Mirrors (One-Shot Scorose)

Capítulo Único

Ela entrou sem chamar muita atenção; sorrateira como uma sombra no escuro. Rose não gostava de entradas espetaculares ou de fazer as pessoas torcerem o pescoço apenas para observá-la, ainda mais em lugar onde ela não gostaria de estar.

O salão de festas do Ministério da Magia estava cuidadosamente decorado em verde, vermelho e dourado, clara referência à data que estavam comemorando. Era véspera de Natal, e ela estava presa em uma maldita obrigação do trabalho, ao invés de estar a caminho da Toca para comemorar aquela data com a sua família.

Porém, ela não estava sozinha e isso a consolava. Localizou Albus e Dominique, poucos segundos após entrar, sentados em uma mesa próxima ao palco em que alguma banda deveria se apresentar depois da meia noite.

A prima, loira e bem vestida como sempre, tinha o semblante tão emburrado quanto o dela própria, enquanto Albus tinha o rosto bem mais descontraído e balançava a cabeça no ritmo da música de fundo que soava por todo o ambiente.

- Finalmente você chegou. – Dominique disse assim que ela se aproximou, sem dar tempo de Rose sequer cumprimentá-los. – Achei que teria que aguentar toda essa palhaçada sozinha.

- Oi Nick. – Rose resmungou, lhe dando um beijo na bochecha. – Desculpe, fiquei presa na minha sala mais tempo do que esperava. Tive meia hora para ir pra casa, me arrumar e correr de volta pra esse inferno.

Albus, que não estava alheio à presença da outra prima, torceu o nariz diante da troca de comentários das duas mulheres.

- Vocês reclamam demais. Já pensaram em se divertir um pouco? – Ele questionou irônico.

- E o que você sugere amorzinho? – Dominique retrucou com um pouco mais de sarcasmo. – Que a gente se embebede com esse ponche horroroso e depois vá dançar essa música fora de moda?

Rose observou o primo abrir um riso de canto, do tipo que ele sempre distribuía quando tinha alguma ideia que ninguém, exceto ele, acharia brilhante.

- Sabe que é uma boa ideia? – Ele falou se levantando e, em seguida, oferecendo a mão para Dominique. – Vamos, levante daí. Vocês diplomatas são muito chatas. Precisam se divertir mais ou nunca ninguém vai gostar de vocês.

Rose e Dominique o encararam incrédulas.

- Você não pode estar falando sério. – Resmungou a loira, ainda mais emburrada. – Eu tive um dia horroroso. Quero ir embora, me empanturrar de comida na toca e ir dormir! Só isso.

- E as pessoas gostam de nós, okay? – Completou Rose, estreitando os olhos.

- Mas preferem os aurores, que são bem mais divertidos e desencanados. – Devolveu Albus. – E quanto a você, é melhor levantar logo antes que eu vá procurar uma namorada mais divertida que você. Talvez a agente Jones, o que acha? – Completou a segunda parte exclusivamente para Dominique, um sorriso sádico brincando em seus lábios.

Dominique, completamente contra a sua vontade, levantou-se depois daquilo. Lançou um último olhar de socorro a prima, que deu de ombros, afinal, não era louca de ir contra uma ideia de Albus. A última vez que fez isso, ela acabou com o cabelo azul por três dias.

E, assim, vendo Dominique ser praticamente arrastada para a pista de dança dourada do ministério, ela ficou sozinha mais uma vez no meio de toda aquela gente com quem ela não fazia questão de confraternizar. Antes de sair, Albus ainda lhe deu um conselho, que, mais tarde, a faria compreender tudo o que aconteceu naquela noite:

- E quanto a você, Rose. Não fique a noite inteira sentada com essa sua cara de diplomata bem sucedida. É Natal, e você ainda devia acreditar que coisas boas podem acontecer nessas datas.