Quando Harry olhou para o lado e viu Louis ali, deitado, de olhos fechados, sem expressão nenhuma naquela caixa de madeira desprezível, ele não sentiu seu coração bater.
Tudo que ele sentia era um nó se fechando cada vez mais em sua garganta, o fazendo ficar sem ar e com uma vontade enorme de chorar todo o líquido existente em seu corpo. Mas o que o fazia forte o suficiente para não se desmanchar ali mesmo era o pequeno Ollie, que observava todas aquelas pessoas de preto chorando, e seu pai ali, dormindo tranquilamente. Ele não sabia, e talvez, se Harry pudesse, ele nunca saberia que Louis nunca mais iria o levar para jogar ou assistir futebol no parquinho, nunca mais o acordaria para ir à escola, nunca mais abriria os olhos.
Ollie foi adotado por eles um ano atrás, quando decidiram que estava na hora de construir uma família. E estaria tudo perfeito se não fosse a teimosia de Louis em sair de carro naquela noite chuvosa, ocasionando num acidente horrível, que o partiu no meio. E partiu Harry também, no instante em que soube do ocorrido. Ele simplesmente pirou, quebrando tudo o que encontrava pela frente e gritando por seu marido. Ninguém conseguia segurá-lo, até que Ollie entrou em sua frente, erguendo os bracinhos curtos como se dissesse "pare, papai", fazendo Harry deixar sua mão parada no ar, segurando um vaso de porcelana que estava prestes a jogar na parede. Ele olhou para o garotinho, observando seus grandes olhos castanhos cintilarem por causa das lágrimas que se formavam ali.
Harry caiu em seus joelhos, sendo prontamente abraçado pelo filho, que pulou e agarrou seu pescoço, passando a mãozinha minúscula por seus cabelos. O cacheado apenas apertou Ollie em seus braços, deixando o objeto de lado e chorando no ombro de uma criança de um ano. Ele não sabia mais onde podia chegar.
Talvez ele não chegasse a lugar nenhum sem Louis.
E agora, olhando para seu rosto pálido e sem nenhuma reação, ele desejou ter saído em seu lugar naquela noite. Seria muito mais fácil, pensou.
"Papai..." Ollie choramingou, apertando os olhos na direção de Harry, passando uma expressão de "Não quero mais ficar aqui e olhar para o corpo dele". E o homem entendeu, pegando o filho em seus braços e passando por toda aquela gente desconhecida, que só sabe que você existiu quando a morte te carrega. Ao chegar no carro, quis colocar o garoto ao seu lado no banco da frente, para se certificar que ele estaria ali consigo por todo o caminho, mas pensou que seria perigoso e ele poderia vigiá-lo pelo retrovisor mesmo. Depois de colocar o gaoto na cadeirinha, abriu a porta do motorista e entrou, ligando a ignição e arrancando dali.
Por toda a estrada, ele apertava o volante com força, se concentrando em não chorar ali, e pensando em bater no primeiro veículo que entrasse a sua frente. Mas ele tinha que lembrar que não estava sozinho, e não podia pensar apenas em si mesmo.
Já anoitecia quando eles chegaram em casa, e Ollie já estava adormecido no banco, com a cabeça inclinada para o lado e a boca minimamente aberta, exatamente como Louis costumava fazer. Harry apertou os lábios, pegando o garotinho no colo e entrando, vendo que a bagunça que ele tinha feito noite passada já estava limpa. Passou pela sala, indo até o quarto do pequeno, sendo acolhido pelo ar quente e aconchegante que aquele cômodo sempre oferecia. Isso porque fora decorado em mínimos detalhes por Louis, que fez questão de escolher cada mísero brinquedo que Ollie teria.
"O que você acha de azul, amor?", perguntou, olhando um folheto cheio de amostras de cores para a parede.
"É lindo, eu aprovo. Então cada vez que entrarmos aqui, vou lembrar dos seus olhos e me apaixonar cada vez mais"
Louis levantou o olhar para o marido, abrindo um sorriso e indo até ele, se apoiando em seu peitoral e ficando na ponta dos pés para deixar um selinho nos lábios do outro.
O garotinho soltou um suspiro, apertando a blusa do pai entre seus dedos, o lembrando de que ele ainda estava ali. Harry limpou as lágrimas que nem percebeu terem caído e o colocou no berço, se abaixando para deixar um beijo na testa do filho e saindo do quarto.
Ele retirou seus sapatos, indo até a varanda, e sentindo o vento frio se chocar contra seu rosto. Se apoiou sobre a grade gelada, olhando o horizonte, antes de se atentar às estrelas, suspirando fragilmente ao imaginar que o céu havia ganho mais luz para si, mesmo que ela seja arrancada de forma tão bruta da vida de Harry. Ele não estava triste como antes, pois ali, naquele mesmo momento, ele sentiu os braços quentes de Louis o envolver, transmitindo o calor que ele precisava. E ele soube, que não importa quanto tempo passasse, ele iria olhar para o lado e ver Louis ali.
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beside you ↭ l.s.
Fiksi Penggemar(short-fic) Desde que Harry e Louis se conheceram, souberam que nunca mais iam se separar.