Cristal
— Cristal anda logo! — ouço Larissa me gritar da sala.
— Já estou indo Lari. Alex já terminou? — grito de volta pra ela.
— Só estou pegando minha bolsa. — Alex diz de seu quarto.
Olho no relógio. São 9h45min. Estou muito ferrada! Meu expediente começou às 9h00min e eu ainda estou aqui. Essa já vai ser a terceira vez na semana que chego atrasada no trabalho. Estou vendo a hora que a Sra. Mendes vai perder a paciência e me demitir. Dou uma ultima olhada no quarto pra me certificar que não me esqueci de nada e saio. As meninas já estão na sala me esperando, eu sempre sou a ultima a ficar pronta. Trabalhamos na mesma rua, então sempre vamos juntas. A loja onde Lari trabalha fica em frente à lanchonete que eu trabalho, e a loja em que Alex trabalha fica dois prédios depois da de Lari.
— Caramba, Cris, desse jeito você vai fazer nós três perdermos o emprego. Como consegue se atrasar tanto? — Lari está nervosa, e eu não tiro a razão. Mas fazer o que?! Pontualidade realmente não é o meu forte.
— Ah Lari, deixa pra brigar com ela no caminho. Estamos muito atrasadas. — Alex sai nos puxando e fechando a porta do apartamento. Vamos de escada, já que o elevador fez o favor de quebrar na semana passada e o técnico até agora não veio consertar. Estou morrendo! São muitas escadas pra pouca perna, nós moramos no 7º andar, acho que isso é castigo, só pode! Enquanto o bondinho não chega meu celular começa a tocar, procuro por minha bolsa até encontrar o aparelho ambulante tocando Ed Sheeran.
— Alô? — Atendo sem olhar quem é.
— Cris? — oh, minha mãe. Caramba esqueci completamente de ligar pra ela essa semana, lá vem bronca.
— Oi mãe, desculpa não ter mais ligado, estou muito enrolada com a faculdade e o trabalho. — que ela entenda, que ela entenda, que ela entenda — peço mentalmente.
— Cris! Filha, não se esqueça mais da mãezinha aqui, eu estou com tanta saudade! Como você está? – ufa, hoje ela está de bom humor.
— Estou bem mãe, também estou com saudade. Prometo ir ver vocês assim que for possível. — suspiro e avisto o bondinho chegando — Mãe, eu estou meio atrasada para o trabalho agora, te ligo na hora do almoço e a gente conversa melhor está bem? Beijo mãe.
— Ok filha, beijos, não se esqueça de ligar! — desligo o telefone.
Descemos e eu saio correndo para a lanchonete, graças aos céus a parada do bonde é na mesma rua. Assim que piso os pés na lanchonete a Sra. Mendes me olha de cara feia.
— Está 1h30min atrasada Srta. Fox. — ela vem até mim.
— Desculpe Sra. Mendes, prometo que não irá se repetir. — prometo cruzando os dedos, até porque sei que não iria cumprir mesmo.
— É meu ultimo aviso Srta. Fox, na próxima está na rua! Vai fazer hora extra no sábado para recompensar os atrasos dessa semana! — fala e sai.
Começo a servir as mesas, e a hora passa voando. Ligo para minha mãe no meu horário de almoço, sinto tanta falta dela! Desde que saí do Texas pra vir morar aqui na Califórnia não via minha mãe, já fazia três anos. Conheci Alex no avião quando estava vindo pra SF, ela veio para cuidar de sua vó, mais a pobre morreu um ano depois que chegamos, e então propus à Alex que morássemos juntas. Depois de seis meses morando juntas as coisas estavam ficando apertadas pra nós duas, o dinheiro que ganhávamos no emprego só dava pra pagar as despesas da faculdade e da casa, e às vezes até faltava. Foi aí que resolvemos aceitar a vinda de Lari pra nossa casa, ela estava procurando um lugar pra dividir com alguém enquanto fazia faculdade e como Alex e eu estávamos precisando dividir com mais alguém, deixamos que Lari morasse conosco, e estamos nisso até hoje. Esse ano finalmente eu me formo, serei neurocirurgiã. Alex termina ano que vem, ela está fazendo direito, e Lari também termina a faculdade de arquitetura ano que vem.
Termino meu expediente e vou pra faculdade, a aula começa às 18h30min, por um milagre eu não estou atrasada.
Chego faltando 20 minutos pra começar a aula, me sento em qualquer cadeira da sala coloco meus fones e espero dar o sinal. As aulas até que passam rápido. Coloco meus fones novamente e vou em direção à saída esperar as meninas, estou andando tranquilamente quando algum maluco esbarra em mim e eu caio de bunda no chão. Ah, eu vou matar o infeliz!
— Desculpa, foi sem querer, você se machucou? — o garoto se aproxima de mim e me dá a mão pra levantar. Olho pra ele, ignoro sua mão e me levanto.
— Não olha por onde anda não? — falo brava.
— Ei, eu já pedi desculpa, não viu que foi sem querer, não? — ele se estressou também.
— Que seja. Vê se presta atenção, Mané. — pego minha bolsa e saio andando, mas ele me puxa.
— Olha aqui garota, nem minha mãe me chama de Mané. Você é muito abusada não acha? — ele me segura pelo braço de leve e me olha nos olhos.
— Olha aqui você, eu falo como eu quiser. Me erra garoto. — puxo meu braço e vou indo lá pra fora muito brava.
— Cris, o que foi? — Alex pergunta assim que me vê.
— Um perturbado esbarrou em mim e ainda me chamou de abusada. Vê se pode uma coisa dessas! Garoto mais idiota.
— Calma Cris. — Lari pediu rindo — Vai ter um infarto daqui a pouco. Vamos embora, no caminho você conta o que aconteceu.
Nós fomos e eu fui contando o que tinha acontecido.
— Sabe o nome dele pelo menos? — Lari perguntou.
— Eu não, e nem quero. Quero é distancia daquele idiota.
— Não sei não hein, Cris. — Alex me olha com aquele olhar de que está prevendo algo. A última vez em que Alex fez isso foi quando conheci meu último namorado, Pedro. Deus me livre ela estar com esses pensamentos, daquele garoto quero é distancia.
Chegamos em casa e vou direto pro quarto, a única coisa que quero agora é dormir.
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O Idiota do Corredor (Em Revisão)
Teen FictionMorando em São Francisco para estudar, Cristal Fox estava acostumada com sua vida monótona. Ela não esperava encontrar um amor, nem o que isso traria. Para Frank Lambrini tudo sempre foi do seu gosto: trabalho, faculdade, amigos e festas. Ele não...