Vinte e Cinco - Dia de São Nunca

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Daehyun balançava as pernas devagar, brincando com a frágil Jomin em seu colo. A menina, de pele clara e boca grande, exibia um sorriso satisfeito enquanto apertava as pequenas mãos em torno da camisa de algodão do rapaz.

O outro caçula da família, Bomin, espalhava os diversos brinquedos pelo tapete colorido, empurrando-os para o cantor quando queria atenção. O cabelo de ambos era escuro como a noite, curto e com uma franja extremamente infantil tapando os olhos inocentes. Cópias exatas do pai.

Youngjae, até então concentrado demais na televisão, mexeu-se para empurrar a bola colorida para perto da caixa de brinquedos e voltou ao estado vegetativo. Vendo Daehyun se divertir com as crianças, imediatamente lhe vinha a ideia de vê-lo cuidando do bebê de Dalhee. Eles poderiam adotá-lo! Quão felizes poderiam ser caso adotassem? Ou quão felizes poderiam ser com o casamento falso entre ele e a moça? O relacionamento verdadeiro deles conseguiria suportar beijos sem significados e sorrisos forçados quando viajassem até Ulleung? Poderiam fugir, os dois e a criança, para os Estados Unidos, onde se casariam com o consentimento do governo, dentro da lei e sem a aprovação da família Yoo. Não, aquela definitivamente uma ideia absurda e fantástica demais para dar certo.

— Bem que você me avisou. — Comentou o cantor, encantado com os "mini adultos". Tentara algumas vezes incluir o namorado nas brincadeiras, mas sempre era rechaçado com um abanar de mãos ou o silêncio.

— Sobre o quê? — Youngwon observava do filhos com o mesmo olhar apaixonado. Eram o maior presente da sua vida.

— Eu estou amando suas crianças! — Abraçou a criança em seu colo e a depositou no tapete, ao lado de sua perna.

— O tio Daehyun vai morar com a gente? — Indagou o menino, de repente. Observou os mais velhos rirem com a pergunta inocente e se aproximou, realmente interessado.

— Não, não vou. Você gostaria?

— Sim! Meus outros tios não me dão atenção. — Uma tosse falsa veio do economista, incomodado com a observação do pequeno.

— Eles são homens ocupados. Não se esqueça das vídeo-chamadas que vocês sempre fazem. — Youngwon tentou aliviar as palavras sinceras do filho, mas o olhar magoado do irmão já denunciava que nada mais poderia ser feito. — Youngjae, não o leve à sério demais.

— Crianças não mentem, certo? — Retrucou ainda mais mal-humorado, se afundando na poltrona velha.

No desconforto que se seguiu, optaram por fecharem as bocas e deixaram apenas a televisão falar. Poucos minutos depois, escutaram saltos no caminho de asfalto que levava até a porta da frente. Entreolharam-se, uma dúvida compartilhada. A campainha foi tocada e a Senhora Yoo apressou-se em atender, arrumando o vestido florido que usava após espiar pelo olho-mágico.

— Minha querida! — Abraçou uma mulher elegante e bem vestida com força, a trazendo para dentro. Os três rapazes se levantaram e fizeram uma rápida reverência. — Digam um "olá" adequado para Dalhee.

O nome logo se ligou a pessoa e Daehyun não conseguiu evitar um suspiro baixo. Era a nora que os pais de Youngjae sempre desejaram. Acenou de leve com a cabeça quando ela veio lhe cumprimentar, recusando qualquer contato físico. Ela e o seu namorado trocaram um abraço aperto, cheio de sussurros. Não demorou para que todos os presentes da casa surgissem, animados com a presença da mulher. O que ela tinha de mais? A altura? Mediana. Os cabelos? Curtos e tingidos. Os olhos? Desproporcionais ao rosto. O corpo? Um pouco inchado demais.

Tentando ignorar a coceira do ciúme incômodo, sentou-se no chão com as crianças, mas até elas estavam interessadas em Dalhee, agarrando-se às pernas finas dela. Compartilharam de uma conversa que não era atrativa para o cantor, que focou sua atenção na televisão.

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