quase não dormi. – Ela respondeu, passando os braços em volta da minha cintura.

- Por que não veio até meu quarto? Podíamos ter passado a noite juntos. - Eu sorri para ela.

- Claro que não, Erick! - Vi sua expressão de espanto com a minha sugestão. Como eu amava essa mulher. Ela sorriu, mas parecia chateada.

- Alguém te magoou? Algum dos empregados lhe tratou mal?

- Para, Erick! É claro que não. Passei a noite trancada no quarto, é que... Tudo é muito novo para mim. Até poucos meses atrás, eu estava pensando sobre o que faria da minha vida. E agora estou aqui com você. Sou sua noiva... Vamos nos casar. E eu tenho pensado: será que sou mulher o bastante para você?

- Qual a razão da sua insegurança? Pensar que eu já tive mais garotas do que posso contar me rodeando? Eu entendo. Sou o seu primeiro namorado, então você jamais vai entender o que vou lhe dizer agora... Mas eu passei minha vida inteira de mulher em mulher, mas não me sentia completo. Sempre faltava alguma coisa. Por mais bonita que fosse... Por mais legal ou inteligente, era vazio. E você preenche tudo isso. Eu me sinto como se tivesse ganhado na loteria sem jogar. Porque, se o mundo soubesse a mulher maravilhosa que você é, eu teria que duelar em um campo de batalha para chamar sua atenção para mim.

Ela sorriu. Aquele sorriso bobo de menina apaixonada. E eu continuei a acariciá-la:

- Vamos tomar café? Café é o primeiro passo para resolver as chateações. O segundo passo... São beijos. Beijos sempre resolvem tudo. E eu posso te beijar quantas vezes quiser. - Pisquei para ela.

Abri a porta do quarto e a acompanhei. Thomas coincidentemente saiu do seu quarto. Ele olhou para Chloe com aquele olhar de predador. Eu a beijei, entrelaçando-a em meus braços. Ele precisava saber que ela era minha, e ele iria precisar de muito, mas muito esforço para afastá-la de mim.

Aliança PerigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora