Capítulo 5 - Psicólogo

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Fiquei chocada. Eu havia tratado o garoto como um criminoso. Onde ficam os buracos para enfiar a cara nessas horas?
O pior é que Benjamim percebeu meu desconforto, mas acho que não entendeu que aquilo era REALMENTE sério. Mas ele não tinha mesmo como saber disso.

- Haha, você achou mesmo que eu ia sequestrar seu irmão né? A verdade é que minha mãe foi com Vivi a sua casa ontem pra desejar boas vindas, então os dois aí se conheceram e já ficaram amigos de primeira. - disse, apontando para Vivi e Joaquim e continuou. - Quando fui buscar minha irmã como sempre faço depois de voltar da faculdade, seu irmão estava de-so-la-do, porque ninguém tinha ido buscá-lo, Vivi me disse quem ele era, e como você não apareceu, achei que não teria problema trazê-lo pra casa.

Ele estava rindo, mas eu não achava graça nenhuma. Eu realmente me assustei, achei que fosse o... Suspirei, para tentar me recompor.

- Você é muito maluca mesmo Julieta. - ele disse parando o carro na frente de casa. - Pronto, estão entregues.

Ao perceber minha cara fechada, Benjamim passou a mão pelos cabelos ruivos, de forma preocupada.

- O que foi que eu fiz de errado?- perguntou.

Desci rápido do carro sem lhe responder, e praticamente puxei Joaquim pra fora do carro.

- Vamos. - falei, rispidamente.

- Calma Julie.

Andei para dentro de casa. Eu precisava ficar sozinha e organizar meus pensamentos, o primeiro dia de aula havia sido muito desgastante.

- De nada, tá? - ouvi Benjamim dizer.

Bati a porta de casa, liguei a tv, deixei Joaquim na sala assistindo seus desenhos, e subi as escadas para meu quarto. Entrei e tranquei a porta atrás de mim.

***

Chorei, ao perceber que mesmo depois de quase três anos, eu ainda não havia reconstruido minha vida, nem mesmo recobrado minha sanidade mental, e provavelmente jamais conseguiria me recuperar. O que dizem sobre o tempo curar feridas mesmo? Seja o que for, não funcionou comigo. E o pior é que eu sabia que poderia ter evitado tudo aquilo. Se arrependimento matasse eu já estaria morta... e ficaria muito agradecida por isso.


***

Deitei na cama e em menos de dez minutos cochilei, até que ouvi batidas insistentes na porta. Era Joaquim.

- Julie! Julie! Abre a porta! É hora do lanche. - ele gritou ainda com a porta fechada.

Bubble Guppies. Nem precisei olhar no relógio pra ver que não eram nem três da tarde, eu ainda conseguia ouvir o irritante refrão cantado por aqueles... Hã... Sereios?

Que hora é? Hora do lanche! Argh. Como meu irmão podia gostar disso? Na verdade, eu o entendia. Quando criança eu passava muito tempo assistindo Dora, a aventureira. Fato que era repetido em menor proporção pelo meu irmão.

- Vamos Julie!- ele chamou, animado.

Abri a porta e desci as escadas com Joaquim segurando em minhas mãos e fui para a cozinha ver o que eu poderia dar para meu pequeno monstro marinho de barriga oca comer.

Olhei os armários e a geladeira, acabei dando um suco de laranja em caixa e um biscoitinho recheado de morango, não era a melhor combinação, mas era o que dava pra conseguir, considerando a pressa do Joaquim.

Encontro (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora