Day eighteen

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N/A: que tal um POV Louis?

A noite estava se aproximando, os tons alaranjados e rosados tomavam conta do céu, o sol indo embora e as estrelas aos poucos aparecendo. Meu ombro estava encostado à parede gélida, de cima eu podia ver todos os carros correndo, as luzes sendo acesas e apagadas. Pessoas andavam rapidamente e pareciam formigas de tão longe.

O bipe constante dos aparelhos às minhas costas parecia perfurar meu cérebro, como se entrasse em meus ouvidos e transmitisse uma dor comparada ao câncer cerebral. A dor em meu peito era profunda na mesma intensidade, o vento assobiava sobre a grande janela fechada, fazendo meu corpo arrepiar-se.

Não queria olhar para trás, não podia. Não queria encontrar Harry entubado e em coma, não queria ver seus batimentos na máquina. Apenas queria vê-lo literalmente vivo novamente.

Bufei, tentando lutar contra as lágrimas que se formavam em meus olhos, pedindo por deus para fugir desse sentimento tão angustiante.

- Oh, Hazz... - Por fim o olhei, seus olhos fechados e a máscara cobrindo boa parte de seu rosto, seus pulmões não trabalhavam da forma correta e o aparelho conectado às suas vias respiratórias fazia o trabalho por eles.

Puxei a poltrona vermelha para perto da pequena cama hospitalar e segurei sua mão. Era extremamente gélida, como se a qualquer momento pudesse congelar. Também estava pálida, assim como seu rosto, tudo nele demonstrava morte neste momento.

Abaixei minha cabeça, colando meus lábios às costas de seus dedos. Respirei fundo várias vezes, sem deixar de pensar no desespero do menino por não conseguir fazer esse movimento tão normal para os outros.

- Não posso te perder, Harry. - Sussurrei baixo, sem levantar o olhar. - Eu nunca pensei que o palhaço em um circo abandonado poderia jogar meu mundo para o ar, nunca pensei que a pessoa que tanto me assustou poderia fazer-me tão bem. Seus pequenos detalhes viraram minha vida por completo, sua bipolaridade me deixou cada vez mais apaixonado. Você mudou todos os meus conceitos, deixou tudo bagunçado e aos poucos ajeitou. Eu só não posso te deixar ir.

Meus olhos estavam tomados por lágrimas, a dor batia com força em meu coração, o fazendo pulsar cada vez mais fraco.

- Você trouxe um sentido para tudo, Harry. Você afastou todos os medos e trouxe novos para a minha vida. O medo de te perder, medo de me ver sozinho naquela casa já tão grande. - Olhei em seus olhos, passando minhas mãos pela sua pele fria e levantado meu corpo do móvel.

Beijei sua testa, um dos únicos lugares livres da máscara, o frio não estava mais tão presente e isso me aconchegou. Entrelacei nossos dedos, me sentando novamente e o fazendo carícias com meu polegar.

- Eu sempre achei melhor ser sozinho, sabe? - Perguntei para seu corpo adormecido. - Sempre achei que assim eu realmente me virava melhor, a vida sempre foi assim para mim. Era somente eu e a casa, eu e o trabalho, eu, minhas séries e livros. Nem mesmo animais de estimação eu gostava de ter próximo a mim, somente pelo pensamento de que em algum momento da minha vida eles iriam morrer e eu estaria sozinho e perdido novamente.

Havia tanta água escorrendo pelas minhas bochechas que minhas tentativas de limpa-las era extremamente em vão. Passei minha mão por ali, a manga do suéter em meu corpo, os dedos. Porém no segundo seguinte outras gotas já haviam se instalado.

- E então você chegou e no começo eu apenas queria lhe ajudar. A pena se apoderou de meu corpo, mas eu senti o choque elétrico passando pelas minhas veias quando sua pele encontrou a minha. Me senti absolutamente fascinado quando vi seus belos olhos verdes brilhando em puro medo. Suas tatuagens puxaram minha atenção, seu corpo, sua personalidade forte. Tudo em você! Porra, Harry. - Tive vontade de socar a cama, mas apenas me permiti chorar ainda mais, abafando meus soluços em nossas mãos. - O meu pensamento foi mudado, meus conceitos foram mudados, você me fez questionar sobre a vida, a morte, o amor e todo o resto.

circus » larryOnde histórias criam vida. Descubra agora