Coragem Roubada

O Convite

Era uma tarde de sexta-feira do mês de agosto do ano de 1986. O garoto Júnior morava no mesmo quarteirão que havia uma velha serralheria, que nos fundos possuía uma velha casa abandonada com uma varanda enorme e uma esfarrapada rede que insistia em resistir a ação do tempo. Uma enorme árvore que sombreava tudo ao redor, produzia amêndoas em abundância e um intrigante balanço velho pendurado em um de seus galhos e que teimava em balançar de vez em quando, quer estivesse ventando ou não. Diziam que a casa pertenceu a um casal e seu filho, que morreu precocemente e sem muitas explicações pra comunidade local da época, poucos anos depois morreu também a mãe e algum tempo mais tarde o pai. Ninguém nunca foi encontrado para assumir parentesco ou reclamar herança. Muito se ouvia falar de vultos, vozes, aparições fantasmagóricas e todo tipo de presságio dessa natureza naquele local. O que o fazia ser um lugar muito pouco frequentado. Sempre muito evitado, sobretudo pelas crianças da comunidade. A serralheria pertencia a um senhor, que era um velho amigo do pai do garoto Júnior, que acabara de chegar em casa vindo da serralheria com um recado do proprietário para ele.
- Júnior, Renato falou que se vc quiser pode ir até lá 'catá' amêndoa! Mas tem que ser logo porque ele vai fechar lá as 18 horas.
- OK papai, eu tô indo então.
- Ah, leva uma sacola plástica grande que ele disse que tem bastante.
- Certo pai...