O vôo foi bem turbulento, uma das turbinas estava dando problema e quase tivemos que fazer um pouso forçado, mas fora isso, tudo ocorreu bem. Quando cheguei a Downtown L.A. eu quase desfaleci de tanta felicidade, afinal, Los Angeles é meu lugar favorito no mundo, só tem gente bonita e bronzeada nesse lugar, me sinto um extraterrestre aqui porque sou extremamente branco, mas estou feliz demais com essa mudança pra me preocupar com a cor da minha pele.
O apartamento novo era maravilhoso, eu tinha um quarto gigante, e um closet tão grande quanto o quarto, o apartamento era na cobertura, então a vista de lá era linda, resisti fortemente à vontade de me jogar de lá e fui arrumar minhas coisas.
Pra variar um pouco, eu dormi o resto do dia e acordei quando o Miles me ligou avisando que estaria em Los Angeles no dia seguinte.
— A las ca!
— Mi les!
— Amanhã cedíssimo quero ver você no aeroporto me esperando.
— VOCÊ VEM AMANHÃ?
— SIM!
— SOCORRO!
— POIS É!
— EU NÃO VOU NEM DORMIR!
— Tô morrendo de saudade meu amor!
— Eu também, Miles!
— Bom, até amanhã.
— Até amanhã baby.
— Fala que me ama viado.
— EU TE AMO PORRA!
— Hahaha, eu também te amo Alasca.Depois da ligação eu tomei umas quatro latas de Red Bull pra ficar acordado até o outro dia, enquanto esperava amanhecer, eu vi minhas séries, li um pouco, fiz yôga, toquei piano, e até que enfim o sol apareceu. Me arrumei correndo e peguei um taxi até o aeroporto LAX, esperei Miles no desembarque por uma hora e meia e assim que vi ele saí correndo para abraça-lo.
— Caralho, que saudade Alasca!
— Faz só três dias que você não me vê, stop it.
— Eu não consigo ficar um minuto sem sentir sua falta.
— Eu também te amo, agora vamos.
— Eu tava pensando, por que você não me mostra a cidade? Eu nunca estive aqui, e você deve conhecer tudo né.
— Pra isso serve aqueles carros que levam um monte de gente pra todo canto de Los Angeles.
— Certo, então let's go!
Saímos do aeroporto e fomos atrás de guias turísticos, encontramos vários, mas um nos chamou a atenção. Ele tinha uma kombi preta, toda gótica com simbolos satanistas e coisas do tipo, pensamos: "É ESSA!"
O homem dizia que nos levaria aos pontos turísticos mais horríveis de Los Angeles e só cobraria cinquenta dólares por pessoa então logo subimos na kombi.Passamos por casas mal assombradas, cemitérios abandonados, e até uma cidade fantasma próxima de Los Angeles e quando passamos pelo Hospital Psiquiatrico Zeta eu tive uma daquelas visões de novo. Era como se eu estivesse lá dentro, eu via uma sala cheia de cadeiras de roda vagando sozinhas por aí, pisquei e fui pra outra sala com uma cama e um homem bem velho, quase nu, só com uns trapos ensanguentados enrolados no corpo. Esse senhor gritava muito, parecia que ele queria me dizer alguma coisa, mas ele não dizia nada com clareza, só gritava e gritava, até que ele se deitou na cama sem colchão e começou a levitar, a cama ficou suspensa com o senhor em cima por volta de cinco segundos e caiu no chão jogando o senhor longe.
Pisquei novamente e fui pra mais uma sala com uma única cadeira e uma senhora andando em círculos ao fundo, na parede estava escrito com sangue "HeRe's thE anSwER".— Alasca, acabou, vamos.
— O que acabou?
— O tour, acabou, vamos baby.
— Okay, vamos.Eu estava sem reação, sinceramente, eu estava louco, mas eu sinto que preciso entrar naquele manicômio.
Eu e Miles fomos pra minha casa e ele dormiu por lá mesmo, eu senti muito a falta dele nos dias que eu não o vi, mas eu tenho um bloqueio que não me permite demonstrar minhas emoções com facilidade, então eu fico em silêncio, o silêncio é minha fuga.
No outro dia acordei e fui praticar um pouco de piano, Miles acordou e mandei ele se arrumar porque eu precisava da companhia dele pra ir em um lugar. Ele ficou pronto em dois minutos e não fez perguntas, ele percebeu a minha seriedade e só me perguntou quando já estavamos no táxi.
— Alasca, pra onde estamos indo?
— Pro Hospital Psiquiátrico Zeta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quem sou eu, Alasca?
Teen FictionDopado, rindo, fumando, bebendo, conversando em grupos no Whatsapp, estudando, trabalhando, esperando a morte chegar. Isso é 120% da vida de Alasca Young, um adolescente feliz, apaixonado, depressivo, as vezes meio bêbado que resolveu escrever um li...