Parte 6

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 Bom, resolvo então partir para o hospital no meu lindo carro importado. Estaciono na minha vaga e então subo até minha sala. Quando entro, me deparo com uma surpresa: um enorme buque de rosas brancas. Olho ao redor e não vejo ninguém. Então resolvo ir até elas. Pego o cartão e o abro:

"Minha linda menina, aqui tem um ingresso duplo para um parque de diversões amanhã a noite. Aproveita."

Como estava sem nome, não pude saber quem mandou, mas eu desconfiava. Independente de quem for,vou voltar ao trabalho. O telefone toca.

-Alô?
-Doutora, emergência na sala 302, venha logo, por favor.

Subo para a sala, e encontro um garotinho, cheio de hematomas, e com cortes em várias partes do corpo. Engulo em seco,e vou até ele.

-Oi amigão, o que houve com você?
-Eu cai de bicicleta.

Um tombo de bicicleta não causaria um estrago tão grande. Fui até a mãe dele.

-Oi, eu sou a Doutora Luiza, o que aconteceu com seu filho?
-Ele estava andando de bicicleta, e veio um carro desgovernado e o atingiu, só não foi pior porque o motorista puxou o carro para o muro, e deu em cheio.
-Obrigada.

Volto para o quarto. E já chamo o anestesista para dar início aos procedimentos. Enquanto ele chega, vou até a recepção.

-Será que você pode olhar uma coisa para mim?
-Claro Doutora.
-Junto com o garoto, não veio outro paciente ferido?
-Sim, ele está na sala 405.
-Obrigada.

Resolvo ver o paciente, que ocasionou o acidente. Mas neste momento, me chamam para fazer os pontos no garoto. Depois de feito, deixo o garoto no soro, e aplico um calmante, e um anestésico.

Volto então, para ver o paciente da sala 405. Quando chego lá, a enfermeira diz que eu teria que cuidar dele, pois só tinha eu livre naquele momento. Entro na sala e meu coração parou.

-Gus..Gus...Gustavo?
-Luiza?
-Como assim? Como você está aqui? Você morreu.
-Não Lu, eu não morri, eu forcei aquilo, só pra ver como você faria sem mim.

Meus olhos se enchem e eu desabo em lágrimas.

-Porque você fez isso comigo? Você sabe o que eu passei todo esse tempo sem você? Não, você não sabe. Eu chorei muito, sentia sua falta todos os dias.
-Podemos conversar depois? Agora eu estou sangrando.

Chego perto dele, limpo as lágrimas e resolvo voltar ao profissionalismo. Vejo que ele tem um pequeno corte, nada grave, na perna, então limpo e faço um curativo. Ele pega minha mão, e meu corpo gela.

-Lu, eu sinto sua falta.
-Você me deixou Gustavo, porque você fugiu?
-Porque eu não queria me casar mais.
-Como é?
-Eu te amava, mas eu não queria me casar mais, o resto dos presentes da caixa que eu te mandei, tem pedidos de desculpa. Não era pra ser assim. Mas foi inevitável. Eu precisava ver você logo.
-Você quase matou o garoto! Você sabe a gravidade disso?
-Ai Lu, você continua responsável.
-E você, continua irresponsável, e egoísta.

Sai do quarto e senti meu mundo girar. Desço até minha sala, pego as flores, os ingressos, as fotos, e jogo tudo no lixo. Ele era uma pessoa, mas virou outra. Desço com o lixo e encontro uma mulher com um bebê no colo.

-Doutora, você pode me ajudar?
-Claro, o que precisa?
-Por acaso, entrou neste hospital, um homem que bateu o carro. O nome dele é Gustavo.
-Sim, mas a entrada para visita está restrita. Ele está na zona de risco do hospital.
-Ele está muito mal?
-Não, mas todos pacientes de acidente vão para lá. Se você quiser esperar, ele já vai ser liberado. Como é seu nome?
-Que indiscrição da minha parte, eu sou Chloe, esposa do Gustavo.

Eu larguei as coisas no chão. E fiquei muda. Isso não podia ser real.


Frio de MaioOnde histórias criam vida. Descubra agora