Prólogo - Onde Tudo Começou

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MEADOS DE 1756...

O navio mercante no qual trabalho com transporte de grãos partirá em breve, e desajeitado como sou ja estou atrasado para o embarque no píer da cidade. Me levanto da cama num pulo para me arrumar, mas me pego pensando que mercantes nunca andam arrumados ou cheirosos, e que na verdade a grande parte é sempre suja e fedorenta. Acabo por rir de meus próprios pensamentos e jogo um pouco de água gelada no rosto. Coloco meu chapéu que herdei de meu pai, o pirata Jason O'Conor, temido anos a fio pelas embarcações. Ele havia me dado esse chapéu pouco antes de partir para uma viagem até uma ilha distante, porém nunca mais voltou.

Me perco em minhas lembranças e ouço sino do barco tocar, já era hora de partir. Abro a porta do quarto, saio do hotel fuleiro onde eu vivia e deixo algumas moedas de ouro sobe o balcão da recepção, e em passos acelerados chego a embarcação que logo iça velas.

Ja fazem três dias que estamos no mar, e acho um tanto estranho que esteja demorando tanto, viagens como esta, para ilhas próximas, costumam ser rápidas. Ouço então o primeiro intendente gritar "Terra a vista". Minha respiração fica um pouco mais aliviada ja que em alto mar seriamos alvos fáceis para piratas.

O capitão logo sai de dentro de sua cabine nos dando as ordens.

- Soltar Âncora, recolher velas! - ele diz alto para que todos pudéssemos ouvir. - Descarreguem o navio, homens! Partiremos em 12 horas!

E assim cumprimos suas ordens, descarregamos os grãos e logo eles são levadas pelos vendedores de Ikariam, uma ilha bonita com casas belíssimas. Aquela pequena cidade fabricava as melhores armas de batalha do primeiro mar.

Aproveitando o tempo livre que tínhamos, fui até um ferreiro para encomendar uma espada. Queria que ela fosse feita em aço resistente e leve para ser usada em apenas uma mão. Assim que fiz a encomenda e faltando apenas uma hora para retornarmos à havana, pude sentir uma mudança climática assustadora. As nuvens ficaram pretas, os ventos mais fortes soprando para o norte e os sinos dos barcos atracados na ilha, tocando sem hesitar.

- Será que Ikariam estava prestes a ser atacada? - disse a mim mesmo, enquanto observa o horizonte

Logo se podia ver uma embarcação enorme, navegando tão rápido quanto não se era possível. Ouço o estrondo dos canhões, e bem como havia pensando, um grande ataque, estava por vir. As velas eram familiares, um návio pirata. E não qualquer navio, sob o poder de qualquer pirata, era o barco do terrível Barba Branca.

Corro pelas ruas estreitas, ouvindo gritos e mais gritos de desespero, e o choro de crianças perdidas em meio àquela confusão que se formava. Olho para trás, com medo, e vejo as muralhas do forte de Ikariam já derrubadas e muitas casas em chamas. A praia estava dominada pelo rebuliço de homens e eu fico estático sem saber o que fazer, ou para onde ir. Porém, antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa, sou pego por um homem grande de nojento, que agarra meus braços me impedindo de fazer qualquer movimento.

O homem desconhecido tira uma arma de seu bolso, atirando para o alto. O estalo que a pólvora faz, ao sair do cano, faz muitas pessoas pararem de correr, e ele anuncia alto:

- Achei! Voltem para o navio!
- O que fará comigo? - digo tentando entender o que estava acontecendo.
- Você logo saberá - seu sorriso é malvado e sujo, os dentes podres me causa náusea.

São as ultimas coisas que escuto antes de levar uma coronhada e apagar completamente.

Acordo num grande navio de velas brancas e penso que estou a salvo por parecer um corsário da marinha inglesa, mas me vejo enganado quando percebo que estou amarrado ao mastro central do barco. Ouço uma voz grossa e rouca saindo da cabine escura logo à minha frente.

- Ora, ora, ora! Vejam quem está em nosso navio companheiros, o famoso Jack O'Conor! - diz ele num tom de deboche. - Que coincidência encontrar com o filho do meu mais forte inimigo, pirata Jason O'Conor! - o homem sai da escuridão daquele lado do navio,sua barba imensamente branca e o corpo grande me ajudam a reconhecê-lo.

- Barba Branca?! - digo espantado com a situação.
- Sim Jack sou eu, o mesmo que matou aquele que você tanto amava! - diz dando um sorriso e cuspindo na madeira podre do barco.
- Deve estar enganado, a marinha inglesa o afundou! - digo com raiva, não querendo me lembrar daquela triste história.
- Não percebe que mentiram para você? - ele ri alto. - Jack, eu afundei seu pai, e o vi ser levado para o fundo do mar junto com aquela banheira que ele chamava de barco!

Fico em choque ao saber daquilo. Agora sim tudo fazia sentido!

-Você vai pagar por isso homem asqueroso! - aproveito que ele está próximo de mim e cuspo em seu rosto ao terminar a frase. Seu olhar é de puro ódio.
- Vou acabar agora com toda essa genética inútil dos O'Conor! Você vai encontrar seu pai mais cedo, Jack. No inferno! - ele faz uma pausa, para me olhar bem. - Joguem-no ao mar! - grita aos tripulantes.

A ultima coisa que consigo pensar é "como me livrar daquelas cordas", enquanto afundo na água gelada que parece me cortar em mil pedaços. Meus olhos se fecham e chego a sentir meu coração parar e os ultimos segundos de vida, são cruéis e desesperadores.

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⏰ Última atualização: Sep 23, 2015 ⏰

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