Chego da consulta me sentindo extremamente leve, mais relaxada do que o normal, depois que comecei a fazer terapia a dois meses atrás as coisas haviam melhorado quase 100%. Os pesadelos estavam quase extintos e meu conviver com as pessoas estava se tornando mais fáceis, algumas vezes eu ainda me sinto ameaçada quando noto alguém me olhando demais, ou quando estou caminhando sozinha e sinto alguém atrás de mim, me observando. A vontade que sinto nesses momentos são os básicos de sobrevivência para quem passou pelo mesmo que eu. Sair correndo a procura de ajuda, gritar por socorro, ou pegar meu spray de pimenta dentro da bolsa. Mais eu respiro fundo conto até dez e espero a pessoa passar por mim enquanto eu me abaixo para pegar algo que acidentalmente deixei cair.
Doutora Fernanda me avisou que essas coisas eram normais para quem sofre da síndrome do pânico, e que eu por sorte eu não tive a síndrome de estocondo, já que eu conheço o agressor, quando ela me explicou o que seria esta síndrome eu me senti enojada no mesmo instante, jamais poderia sentir algo além de raiva e repulsa pelo Gustavo, ou até mesmo por Lucio, as pessoas tem uma escolha, e eles escolheram o errado, escolheram me machucar e eu nunca irei perdoa-los por isso, jamais irei entender o que se passa na cabeça de alguém para fazer tamanha crueldade.
Balanço a cabeça tentando desviar meus pensamentos desta linha de raciocínio, outra coisa que Dr. Fernanda me recomendou: "Faça o que você mais gosta quando seus pensamentos começarem a irem por caminhos obscuros". Então eu começo a me despir e preparo um banho quente e relaxante, faço um coque em meus cabelos que agora estão mais longos do que o habitual me fazendo lembrar que preciso corta-los antes que eles cheguem aos meus pés. Coloco alguns sais de banho com cheiro de lavando na banheira e ligo o motor da hidro.
Já completamente despida e dentro da banheira me deixo relaxar e me recordo da cerimônia do meu casamento. Tudo estava perfeito, começando pelo meu vestido, escolhido cuidadosamente por mim e pelos meus padrinhos maravilhosos, Juliana e Flavio o vestido foi simples, branco, longo que se abria levemente nas pernas, rendado nas mangas com um decote em v nas costas, a decoração da igreja com as flores brancas decorando os assentos, dos ramos que desciam do teto fazendo com que as pessoas tivessem a impressão de que estava chovendo flores e do momento em que dizemos sim. A família de Flavio estava toda lá. Inclusive seu pai havia me levado até o altar. A festa em si foi igualmente perfeita, em determinado momento Juliana me chamou avisando que o carro nos esperava para nos levamos até o aeroporto.
Passamos duas semanas em Natal para a lua de mel, e isso com certeza me fez a mulher mais feliz do mundo, um marido, uma casa, a lua de mel dos sonhos, um emprego e claro um amor de verdade, não precisava pedir mais nada naquele momento, somente agradecer por tudo o que recebi e por tudo que superei.
Depois de um banho relaxante termino de me vestir, calça jeans clara e uma regata preta, pego minha bolsa celular e como sempre meu fone de ouvido, coloco uma musica bem alto tove lo - habits minha musica favorita da semana e saio rumo a casa de Juliana que no momento esta namorando firme com Pedro, Eu sinceramente fiquei feliz pelos dois e mais feliz ainda com o fato de que a beleza de Pedro não me afeta mais.
Subo para o ônibus imaginado a repreensão de Thiago que sempre insiste para que eu andasse de táxi, Porem adoro andar de ônibus fora do horário de pico, avisto um lugar vazio no fundo do ônibus e se sento lá. Ainda ouvindo musica me deixo perder ainda mais nas lembranças, de como a minha vida se encaminhou e me trouxe onde estou.
***
—Lembrou que tem amiga Beatriz. — Juliana esta parada na porta de entrada do nosso antigo Ap, os braços cruzados sobre os seios, seus cabelos emaranhados e vestida somente com uma camisola fina vermelha.
— Já disse para não fazer essa cara para mim, voltei de lua de mel esse fim de semana e Thiago já foi trabalhar. — Disse entrando sem esperar para ser convidada.
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Diários secretos
RomanceOBRA REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - PLÁGIO É CRIME! Beatriz não sabe o que significa amar, ou ser amada. Não sabe o que é uma família, depois de uma grave acusação é expulsa de casa e não sabe para aonde ir. Aos...