Meu Eterno Anjo
(Parte I)
Novamente ela vem, para, continua parada, olhando com aquele mesmo olhar,
Olhar lúgubre, o olhar que me faz refletir.
Sua palidez que me envolve, laços dantes nunca tidos, seus cabelos sobre a face, escondendo as lagrimas que rolam, senti-me incomodado, dei alguns passos e a abracei, sua pele fria encharcada pela fina chuva que caia sobre nossos corpos.
As nuvens pairavam sobre nossas cabeças, os ventos gélidos tocavam em nossas roupas... Aqueles ósculos que durante muito tempo não os sentia, o tempo parecia que não corria, apreciei aquele monumento que diante de mim estava... sorri
Aquele vestido branco, seus lábios lívidos... Dúbio, pensei que era sonho,
Nem dei conta que a lua aparecia como uma foice dourada cortando o céu dissipando todas as nuvens.
Mas eu queria contar-lhe mais... Você quer saber?
Seu nome não me é digno de contar, aqueles olhos, que olhos!
De sua linda boca apenas ouvi uma frase: ”Voltei, pois você me faz esquecer das minhas insanas lembranças”, lembranças das quais não ousei perguntar-lhe.
Vi as trevas em seus olhos e pude sentir sua dor, dor que tão profunda era, senti dentro de mim... Chorei
Beijei aqueles lábios gélidos e lívidos, senti o calor daquele corpo frio e voluptuoso.
Adormeci, ela envolvida em meus braços, acordei e ela continuava lá, linda e lúcida.
A luz do sol refletia e lembrava-me da noite e do s cantos dos corvos que era uma verdadeira serenata na escuridão, então acordou, olhou-me e simplesmente sorriu e disse-me algo que jamais esquecerei: ”Meu anjo, saibas que estás em meu coração e te quero muito bem e você é o único que pode me entender”. Tais palavras me comoveram, jamais esquecerei esse dia, o dia que reencontrei Meu Eterno Anjo.
Na Luz da Aurora (Parte II)
Pelos vales das sombras estava a caminhar, em meu adito refletir sobre marcas de um tempo que ainda não findou cabeça curvada, olho para baixo expondo-me de forma tão singela. Esquecendo-me de tudo, mostrando meus defeitos, até que... Sinto um toque, ouço uma voz... Levanto meus olhos... Contemplei a beleza daquela que me faz sorrir (creio que neste dia o Criador estava mais inspirado que os demais) senti o seu perfume de rosas silvestres, do qual desde aquela noite que a reencontrei não esqueci da fragrância, olhou em meus olhos, tocou minha face, trouxe-me de volta a vontade de viver, suspirei, mas não foi o último.
Daquela b ela criatura recebi a adoração não merecida e foi ela quem descobriu a perfeição que nunca tive, meus momentos tornaram-se sublimes e meus sonhos esquecidos se revelaram de uma forma abrasadora, deixamos que a chuva inundasse nossas almas, não nos importamos com nada, apenas desfrutamos do momento, o nosso momento.
Sua voz que é mais suave que a mais bela das sinfonias que homem algum ousou tocar.
Passamos mais uma noite juntos, nos sentido, velando e revelando os nossos segredos, tiramos nossas... Máscaras e pudemos ver-nos como realmente somos... Frágeis, necessitados um do outro.
Mas na luz da aurora ela iria embora e mais uma vez chorei e ela também e disse-me: "Tenho que ir, tente olhar para frente, mas sentirei sua falta” e disse mais: ”Voltarei e juntos passearemos pelo jardim, te amo meu menino, meu anjo”. Calei-me e dei o ósculo da despedida, segurei sua mão e vi uma lágrima que rolava em seu rosto, ela se foi, gritei seu nome... Mas não houve resposta, triste silenciei-me, só me resta esperar a volta daquela que me faz sorrir... E ela virá tenho certeza!