Não há volta

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A luz da Lua o acusava pela noite.

Estava em estado de choque, as lágrimas queriam explodir de seus olhos, mas ainda imaginava que algo pior ainda poderia acontecer, então se continha enquanto o Sol não chegasse. Só lhe restava andar até o fim da rua, a polícia ficava relativamente perto.

A Vila da Luz era linda ao dia, como toda cidade campestre, o ar era puro, não havia edifícios que tapassem o Sol, e gostava de ver desenhos nas sombras causadas pelas árvores, e enxergar pequenas faces nelas à noite. Já havia morado em cidade grande, mas a família estava em Vila da Luz, seus tios e avós estavam em apenas alguns instantes de sua casa.

"O que vou dizer? Que um ladrão invadiu a casa? Como ele entrou? Será que deixei a porta aberta? E se a polícia descobrir? Foi tudo culpa minha!" Mergulhava em culpa pensando alto.

A polícia de Vila da Luz era reconhecidamente incompetente e em alguns casos era motivo de chacota entre as fofocas, mas os moradores eram poucos e isso ajudava nas estatísticas de crimes, além de não haverem criminosos brutais como o Escuro.

"O que será ele?" a rua prolongava-se, o encontro foi rápido, o Escuro tinha olhos peroladamente negros, uma figura simiesca, "um et" imaginava enquanto considerava uma desculpa que não o jogasse num manicômio.

"Mais alguns passos", a lua apagou-se de novo. Um bebê chora.

Ele estava de frente à casa novamente.

EscurosOnde histórias criam vida. Descubra agora