Capítulo 24

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Já haviam se passado mais de quatro dias que estávamos perdidos ali naquela maldita Ilha. Eu daria tudo por uma banheira e uma cama neste exato momento.

Há dois dias atrás, fomos atrás de algumas folhas de bananeira e alguns pedaços de bambu que conseguimos quebrar depois de muito tempo. Montamos uma barraca para que nos protegesse da chuva e do sol muito quente.

- "Sinto saudades do frio de Londres nessas horas." - respiro fundo.

- "Como eu queria um bife com cebola e batatas fritas." - ele fechou os olhos parecendo imaginar o cheiro ou o gosto.

- "Preciso de um shampoo e um condicionar, perfume, roupas novas e um café." - fecho os olhos.

Às vezes eu fico imaginando que nunca conseguiremos sair daqui. Pois as nossas únicas chances foram em vão.

Ontem passaram dois barcos ao longe, e quando fomos atirar o sinalizador, os barcos haviam sumido e desde então, não temos mais nenhuma notícia de nada.

- "Eu não aguento mais esse lugar." - Luan estava fazendo carinho em meus cabelos e logo parou e me olhou como se estivesse analisando minha fisionomia - "Quero sair daqui." - exaspero.

- "Como vai sair daqui? Nadando?" - senta e me encara.

- "Se for possível." - seco as lágrimas que insistiam em cair - "Eu quero tirar a agonia que a Amanda pode estar sentido agora, quero sair daqui, voltar a civilização, voltar para o meu trabalho, dar risada quando for no mercado com o Louis e ver ele dando uma de louco quando vê um pombo na rua, quero sair com as minhas amigas e ter uma vida normal, quero amar e ser amada, não ficar perdida aqui e longe da civilização." - entro no oceano - "Se não for pedir muito, eu quero a minha casa de volta!" - grito enquanto choro.

- "Para!" - segura meus ombros e me encara - "Para!" - segura meu rosto - "Nós vamos sair daqui, você vai rir com o Louis no mercado, vai ver a Amanda, vai sair com suas amigas e..." - se interrompe, o olho feio e ele parecia pensar no que falar - "E vai amar e ser amada." - respira fundo.

- "Eu só quero sair daqui." - choro.

- "Vamos dar um jeito!" - me abraça.

- "Quando?" - grito e me solto de seus braços - "Quando estivermos à beira da morte e as bananas deste lugar acabarem?" - exaspero - "Nós nunca vamos conseguir sair daqui, não vivos!"

- "Por quê?" - grita - "Está perdendo as esperanças? Perdeu o senso de que vão nos achar e vamos sair daqui?" - neste momento estávamos aos berros.

- "Eu perdi as esperanças desde o momento que a porra daquele avião caiu Luan !" - grito - "Eu perdi as esperanças desde aquele momento, mas tentei preservar uma que eu não tinha por sua causa, mas foi em vão." - seco novamente as lágrimas que estavam caindo - "A nossa única chance é a morte, somos os únicos sobreviventes deste caralho de acidente, isso é se acharem a gente antes que possamos morrer." - me jogo no chão e coloco as mãos no rosto.

- "Você não acha que assim como você eu tenho uma pessoa lá fora que está agoniada pelo meu sumiço?" - ele vem se aproximando de mim.

- "Em nenhum momento eu disse que não tinha." - fungo - "Só disse que queria sair deste inferno de lugar." - abraço minhas pernas e ali me dou o direito de chorar.

- "A Bruna é a minha única família de sangue, desde que meus pais morreram eu venho sendo seu irmão, pai e mãe ao mesmo tempo. E se eu não me livrar dessa, com quem ela vai ficar?"

- "Se eu não me livrar dessa não vou fazer diferença para ninguém." - digo baixinho, acaba saindo mais como um sussurro, agradeço por ele não ter me ouvido.

Secret | L.S. - ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora