Ele era o rei e também um profeta. Suas visões eram vívidas e quase impossíveis de distinguir da realidade. Todas as sensações e impressões eram reais, pois eram um vislumbre do futuro, tal qual poderia acontecer.
A visão tomou conta dele, mas ele não se dava conta disto. Toda a terra tremeu e ele sabia: era o fim de seu mundo! Sentiu calafrios intensos enquanto o suor encharcava seu corpo. Preciso salvar meus trinetos! Correu pelos corredores vestido com roupas de dormir e deparou-se com um guarda.
– Me dê sua espada! — sua voz soou áspera.
O guarda entregou sentindo desconforto, mas não podia negar uma ordem de seu rei. – O que houve, majestade?
– É a invasão! Avise a guarda! É a maldita invasão!
Correu até o quarto dos meninos e escancarou porta – Almon! Baru!? Miira!
Uma criada muito assustada e trêmula disse – Ma..majestade! Eles estão lá fora...
O rei quase rugiu – Não, pelos deuses não!
Ao atingir o pátio, viu que o céu estava obscurecido, mesmo pela manhã, e escutou pessoas gritando. Era possível ver no céu as duas luas do mau agouro. Um serviçal agonizou e caiu adiante, havia sangue... Atrás dele, a criatura dentuça exibia seu sorriso maligno. O rei partiu para o ataque deixando a guarda aberta. O demônio caiu na finta, atacando-o onde esperava. O contra golpe foi mortal. A cabeça da besta decepada caiu de lado no chão, mas ainda falou – Serão consumidos, todos consumidos!
Dois guardas lutavam adiante. Tentavam defender as crianças.
Os invasores, com sua força e resistência inumanas, quase ignoravam os ferimentos causados pelos guardas. Estes estavam nervosos e alarmados, pois nunca haviam enfrentado demônios antes.
– Almon, corra! Baru, proteja Miira! – o rei ordenou.
Baru, tinha treze anos. Foi corajoso e obedeceu. Colocou-se diante da prima e a protegeu, mas foi atingido pelas garras de um demônio. A menina chorava encolhida no chão, enquanto o outro, de apenas seis anos correu para escapar.
– Vovô! Socorro! – os olhos e a voz do pequeno Almon demonstravam puro desespero. Um demônio dotado de asas negras e patas de pássaro agarrou-o pelos ombros.
– Almon! – o rei gritou desesperado sem poder fazer nada exceto observar o menino inocente sendo erguido. Enquanto isso, a pequena Miira estava prestes a ser atacada.
– Lute com alguém do seu tamanho! – Cravou a espada com toda a força. A besta arqueou, mas encarou-o com seu olhar de brilho amarelo e furioso. Mais e mais deles chegavam e a pequena Miira foi a próxima a ser capturada. A espada estava presa no corpo do demônio e o rei desarmado. Pulou para pegar o espadim de um guarda caído. Dois demônios saltaram sobre ele e rasgaram sua carne. Os pequeninos foram levados pelas criaturas e ele fora subjugado. – Por que não me matam?
Foi atingido pela agonia e desespero. Era o fim. Era o fim do mundo!
***
Quando despertou com o corpo suado ele soube: Duas luas! Era o tempo que restava.
– Láris! Acorde, meu amor... Vamos Larissanle! – procurava tocar seus ombros gentilmente, mas talvez, devido a seu estado, foi um pouco mais rude do que deveria.
Mesmo vestida em simples trajes de dormir e com uma touca que protegia sua cabeleira, a beleza da rainha era estonteante. Ela abriu seus olhos grande, escuros e úmidos ainda sonolenta. Resmungando um pouco. – O que se passa, meu senhor?
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Öfinnel. Rei. Vidente. Guerreiro. Lenda.
FantasyÖfinnel foi o último rei de Vellistrë antes que fosse destruída pelas hordas de demônios invasores. Determinado, forte e imortal. Está vivo há incontáveis gerações e sua memória vai se perdendo aos poucos. Fortes ondas do destino impelem suas açõe...