Sexta-feira em Olinda.

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Era um fim de tarde numa sexta-feira qualquer do mês de Setembro numa não tão fictícia Olinda. Dois amigos, grandes amigos, Henrique e Thiago, amargavam no tédio as rotineiras mesmices de sempre. 

Fizeram uma rápida pesquisa de seus poucos recursos financeiros e ambos contaram cerca de vinte reais cada um, fruto do trabalho de Freelancers no dia anterior. Vendo que aquele dinheiro era suficiente para, ao menos, mudar o destino para qual se encaminhava aquela noite, decidiram sair para não amargarem no inútil ócio e desperdiçar aquela noite que já se via chegando após o modesto pôr do sol.

Foram para suas casas e se arrumaram. Às 8 horas estavam ambos no Terminal de Rio Doce, entrando no Princesa Isabel a caminho do Recife Antigo em busca d'um veneno anti-tédio; e em noites preguiçosas de sexta-feiras como era aquela, Olinda, que humilhantemente desempenha um papel de dormitório de Recife, descansa pela semana cansativa de trabalho de seus moradores e isso acarreta numa viajem rápida de Olinda à Recife naquele horário; sem engarrafamentos e com poucas pessoas dentro do ônibus. Entretanto isso, nada mudaria como os dois amigos agiriam nele. Falavam sobre temas diversos, mas sempre acabavam por falarem sobre música e nem perceberam como, em menos de uma hora, já estavam lá.

Em sua jornada contra o tédio, os dois amigos obtiveram êxito.
Encontraram uma boa banda num bom, mas nem tanto, bar; entretanto não entraram e foram para a parte de trás do bar onde se dava para ouvir perfeitamente o show e se vendia bebida por três vezes mais barata que lá dentro. Era uma prática como dentre muitas pessoas, visto que tinha três vezes mais pessoas fora que dentro - se o dono fosse um pouco mais esperto, colocaria alguém com um isopor lá e venderia pela metade do preço que vende dentro, ainda seria caro mas acho que, talvez, ele ganhasse um pouco mais. 

E as horas foram se passando. Os dois conversaram e riram e encontraram rostos conhecidos que há muito não viam; mataram saudades e tudo mais. A noite estava salva e eles também, principalmente quase se materializa diante deles a figura de André que veio de algum lugar que os dois desconheciam e que trazia consigo suas pequenas parcelas em gramas de reservas "florestais" e jogaram algum conhecimento corriqueiro que André falava nas suas risadas extravagantes para dentro de seus pulmões.

Mas era chegada a hora de voltar. E apesar de não terem levado muito, eles não haviam gastado todo o dinheiro e o fim de semana só estava começando para eles.

—Espero não estar errado, mas esse fim de semana será bom. Algo acontecerá. O tédio não irá nos vencer. Pelo menos não nesse. -disse Henrique.

—Espero.

—E então, ainda tas tentando pegar aquela mina?

—Meu velho, ta difícil. Ela veio com umas conversas estranhas de namoro sério e eu tive que me sair. -respondeu Thiago.— Tá complicado ter uma trepada com uma menina decente.

—To ligado, por isso digo: As virgens que me perdoem mas prefiro as devassas.

—É, toda vez que tu diz isso sinto o cheiro de AIDS.

—Vá se fuder seu maldito, vá agourar sua mãe.

—Hahaha... Mas isso é fato.

—Foda-se.

—Vamos embora, logo mais passará o Bacurau.

O Show Tem Que ContinuarOnde histórias criam vida. Descubra agora